• Dezoito •

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REBECCA
ZIIIIIIIIIIIIIIIMMM

O barulho perturba meus ouvidos, ou a falta dele. Não escuto nada, só esse maldito zumbido.

ZIIIIIIIIIIIIIIMMM

Minha cabeça gira, minha visão embaça. Está difícil respirar com a fumaça, poeira, tudo. Vejo as pessoas correndo, vejo a destruição ao meu redor, minha perna dói. Estava muito perto da bomba.

Olho pra frente, na grama, um corpo no chão.

Eu grito. Grito freneticamente. Ele não responde. Ele não se mexe.

Minha cabeça gira.
Eu grito.
Meu corpo dói.
Eu grito.
Meu pulmão arde.
Eu grito!
Meu coração quebra.

- SEBASTIAAAAAN!

72 horas antes

Acordo com cheiro de café. Céus, eu amo café. Abençoado seja quem tiver feito o café.

Alguém está sentado do meu lado, sinto antes mesmo de abrir os olhos. Sei que é ele.

Sebastian.

Inesperadamente sinto suas mãos em meus cabelos. Sim, é ele, com certeza o único louco que me tocaria sem meu consentimento. Deve achar que estou dormindo, o que não tem sentido, por que ele mostraria carinho por mim se nem estou vendo?

Mas é tão bom, o cheiro de café, a mão alisando minha cabeça. Mexo-me no lugar, automaticamente ele se afasta um pouco. Abro os olhos. Duas xícaras de café na minha frente, assim como Sebastian.

- Aaron pediu para eu te acordar, pousamos em meia hora - ele está diferente. Ele me olha diferente, como se eu fosse quebrar a qualquer segundo. Não gosto desse olhar. - Trouxe café.

Ele empurra a xícara na minha direção e eu pego com o maior prazer. O líquido quente desce pela minha garganta e esquenta meu corpo. Divino.

Sebastian ainda olha pra mim. Qual o problema agora?

- Descobriu alguma merda sobre a minha vida no passado? Eu estou bem Keller - falo o óbvio. Esses olhares significam tudo. - Maldito Aaron.

- Você teve um blecaute de um ano - fala mal acreditando nas próprias palavras e, por incrível e mais bizarro que pareça, com orgulho. Mas eu sei que não é por eu ter entrado e sim por ter saído mesmo depois de tanto tempo.

- Pois é - eu queria perguntar se ele sabe o motivo, mas talvez não saiba e eu acabe o deixando curioso. Audrey pode ter contato, afinal a vadia viveu tudo comigo. - Temos algum plano?

- Vamos pousar em Cuiabá, mas não vamos ficar na capital, do aeroporto vamos direto pra área agrícola, Audrey disse que daqui dois dias vai acontecer uma festa na mansão do maior produtor do estado e terceiro do país. Todos os outros responsáveis pela agricultura, pecuária e outras coisas foram convidados. Todos importantes pelo que parece.

- Vamos entrar?

- A primeira bomba provavelmente vai estar na festa, mas terão outras e precisamos achar. Sophia vai ficar no avião junto com Aaron e Stensen procurando alguma coisa pelo radar.

- Mas e se não tiver apenas na festa? Pode estar pelo país todo - não é possível que só eu tenha pensado nisso.

- Também acho, mas a prioridade é a festa e ao redor porque podem ser o primeiro lugar a explodir.

- E 60 segundos depois, outro. Merda! - frustração define o meu estado de espírito.

Eu definitivamente odeio essa porcaria de grupo idiota que se acham radicais a república e ao capitalismo.

Boçais.

- Entretanto, existe uma coisa que pode ajudar - ele me passa um Ipad e mostra uma lista de informações. - Esse homem tem trabalhado direto com o grupo Nação. De acordo com sua secretária ele vem ao país pelo menos três vezes por semana nos últimos dois meses. Ele também é investigado pela CSNI a um tempo como criminoso secundário por contrabando de armas, mas deixamos isso quieto porque é trabalho do FBI, só entramos se essas armas fizerem uma merda muito grande. Parece que foi ele quem trouxe as bombas pro país.

Passo meus olhos pelas informações e PUTA QUE PARIU! Cada coisa que leio só faz eu me sentir mais estúpida, incrédula, e raivosa.

Mas vou ter que confessar, tem um pouquinho de orgulho também, ele escondeu isso de mim por um bom tempo.

- Eu conheço o contrabandista. É um imbecil milionário que herdou boa parte dos negócios da família. Ele está no Brasil agora?

- Sim, está dando uma festa hoje na sua casa em um condomínio de luxo super vigiado - Sebastian diz vendo alguma coisa no seu comunicador de pulso.

- Em que cidade? - pergunto.

- Porto Alegre - ele continua mexendo no seu comunicador e estou ficando irritada. - Ao que parece ele tem no computador o localização de todas as bombas. Precisamos desse arquivo.

- Sim precisamos... Mas que merda você tanto faz ai? - pergunto inquieta.

- Só um instante... Eeee... Pronto! Estamos dentro!

- Dentro da onde Homem?

- Da festa! Consegui colocar nossos nomes.

Eu sorrio. Ele é demais!

Ignore que eu disse isso.

- Então eu preciso de um vestido incrível. Afinal - sorrio com o pensamento. - devo um pedido de desculpas ao Noah.

Consequências de um ErroOnde histórias criam vida. Descubra agora