O próximo voo para Nova Iorque foi na manhã do dia seguinte e quando cheguei ao meu apartamento ainda estava a tentar perceber o porquê de Max me ter mentido. Não fazia sentido. Ele certamente sabia da verdade, mas preferiu mentir. O que é que ganha como isso? Ele quer o mesmo que eu. Ou pelo menos deveria querer. Ainda estava a tirar a roupa que levei para Londres de dentro da mochila quando bateram à porta. Quando a abri imediatamente fui abraçada por Oliver o que me deixou surpreendida. Humanos e os seus sentimentos.
-O que se passa?-Perguntei
-"O que se passa?"?! A sério?!-Largou-me e começou a gritar comigo. Tal como eu disse, humanos e os seus sentimentos...-Onde estiveste? Pensei que -Parou um segundo- Pensei que te tinha acontecido alguma coisa!
-Tive que ir à Londres. Precisava de respostas. -Respondi ao entrar mais para dentro do apartamento deixando-o à entrada.
-Foste a Londres?! -Seguiu os meus passos.
-Sim, não acreditei no que Max me disse. -Virei-me para encarar o rapaz confuso e irritado atrás de mim.
-Podias ter me contado! Eu podia ter ido contigo! -Gritou novamente.
-Não percebo o porquê de estares tão chateado. Foram só 2 dias.
-Exato, tu não percebes! Estamos os dois nisto juntos e tu não me contas nada. É como se tivesses medo que eu descubra algo!
-Eu não tenho medo que tu descubras nada!
-Tens sim! E eu não percebo porquê! Não és a única, existem imensos demónios e no entanto tu é que estas a tentar descobrir e parar a Ordem do Fogo. Porquê tu?-Parou para acalmar a sua respiração.- O que tens de especial?
-Sou a única com coragem de enfrentar as consequências! Estou em desvantagem desde o início, sozinha num reino que não é o meu. O que impede a Ordem do Fogo de me matar a qualquer segundo?!
-Por isso mesmo! Com o poder que a Ordem do Fogo tem agora, o que os impede de te matarem? Porque é que ainda estás viva?!
-Secalhar precisam de mim!
-Para quê?! Se és apenas uma demónio normal porque razão iriam eles precisar de ti?!
-Não sei! -Não sabia o que queriam de mim mesmo não sendo uma simples demónio. Ficamos ambos calados durante um tempo.
-Simplesmente não me assustes assim mais vez nenhuma. Alguns de nós têm sentimentos.
-Desculpa. -Pareceu-me a resposta mais humana e acertada para usar no momento. Ele pareceu surpreendido por me ouvir dizer tal coisa. Eu também...
-Então queres me contar o que descobriste em Londres ou tenho que ir lá para descobrir? -Perguntou alguns segundos depois com o seu tom de humor habitual.
...
-O teu amigo demónio mentiu-te? Porque é que ele iria fazer isso? Para alem de ser um demónio e obviamente não ter nenhum problema em o fazer.- Comentou ao tirar uma fatia de pizza da caixa em cima da mesa à frente do sofá onde estávamos sentados.
-Não sei. Ele podia não saber a verdade também.
-Mas tu não acreditas nisso pois não? -Olhou para mim com aqueles olhos que já sabem a resposta.
-Não. -Disse voltando a enterrar-me nos meus sentimentos.
-E qual é o plano?
-Não tenho plano.
-Não temos plano. Plural. -Acentuou o "temos". -Então temos que fazer um.
-Um plano para quê?
-Para descobrir a verdade é claro.
-Não é preciso um plano. -Olhou para mim curioso. -Basta perguntar.
-Tu queres ir perguntar a um demónio poderoso que te mentiu o porquê de te ter mentido?
-Sim.
-Posso saber o que se passa com esse teu raciocínio hoje? Isso não faz sentido!
-Eu conheço-o desde que nasci, ele é um bom amigo do meu pai. Só quero saber porque mentiu. Secalhar obrigaram-no.
-O teu pai, um demónio, tem um grande amigo, outro demónio, que te mentiu para proteger a Ordem do Fogo? -Acenei positivamente. -Então como sabes que o teu pai também não está no lado da Ordem do Fogo? Nesta altura não podes confiar em ninguém.
-O meu pai não está do lado da Ordem do Fogo, isso te garanto. Se o Max está de alguma forma a proteger a Ordem do Fogo o meu pai não sabe disso. Se soubesse o Max já não estaria vivo.
.....
-Não podíamos vir amanhã de manhã? -Perguntou Oliver enquanto eu estacionava o carro perto da discoteca do Max.
-Amanhã pode ser tarde de mais. -Saímos ambos do carro.- Não devias de ter vindo.
-Vim para ter a certeza que não te acontece nada de mal.
-Obrigada, já me sinto mais segura. -Ironizei. Entrámos dentro da discoteca, cheia como o habitual. Fizemos o nosso percurso entre os diversos corpos até chegarmos a um canto mais escuro e escondido mas perto das escadas para o gabinete de Max. -Vou falar com ele e tu ficas por aqui.
-Se tivesses um telemóvel era mais fácil comunicarmos neste tipo de situação.
-Por acaso até comprei um em Londres mas não gostei e joguei-o fora.
-Tu és qualquer coisa, sem dúvida. -Riu-se.
-Se eu não voltar em 10 minutos tu vais te embora.
-E depois?
-E depois esqueces está confusão toda e contínuas a viver a tua vida normal. -Olhou para mim sem uma única pinga de felicidade no rosto.
-Espera, estás a dizer que caso não desças aquelas escadas em 10 minutos eu devo simplesmente esquecer tudo o que descobrimos nas ultimas semanas? Incluindo, tu? -A calma começa a desaparecer em si à medida que repara no que lhe estou a pedir.
-Sim. -Respondi calmamente.
-Porquê é que só me estás a contar isto agora?!
-Porque se soubesses irias me ter impedido de vir. Oliver só há 2 opções neste momento: Ou eu volto a descer aquelas escadas e teremos mais informações ou eu não volto a descer e isso já responde à única pergunta que tenho neste momento.
-E se não desceres? Sarah, que é que te acontece a seguir? -Ele quer respostas, dá para ver na cara dele. Infelizmente não posso responder a todas.
-Não sei. -Respondi sinceramente. Ficamos uns segundos a olhar um para o outro à espera que algum falasse. Mas nenhum falou. E mesmo antes que eu o pudesse fazer fui impedida. Oliver beijou-me. Não sei porquê mas não o empurrei. Já estive com muitos rapazes e até algumas raparigas nestes últimos 2 anos mas foram todos apenas casos de uma noite. Por isso mesmo é que não percebo a intenção de Oliver. -Porquê? -Perguntei mal consegui.
-Tinha que o fazer. -Sorriu para mim e eu soube que era hora de subir as escadas. Comecei a afastar-me e a caminhar em direção a elas. - Vejo-te daqui a 10 minutos? -Perguntou fazendo-me olhar para trás e sorrir. Não lhe respondi. Pisei o primeiro degrau. Eu não sabia a resposta.
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A filha do Diabo. ✔
FantasiaDeus mandou o seu filho para a terra para salvar a humanidade. Agora é a vez do Diabo mandar a sua filha fazer o oposto...