NERVOS À FLOR DA PELE

157 16 2
                                    

Por volta de sete e quinze da manhã Mércia e Rafa se sentavam em uma lanchonete que ficava próximo à clínica onde Rafa havia retirado o sangue para os exames.

_Está tudo bem meu amor? -perguntou Rafa incomodada com o silêncio de Mércia.

Mércia voltou os olhos para Rafa e deu um sorriso amarelo e voltou a olhar pro trânsito novamente.

_Estou pensando no tal almoço.Não suporto a ideia de ter um cara me cortejando.

_Princesa olha pra mim! - Mércia olhou- É só um almoço. -falou de forma tranquila.

_Meu pai está querendo que eu arrume um namorado.-falou entre os dentes.

Pararam de conversar um pouco ,pois a garçonete chegou para anotar os pedidos delas.Elas fizeram os pedidos ,a garçonete se foi e Rafa continuou o diálogo

_Isso é normal meu amor,você vai fazer dezenove anos mês que vem ,ele só está pensando que é hora de você conhecer alguém.

_Mas eu não preciso conhecer ninguém.Eu já tenho você!

_Nós sabemos disso honey!Então você vai lá ,participa do almoço,despacha o pretendente e fica tudo resolvido.Você não será obrigada a namorar com ele.

 _É aí que está ,acho desnecessário ter que despachar um cara ,se eu poderia nem ir nesse almoço.

_Mas se você não for ,seu pai não vai gostar.

 _Estou pirando,essa história está me deixando maluca!

_Hei ,eu te amo!Também não é fácil pra mim,mas precisamos ser fortes.

_Tenho que me abrir com eles logo.

_Está chegando a hora,só ter um pouco mais de calma.

_Pensei que seria mais fácil.Por que é tão difícil contar para os pais que somos lésbicas?

_Infelizmente pra muitas é difícil meu amor.Eu tive sorte de encontrar o caminho aberto e ter apoio total da minha tia para ser eu mesma.

_Sua tia teve que enfrentar muito preconceito?

_Um pouco!Na verdade ela enfrenta até hoje,pois a família da tia Jussara não aceita o relacionamento das duas e minha tia ainda é acusada de ser destruidora de lares.

_Como assim destruidora de lares?

_Longa história meu amor.

_Tenho toda a manhã e estou precisando me distrair.

 A garçonete chegou com os pedidos e quando ela partiu Rafa começou a narrativa sobre o relacionamento de suas tias.

_Então tá bom,vamos falar da alheia.-Rafa começou a narrar toda a trajetória de Adriana e Jussara.

Meados da década de oitenta,Adriana Marcondes estava a postos em uma cadeira em um lugar aleatório ,no primeiro dia de aula na faculdade de medicina quando vê uma negra linda entrando na sala.Elegante,altiva,olha para todos os lados à procura de um lugar para se sentar,Adriana nota todos os rapazes babando a linda negra que continua sua busca por um lugar para se sentar,até que seu olhar cruza com os olhos azuis de uma loira...O tempo parou,perderam a lógica da gravidade.Encantamento que só foi interrompido por outro aluno que entrava na sala e pedia licença.

A linda mulher se encaminhou e sentou-se ao lado de Adriana,ambas sem fala,corações acelerados,mãos gélidas,novamente seus olhares se encontraram o a única coisa que fizeram foram trocar um sorriso,que Adriana achou angelical e a outra achou perfeito.

_Bom dia. -falou o professor.
_Bom dia responderam em uníssono.

O professor pediu à turma que se apresentassem.

Sob o Céu de GynOnde histórias criam vida. Descubra agora