Capítulo 15

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   Estava frio. Assim que entrei no gabinete de Max fiquei gelada. Max estava a contemplar a vista para os seus clientes através da parede de vidro.

-Sarah, que surpresa. -Disse sem olhar para mim. O seu tom de voz não parecia surpreendido. -Tantas visitas, começo a suspeitar das tuas intenções. -Aproximei-me dele. A música quase que não se ouvia no seu gabinete.

-Tenho as minhas razões. - Estávamos lado a lado a olhar para a multidão lá em baixo. 

-Ai tens? E quais são? 

-Tu. E as tuas mentiras. Como é que foste capaz de trair o meu pai?! - Virei-me para ele irritada, se o olhar matasse ele estaria morto neste momento.

-Vamos ter calma com as falsas acusações. -Virou-se para me encarar.

-Ele sempre te protegeu.

-Eu não trai ninguém. O teu pai não vai ficar feliz quando souber que estás a acusar o melhor demónio que ele tem a seu lado.

-Ele vai acreditar em mim. -Tenho quase a certeza que ele é culpado mas até agora ainda não deu sinais disso.

-Eu cá duvido disso. - Vai até à sua secretaria. -Tu não te tens portado muito bem pois não? A falar com pessoas que não deves e a fazer perguntas erradas. -Fez uma pausa para me avaliar. -Mas o pior de tudo é com quem o tens feito. -Tirou um envelope de dentro de uma gaveta da secretaria e entregou-mo. -Oliver Sullivan, filho de James Sullivan que era um grande inimigo nosso. -Abri o envelope e estava cheio de fotos minhas e do Oliver, desde que nos conhecemos. Quando ele me perseguiu até casa, quando estávamos fora da discoteca, na biblioteca, no acidente do miúdo, a fugir de mãos dadas da discoteca de Max e a ultima foto tinha acontecido à poucos minutos, foi quando Oliver me beijou.

-Como é que arranjas-te isto?!

-Pareces tão feliz nessas fotos, nem pareces à filha do teu pai.

-Estiveste-me a seguir este tempo tudo?

-O mais engraçado é que não. Nunca mandei ninguém te seguir a ti, mas sim ao Oliver. Desde que ele pisou solo Americano. Até que os vossos caminhos se cruzaram e eu nem precisei de me esforçar.

-Mandaste-o seguir porque matas-te o pai dele e querias ver se ele se vinha vingar?-Aproximei-me da mesa.- Estavas com medo?- Provoquei.

-Já que queres tanto uma confirmação, sim. Eu matei o James. E sabes que mais? Tu e o teu pai são os próximos! -Nem tive tempo para reagir antes de Max estalar os dedos e eu perder os sentidos. Oliver, foge.

   Preto. Era tudo o que conseguia ver enquanto caia no infinito, caia e caia sem fim. Não sei quanto tempo estive a cair mas já não aguentava muito mais. Secalhar nunca mais ia parar de cair. Não ia conseguir salvar nada nem ninguém porque nem me consigo salvar a mim própria. Olhei para baixo e vi um ponto branco no meio de todo o escuro. À medida que eu caia o ponto ia ficando mais próximo. Seria o chão? Ia finalmente parar de cair? Ia morrer? Não sei mas fechei os olhos e esperei o resultado. Tão rapidamente como comecei a cair, parei. Abri os olhos rapidamente e já não via preto. O teto era branco com chamas desenhadas e o chão onde estava deitada era duro e frio. Levantei-me. Estou no meu palácio. Estou no inferno. Esta é a sala do trono do meu pai. Ao longe conseguia ouvir gritos, abafados e constantes. Não é assim que o inferno costumava soar.

-Finalmente acordaste. Estavas a perder a diversão toda. -Olhei para a direção do trono. Lá sentado estava Max em vez do Diabo.

-O que é que fizeste?! -Gritei.

-Dei ao Inferno o rei que merece. -Apontou para si mesmo. -Eu.

-Onde está o meu pai?

-Ah que boa ideia, vamos ter uma reunião familiar. - Estalou os dedos outra vez e as portas abriram-se, o meu pai entrou sendo empurrado por dois guardas vestidos de preto e máscaras e mais três guardas atrás deles. Um deles veio para o pé de mim mas não me agarrou. Não lhes conseguia ver a cara com as máscaras que lhes tapavam a cabeça inteira menos os olhos mas de certeza que não eram os guardas que o meu pai tinha antes.

-Pai, estás bem?! -Tentei ir ter com ele mas o guarda agarrou-me o braço puxando-me para trás.

-Podia estar melhor. -Respondeu com calma. Como é que ele consegue manter a calma numa altura destas? -E tu Sarah?

-Podia estar melhor sem duvida. -Respondi de igual forma.

-Que bonito momento entre pai e filha aproveitem para se despedirem.

-Tu nunca serás o Rei deste reino, foi o meu sangue que o criou e só o meu sangue o pode governar e tu nunca me poderás tirar o sangue.

-Tens razão meu velho amigo, não te posso tirar o sangue ou matar. -Quis sorrir para o meu pai mas controlei-me. -Mas posso a ela. -Olhou para mim.

-O quê?! -Eu e o meu pai gritamos ao mesmo tempo.

-Ela tem o mesmo sangue que tu e é mais fraca posso mata-la facilmente.

-Não me vais matar! -Tentei fugir mas o guarda puxou-me e empurrou-me contra a parede. -Larga-me! -Dei-lhe um soco na cara.

-Parem! -Gritou Max. -Deverias tratar melhor do meu sangue sarah. Empurrei o guarda que ainda me empurrava contra a parede.

-Não é o teu sangue. -Cuspi-lhe as palavras.

-Ainda não. -Levantou-se e caminhou até à porta. Fez um sinal com a cabeça e os guardas levaram o meu pai para fora da sala. - Ah quase que me esquecia, tenho uma surpresa para ti.-Olhou para mim. - Já ouviste dizer que amigos são os nossos piores inimigos? Não deverias confiar em ninguém, criança inocente. -Não estava a perceber o que ele estava a dizer até que o guarda que me agarrou tirou a máscara.



















A filha do Diabo. ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora