Capítulo 10

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    Mais uns dias se passaram e não consegui informação nova. Oliver tem tentado procurar na Internet ou em todos os livros que encontra mas nada de novo aparece. Levo o cartão comigo para todo o lado, embora seja inútil. 

-Como é que eu me esqueci de levar a câmara quando sai de casa de propósito para ir tirar fotos? -Oliver perguntou a ele mesmo ao abrir a porta do seu apartamento 10 minutos depois de termos saído do mesmo em direção ao Central Park. 

-Tu certamente fazes coisas extraordinárias. -Comentei ao entrar a seguir a ele e fechar a porta. Fui atrás dele até ao seu quarto, aquele onde acordei depois de o conhecer. 

-Onde é que eu a guardei? -Perguntou remexendo em todas as gavetas. 

-Secalhar na sala ou na cozinha. -Ele procurou mais uns segundos no quarto até sair para procurar noutras divisões. 

 Caminhei até à cama para me sentar mas dei um pontapé em algo antes de o fazer. Baixei-me para ver o que tinha atingindo e deparei-me com uma mala debaixo da sua cama. Puxei-a para fora. Era uma mala antiga e que tinha aspecto de não ser usada à anos. A curiosidade tomou conta de mim. Secalhar era onde a máquina fotográfica de Oliver estava. Sem pensar mais, abri-a. A primeira coisa que me chamou à atenção foi uma fotografia, nela podia ver um homem nos seus 35 anos com um rapaz ao seu lado, talvez com uns 8 anos. Seria Oliver e o seu pai? Por baixo da fotografia havia mais umas quantas fotografias, não das mesmas pessoas mas sim de paisagens, de marcas demoníacas e de muitas outras coisas que não consegui identificar. Peguei num caderno que estava tapado pelas fotografias ou papéis soltos. Era um caderno castanho velho, parecido com a mala, que estava visivelmente gasto e cheio de folhas adicionais as suas originais. Abri o caderno que estava enrolado com um pedaço de corda. No início de todas as folhas havia uma data, tal como um diário. As primeiras datas eram de 1987 e a últimas marcavam o ano de 2004. 

-Encontrei! O que é que estás a fazer?! -Ouvi Oliver entrar no quarto. 

-Estava à procura da câmara e encontrei isto. São as coisas do teu pai? 

-São! E não gosto que lhes mexam! -Levantei-me assim que ele se aproximou e agarrou no caderno que estava nas minhas mãos. Como só agarrou no caderno com a mão que não estava a agarrar na máquina o caderno acabou por cair, não sei como mas caiu. Nem num caderno sabe segurar decentemente. Baixei-me para o apanhar até reparar em que pagina ficou aberto. Estava desenhado na folha o mesmo desenho que está no cartão. O mundo em chamas rodeado por um círculo também em chamas. Tirei o cartão que tinha no bolso para comparar melhor os desenhos. 

-São iguais! -Oliver veio a meu lado para poder ver melhor o mesmo que eu. 

-Como é que isso é possível? Em 1997?! Eu só ouvi o meu pai falar disso para aí em 2003.-Ele estava tão confuso quanto eu.

-Isto significa que a Ordem de Fogo já tem pelo menos 20.

-E o meu pai sabia da sua existência desde o início.

-Eu não quero saber se me deixas ou não mas eu tenho que ler este diário do início ao fim. -Afirmei. Não ia aceitar um "não" como resposta.

-Agora até eu estou curioso. Não sabia o que ele escrevia aí. 

   Já passava da meia noite e Oliver já estava a dormir num dos seus sofás enquanto eu estava deitada no outro ainda a ler o livro. Passei o resto do dia a ler o livro, Oliver não quis ler mas acompanhou as minhas descobertas e anotou-as num caderno. Eram 18 anos do trabalho e pesquisa de um caçador, não se lia em poucas horas. Algumas notas eram um pouco mais pessoais, falando de como Oliver já estava crescido o suficiente para ir com ele para o trabalho ou do quanto Oliver o relembrava da sua mulher, Mary, quando olhava para ele preocupado. Ainda estava no ano de 1996 quando achei melhor dormir um pouco. Guardei o livro por baixo da almofada onde sei que estará seguro. 

...........

-Vejam quem já acordou. -Disse Oliver quando me viu entrar na cozinha. -Descobriste mais alguma coisa? -Perguntou ao pôr um prato cheio de torradas na mesa. 

-Não. Tenho que o acabar de ler hoje. Devias de o ler também, algumas coisas são sobre ti. 

-Não quero. Acompanhar o meu pai nas suas viagens loucas atrás de criaturas sobrenaturais já me ensinou o suficiente. Mas não acredito que ele nunca me tenha falado da Ordem do Fogo. Eu quase que morria todos os dias ao lado dele e ele nunca achou importante contar-me que demónios estavam a juntar-se para derrubar o Diabo do poder?! 

-Ele deve ter tido os seus motivos. Seja como for daqui a umas horas já o devo ter acabado de ler e já saberei tudo o que ele sabia. 

-Eu vou apanhar um pouco de ar fresco. -Pegou na sua câmara fotográfica profissional que estava por cima do frigorífico. Ele não sabe guardar as coisas em sítios normais?? 

-Não comes? -Perguntei quando ele já estava a abrir a porta. 

-Não tenho fome. -E saiu deixando-me sozinha. 

-Mais fica. -Peguei no prato de torradas e fui para a sala acabar a minha sessão intensa de leitura.

Horas depois finalmente acabei de ler e estive uns bons minutos a olhar para a parede enquanto ponha os meus pensamentos em ordem. Sem dúvida que descobri informação útil.

-Acabaste? -Oliver já estava ao pé de mim, nem o ouvi entrar. -Pelo olhar na tua cara acho que sim... 

-Sabes como o teu pai morreu? -Perguntei sem rodeios. 

-Acho que deve ter sido morto por um dos seres que tentava matar. Um dia teria que acontecer, ele não era imortal. 

-Pelo que é indicado na última entrada do diário ele no dia seguinte ia atrás do líder da Ordem de Fogo, por isso suponho que foi morto por eles. 

-Wow não é melhor explicares desde o início? É que lançares uma bomba sem explosivos confunde a pessoa que é atingida. -Levantei-me para ficar à sua altura mas os meus pés não conseguiram ficar quietos durante a minha explicação.

-O teu pai descobriu a Ordem de Fogo em 1997 quando apanhou um demónio que falou de mais. Nessa altura a Ordem ainda tinha poucas semanas e o teu pai como pessoa curiosa que era começou a escavar mais no assunto. A Ordem ouviu falar que ele andava à procura deles e eles foram ao seu encontro numa das suas viagens em março de 1998. Tentaram convencê-lo a entrar para a Ordem mas ele não tinha interesse em tirar o Diabo do poder pois sabia as consequências que se seguiriam. Basicamente tentaram mata-lo e ele passou o resto dos anos a tentar mata-los a eles primeiro. 

-Então o meu pai sabia quem era o Líder? Ele devia de ter alguma pista se passou 7 anos atrás deles. 

-Sim... O teu pai sabia quem estava por trás disto tudo. 









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