• Quinze •

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SEBASTIAN

- Acho melhor nós voltarmos pra agência. Aquilo tá uma bagunça e precisam de nós lá - Rebecca diz se levantando, depois do casal ir embora, e pega na mão de Dimitri. - Acho que vocês já se lambuzaram o suficiente.

  - Eu concordo - digo voltando para a mesa dos meninos.  - Vamos galera? O mundo não se salva sozinho. 

Caleb e Arthur levantam na mesma hora em que Rebecca aparece. Saimos todos em silêncio até o carro com os meninos na frente e nós dois atrás.

- É estranho - Rebecca sussurra e olho pra ela. Apesar dela ser alta, eu ainda tenho uns bons 15 cm a mais.

- O que é estranho? - pergunto vendo sua cabeça baixa, o cenho franzido. Uma expressão de confusão em seu rosto.

- Me imaginar com filhos - fala como se não fosse grande coisa, mas eu noto aquela leve expressão rápida de tristeza nos seus olhos.

- Por que é tão estranho? Rebecca você é jovem, tem uma vida inteira pela frente. Pode encontrar um marido, criar uma família, ter filhos - digo e passo meu braço em seus ombros.

- Eu não posso ter filhos Sebastian - Rebecca diz rápido, como se sua língua queimasse a cada palavra. Aperto meu braço em seu ombro e respiro fundo.

- Como assim?

- Foi uma missão - ela se afasta de mim e engole em seco. - Acertaram uma faca em mim. Dois dos meus colegas ficaram desesperados, diferente de Audrey que preferiria que eu morresse mesmo - Rebecca revira os olhos e eu quase sorrio pela implicância. - Na hora parecia muito grave, mas no hospital disseram que a faca não atingiu nenhum órgão fundamental. Depois que ouvi isso só levantei e fui ver Stoline que era mais importante na hora - ela para um pouco e respira. - Foi só quando eu voltei pro meu quarto que Bryan estava lá. Ele me disse que apesar de a faca não ter acertado um órgão vital pra minha sobrevivência, acertou uma parte mais interna do meu organismo - ela leva a mão até sua barriga e eu nem sei mais como se respira. - a questão é que no final eu não posso ter filhos. Mas também não sinto mais cólica, então to de boa.

  Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa ela sai correndo na frente e encontra os meninos encostados no carro. O assunto acaba.

Voltamos em silêncio para a agência. Deixamos os meninos na área deles e estávamos indo cada um pro seu quarto quando uma Sophia ofegante apareceu na nossa frente.

- Onde vocês estavam? Estamos procurando por vocês em todo lugar! Por que não estão usando a pulseiras? - Pergunta de costas para nós e entendemos que é para segui-la.

- Achei que não estavam mais funcionando - Rebecca diz sarcástica e vejo Sophia olhar para trás com hostilidade.

Só eu notei o clima aqui?

- Qual o problema Souf? - pergunto tentando cortar o matança silenciosa e mental da minha frente.

- Qual você acha? Nação.
            
                  ••••

Andamos rápido para sala de reuniões, Aaron não parece nada bem no momento.

- O que temos? - pergunto.

- Sussurros - ele responde encarando a mesa.

- O que eles dizem? - questiona Rebecca.

- "A primeira chuva de estrelas vai cair, do chão sairá o fogo, e o mundo inteiro vai ruir"

- Isso tá mais pra profecia - digo cético.

- Porque é uma - Rebecca responde séria. - A primeira chuva de estrelas, vão lançar mísseis. Do chão sairá um fogo, uma bomba. E o mundo inteiro vai ruir, em algum lugar que muitos países sejam prejudicados

Antes de qualquer um pensar em uma resposta ouvimos o barulho de saltos altos batendo no chão.

Ritmado, equilibrado.

Então uma figura loira, alta e vestindo o uniforme da agência entra na sala. Ela tira seus óculos do rosto e mostra um sorriso de quem está de volta.

- Se eu fosse vocês... Eu apostaria no Brasil.

Olho para Rebecca que está me olhando com uma raiva clara no rosto e depois encara a mulher a nossa frente

- Audrey.

Consequências de um ErroOnde histórias criam vida. Descubra agora