Capítulo 6

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   Mais uma semana passou e não encontrei mais nenhuma informação. Tenho andado à procura e a ter encontros normalmente não muito agradáveis com vários grupos de demónios e criaturas sobrenaturais que possam ter algo contra o rei do inferno. Nova Iorque é a cidade humana com mais seres sobrenaturais, como é muito grande e tem muita população humana é fácil para eles fingirem ter uma vida humana. Procurar, encontrar e conseguir falar com alguns dos grupos mais poderosos tem sido uma tarefa extremamente difícil. Até agora ainda só consegui falar com um grupo de vampiros, um de lobisomens e um de feiticeiros e sinto-me num filme patético de adolescentes humanos. É claro que os grupos de criaturas mais poderosas são muito mais difíceis de descobrir mas são esses que têm mais informações e mais poder. Consegui descobrir uma pista sobre um grupo de Banshees, espíritos da morte, mas não vou tentar falar com elas com intenções de descobrir se fazem parte da Ordem do Fogo porque sei que não são. As Banshees são das criaturas mais respeitadas no nosso mundo, apenas preciso de saber o que sabem. 

   A morada que consegui era de uma funerária perto do centro da cidade. Típico de um disfarce de Banshee. Entrei e imediatamente a secretaria olhou para mim. 

-Desculpe mas estamos fechados para almoço. -As caixas de comida take away em cima do balcão demonstravam a verdade. 

-Eu sei mas vou precisar de usar os vossos serviços à mesma. -Respondi tirando os óculos de sol da cara. 

-Estava a estranhar ainda não teres cá aparecido. A percentagem de mortos aumentou em 20% nestas últimas semanas por isso só podias ser tu. -Megan Anderson apareceu vinda do seu escritório. A líder deste grupo de Banshees.

-A minha presença é boa para o vosso negócio, não têm de agradecer. 

-A tua presença aqui neste momento não é muito boa para o meu negócio por isso se não te importares vai diretamente ao assunto. -Ela era uma típica mulher negra de 40 anos que é capaz de bater em alguém se não dizerem "Por favor".

-Procuro informações sobre a Ordem do Fogo. 

-O teu pai enviou-te? 

-Eu vim de livre vontade. 

-A tentar proteger o pai tal como uma típica filha? Não sabia que havia esse tipo de relações familiares na família Crowley. 

-Só podemos verdadeiramente contar com a família não é? 

-Entendo. Mas creio que não te posso ajudar. Nós não temos qualquer interesse em tirar o teu pai do poder. Não tomamos partidos em guerras inúteis. 

-Então é do teu interesse ajudar a impedir uma guerra inútil. Se isso acontecer será o caos total e tanto o Paraíso como o Inferno poderão ser destruídos. 

-Tens razão, eu tenho interesse em impedir isso. Todos temos. Mas não temos exatamente o poder para o fazer. Se alguém se atreve a fazer frente ao Diabo é porque são muito fortes, tão fortes que só o próprio diabo os pode derrotar. E se calhar, nem ele o consegue fazer. 

-Então já percebes o porquê de eu estar aqui. Não tenho conseguido mais informações do que o que provavelmente também já sabes e o tempo não pára.

-Não tenho muito para te dizer. A Ordem do Fogo realmente tentou contactar-nos mas nós recusamos. Agora se acreditas em mim ou não é problema teu. 

-Viste algum membro? Algum detalhe que os possa identificar? -Comecei a ficar mais interessada.

-Não tivemos contacto físico. Apenas nos deixaram um cartão. -Tirou um cartão do bolso, estava em branco apenas tinha um símbolo, um circo em chamas com uma pequena bola vermelha no meio também em chamas. 

-Mas não tem nada escrito. 

-É claro que não. Achas que ia ser assim tão fácil? Esses cartões só mostram o seu conteúdo a quem os queira usar. Como nós não tínhamos qualquer interesse nunca nos mostrou nenhuma informação. 

-Eu vou ficar com isto. -Levantei o cartão. -Obrigada pela vossa ajuda.- E sai da casa funerária pensando nisto tudo. 

   Passei a tarde toda no apartamento a tentar encontrar feitiços que pudessem revelar a informação que o cartão continha mas nenhum funcionou. Eu precisava de alguém que tivesse algo contra o Diabo mas nenhum deles me ia ajudar como é óbvio. Quem é que teria algo contra o Diabo mas que não pertencesse à Ordem do Fogo e que me queira ajudar? ... Bingo. 10 minutos depois já estava na discoteca, mas não me estava ali para me divertir, tinha trabalho a fazer. Estava numa das partes VIP que eram as mais altas e conseguia ver a multidão toda a dançar lá em baixo. Demorou um pouco mas depois de os meus olhos percorrerem todas as pessoas finalmente encontrei quem procurava. Oliver. Estava na zona do bar, calmo e demasiado quieto. Este rapaz nem sabe como se divertir. Precisa da minha ajuda. Sorri ao pensar no que lhe estava prestes a fazer. Concentrei-me e mandei-lhe um pouco dos meus poderes. Não queria que ele se tornasse mau ao ponto de bater em alguém, só queria que ele tivesse um pouco mais de chama dentro de si. Tive a confirmação que resultou quando ele saiu do bar e foi em direção à multidão a dançar. Os meus olhos não o largaram até ele chegar ao alvo certo. Uma rapariga loira, alta e de certeza com muitas plásticas naquele rabo e mamas. O típico corpo humano que os homens não resistem. Não percebo o porquê mas também já me cansei de tentar perceber os humanos. A rapariga quando o viu agarrou-se logo a ele, também ajudei um pouco nessa parte, e numa questão de segundos já estavam aos beijos como se não houvesse amanhã. Mas talvez eu me tenha esquecido de um fator muito importante. O namorado da rapariga que mal viu a diversão que aqueles dois estavam a ter passou-se e quem levou todos os seus socos foi Oliver. Upss. Oliver conseguiu-se defender bem, mas eu não esperava o contrario afinal ele foi treinado para matar. Quando Oliver acabou o rapaz já estava deitado no chão, os seus olhos percorreram a discoteca inteira até encontrarem os meus. No seu olhar só consegui ver raiva, exatamente o que eu precisava que ele sentisse. Saiu da discoteca empurrando todos os que se metiam no seu caminho. Fui atrás dele. Quando cheguei à rua não havia sinal dele, só de pessoas bêbedas a sair da discoteca ou de sóbrias a entrar. Eu sabia onde vivia, só tinha que ir até lá. Mas não precisei de andar tanto. Depois de percorrer algumas ruas fui empurrada contra uma parede de um beco. Oliver tinha uma das suas mãos a pressionar o meu ombro e a outra segurava uma navalha contra o meu pescoço. O seu rosto apresentava duas zonas mais vermelhas resultado dos poucos socos que levou à minutos atrás. 

-Porque é que usas-te os teus poderes em mim?! 

-Calma rapaz calma. Não eras tu que me querias ajudar?

-Não foste tu que demonstrou claramente que não querias a minha ajuda? -Apertou mais a lâmina contra o meu pescoço mas sem cortar a pele. 

-Sabes como são as mulheres. Estamos sempre a mudar de ideias. - Brinquei com ele.

-Não tu. O que é que queres de mim?! -Voltou a gritar. Este rapaz tem um ligeiro problema a lidar com a raiva. 

-Este não é o local nem o momento para eu te contar o que quer que seja. -Aproximei o meu rosto do seu ouvido o mais que consegui sem me cortar na lâmina e sussurrei - Demasiados ouvidos. 

   Aproveitei que ele estava concentrado a ouvir-me e coloquei uma das minhas mãos na parte de trás da sua cabeça. E não, não estava interessada em sentir o seu cabelo que por acaso é mais suave do que pensei. Que champô é que usa? Bastou eu pensar que eu queria que ele ficasse inconsciente e o poder saio diretamente dos meu dedos para o seu corpo. E já está. Agora tenho um humano de 70 kilos desmaiado no chão para levar para o meu apartamento. Devia de ter pensado melhor nisto... 

















A filha do Diabo. ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora