Capítulo 1

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   A lua já brilhava bem lá no alto do céu e a maioria das pessoas que tinham que se levantar cedo para trabalharem nos seus empregos ridículos e sufocantes já há muito que dormiam. Mas é nesta altura da noite que a diversão realmente começa.

   Faltavam poucas horas para eu chegar à cidade de Nova Iorque. A minha vida é assim. Sempre em movimento. Tento não ficar muito tempo no mesmo sítio, apenas o suficiente para fazer alguns estragos. A estrada é longa e solitária, tal como eu gosto. Aproveito a calada da noite para fazer a viagem.

   Um pequeno bar à beira da estrada chamou-me à atenção, ainda tem as luzes acesas mas não se ouve um pio vindo de lá de dentro. Soube logo o que se estava a passar e não consegui conter um sorriso. Parei o meu carro do outro lado da estrada e atravessei até me encontrar à porta do estabelecimento. Antes de entrar fiz questão de não me esquecer de mudar para estado invisível. Não, não há um nome super fixe para isso. Simplesmente faço com que ninguém me consiga ver. E entro. Tal como eu esperava. Dois homens de armas apontadas para os três clientes que ali estavam e para a mulher atrás do balcão. Ambos estavam bêbados, irmãos, 46 e 44 anos. Sem emprego e a única família que têm é um ao outro. Os clientes simplesmente queriam beber e esquecer um pouco a vida que têm, apenas estão no lugar errado a hora errada.

-Por favor. Não façam isto! - pediu-lhes a mulher atrás do balcão rezando para que não a matem. Ela tem 35 anos e o marido soldado morreu há 4 anos deixando-a com um filho de 5 anos para criar sozinha. Filho agora que é um rapaz de 9 anos muito esperto e que esta escondido na cozinha por trás do balcão. O homem mais velho cujo nome não importa, nunca importa, é o que está de arma apontada a ela. O outro está de olho nos outros clientes.

-Cala a boca e enche esse saco com o dinheiro da caixa! -atirou-lhe um velho saco de tecido.- Já!!

   Por entre choros ela tirou o dinheiro que tinha na caixa e colocou-o no saco. Sabendo que se sair dali viva vai sair financeiramente em baixo. Depois com calma e sem movimentos bruscos pôs o saco em cima do balcão. Eu sabia exatamente o que vinha a seguir.

-Mas agora temos um problema não é maninho?

-Temos 4 grandes problemas. Isso sim!

-Não me agrada a ideia de deixar testemunhas para trás. - riu-se como um porco bêbado fazendo o irmão mais novo juntar-se a ele. E eu sabia que era a minha hora de brincar. Aproximei-me dele e sussurrei-lhe ao ouvido apenas para só ele me ouvir. E em menos de nada ele vira a direção da sua arma e dispara contra o irmão que nem sabe o que o atingiu. Ficaram todos com medo de ser os próximos. Mas esse não era o plano. Não o meu. Sem ele poder controlar apontou de seguida a sua própria cabeça.

-Não! - gritou a mulher atrás do balcão para o tentar impedir. Não percebo o porquê. O homem ia mata-la sem pensar 2 vezes. O grito dela foi tarde demais e ele puxou o próprio gatilho da sua morte. A culpa foi deles. Fizeram a cama em que se deitaram. No bar os olhares eram de choque e confusão mas sabem que mais? Não me interessa. Dei meia volta e voltei ao meu carro, materializando-me outra vez e deixando 2 corpos para trás. Voltei a estrada como se nada tivesse acontecido. Sim, é isto que eu faço aqui na terra. Foi para isto que me mandaram. Espalhar o caos e a maldade. É o meu objetivo.

Nova Iorque aqui vou eu.




















A filha do Diabo. ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora