-Porque é que estamos aqui? -Perguntei ao percorrer um dos muitos corredores da biblioteca municipal atrás de Oliver.
-Porque passamos os ultimos 2 dias a ler e reler todos os livros que tinhas no teu apartamento e não encontramos nada de novo. Precisamos de mais livros.- Pegou em alguns livros.
-Podiamos ter encomendado pela net.
-Pois podiamos mas o ar fresco faz-te bem. -Nesse exato momento ouvimos gritos seguidos de um estrondo e 2 figuras masculinas tresspassam a estante caindo aos nossos pés. Havia livros e madeira por baixo deles mas isso não os impediu de continuarem à porrada. Um deles foi empurrado quase caindo em cima de nós se Oliver não tivesse recuado a tempo, fazendo-me fazer o mesmo. Em bicos de pés olhei para os 2 rapazes por cima do ombro dele.
-Tinhas razão! O ar fresco faz mesmo bem! -Eu tinha um grande sorriso na cara sabendo que aquilo era minha culpa. Oliver olhou para mim com um ar irritado, sabendo que aquilo era minha culpa. - Eu não fiz nada! -Levantei os braços em sinal de defesa mas Oliver não é burro. Largou os livros e agarrou na minha mão arrastando-me para fora da biblioteca.
-Não consegues controlar o efeito que tens nas pessoas?! -Perguntou zangado quando ainda me arrastava pelas escadas já fora da biblioteca.
-Não depende de mim. Depende das pessoas, alguns resistem melhor outro nem por isso. Depende do auto-controlo de cada um. -Expliquei.
-Tu és capaz de muita coisa mas és incapaz de ter o teu próprio auto-controlo? -Eu não lhe conseguia ver a cara mas conseguia ouvir o sarcasmo na sua voz. Farta de ser arrastada puxei a minha mão da dele fazendo-o parar de andar e virar-se para mim.
-Sim sou! Não sei se te lembras amigo mas eu não sou lá muito humana por isso acho normal o facto de eu não conseguir fazer muitas das coisas que vocês fazem. -Desta vez usei eu o sarcasmo.
-Com um pouco de treino aposto que também consegues aprender a controlar. -E eu é que sou a teimosa??
-Estou demasiado ocupada a tentar salvar o planeta para ter aulas de auto-controlo mas vou apontar isso na minha agenda. -Rolei os olhos e passei. -Apetece-me pizza.
-Eu nasci com paciência de santo só pode. -Oliver diz ao mesmo tempo que tenta acompanhar o meu passo.
-Os Santos não reclamam nem metade do quanto tu reclamas. -Ele não disse mais nada até chegar-mos à pizzaria.
-Secalhar é melhor esperares aqui fora enquanto eu vou buscar 2 pizzas para levar-mos. -Nem esperou pela minha reação e rapidamente entrou no estabelecimento. Alguns segundos depois consegui ver pela montra uma rapariga a aborda-lo e ele pareceu feliz por a ver. Imediatamente soube a sua informação básica: Amber Rose, conheceu Oliver na universidade. A minha atenção mudou para uma bola de futebol que me parou aos pés. Alguns metros à frente 3 pequenos seres humanos olhavam para mim. Estão à espera do que?
-Podes passar-nos a bola? -Um deles perguntou. Jack, 9 anos de idade.
-Não a podes vir buscar? -Perguntei de volta.
-Não a podes chutar? -O miúdo perguntou imediatamente.
-Não tens pernas?!-Perguntei-lhe já irritada.
-E tu também não tens?!- Gritou. É ilegal bater numa criança não é? Antes de eu poder responder-lhe de volta ele caminho com as suas pernas pequena os 4 metros que nos separavam. Em menos de nada tinha uma criatura que me chegava à cintura a olhar para mim, obrigando-me a olhar para baixo. Jack fez sinal com o dedo para eu me baixar. Depois de rolar os olhos, assim o fiz.
-Precisas de ajuda para chutar a bola?-Falou baixinho para que apenas eu o oiça.
-Oquê?!
-Não faz mal se não souberes chutar uma bola. Eu também não sabia.
-A tua mãe não te disse também para não falares com estranhos?
-Eu não lhe conto se tu também não contares. -Mas com quem é que este miúdo anda a aprender a responder assim?!- Agora pára de conversar e tenta dar um chuto na bola. -Afastou-se e deixou esticar as costas novamente voltando a ter o meu 1,65 de altura.
-Dá um pontapé na bola e os meus amigos vão apanha-la. Tipo assim. -Deu um pontapé na bola e os outros miúdos rapidamente a apanharam e devolveram. -Agora tu.
É claro que sei dar um pontapé numa bola, não nasci ontem. Lá fiz o que ele pediu mas o pontapé foi com tanta força que os outros 2 miúdos não conseguiram apanhar a bola e ela acabou de ir parar ao meio da estrada. Poucos eram os carros que passavam nesta altura.
-Tens muita força para uma rapariga. Afinal és tu que me tens que ensinar a chutar uma bola. Eu vou busca-la. -Saiu de ao pé de mim e foi a correr buscar a bola.
Derrepente o frio atingiu-me. Um ar gelado. Olhei para as poucas pessoas que estavam na rua, continuavam o seu caminho a sentir o calor da primavera. Só eu sentia o frio. Olhei para o outro lado da estrada e já sabia o que ia ver. Era um devorador da morte. Vestido de preto e sem um único centímetro de corpo à mostra. Os meus cabelos voaram ao toque do vento, que novamente só eu sentia. Por momentos o mundo ficou em silencio. Quando voltei a ouvir algo só ouvi sirenes e pneus a derraparem no alcatrão. O meu olhar seguiu o som e encontrou a fonte dos mesmos. Foi tudo muito rápido. Um camião a alta velocidade seguido de um carro da policia com as serenes ligadas. Jack ainda estava no meio da estrada. Tentou pegar na bola mas esta não se mexeu nem um centímetro. Era como se estivesse colada ao chão, e estava. Ele não tinha qualquer hipótese. Quando reparei nas minhas ações já estava a correr para o meio da estrada como se fosse à velocidade da luz. Apenas tive tempo para agarrar no miúdo e protege-lo com o meu corpo. Numa fração de segundo antes do impacto só destingui dois sons. Os gritos de Jack e o meu nome a ser gritado pela voz de Oliver.
Não há palavras para descrever a dor que senti. Pelo menos por palavras que os humanos percebam. Mas podemos dizer que era uma dor mesmo mas mesmo muito dolorosa. Tentem levar com um camião a 200 km/h nas vossas costas. O camião acabou por ressaltar, passou por cima de mim e capotou durante vários metros até parar definitivamente. A parte da frente toda destruída.
-Um líquido preto esta a sair do teu nariz. -Olhei para a criatura que estava nos meus braços ainda na mesma posição. Não tinha nem um único arranhão.
-Ficas a dever-me uma puto. - E lá veio aquela sensação que eu odeio, quando fico sem um pingo de energia no corpo e fico inconsciente contra a minha vontade. Hora de ir com os cornos ao chão. Mas não foi o chão que senti. Puta que pariu.
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A filha do Diabo. ✔
FantasyDeus mandou o seu filho para a terra para salvar a humanidade. Agora é a vez do Diabo mandar a sua filha fazer o oposto...