Capítulo 13

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   Não consegui dormir muito. A minha mente passou o resto da noite às voltas. Tudo o que se passou na discoteca não fazia sentido para mim. Nem a conversa com Max. Levantei-me cedo já que estar deitada ou não era a mesma coisa e vesti uns calções e um sutiã desportivo. Coloquei as luvas e ataquei o saco de boxe como se cada soco fosse uma pergunta. Perdi a noção do tempo. Não ter respostas para as mil perguntas que tenho é frustrante e neste momento a frustração equivale a raiva. O tempo esta a passar e eu estou a ser inútil, não estou a conseguir ajudar o meu pai. Senti um toque no ombro e virei-me pronta a dar um soco em quem quer que seja mas foi defendido e o meu braço acabou agarrado atrás das minhas costas. 

-Sou eu, calma! -Oliver gritou enquanto ainda agarrava o meu braço direito atrás das minhas costas para ter a certeza que eu não o tentava atacar de novo. Conseguia sentir a sua respiração de tão perto que ele estava de mim.

-Não me apanhes desprevenida!

-Eu chamei-te 3 vezes mas tu não me ouviste! Estavas demasiado ocupada a matar o saco.

-Para a próxima chama 4! Agora larga o meu braço!

-Eu largo se te acalmares!

-Eu estou calma! -Gritei de novo e ele aproximou-se ainda mais. Conseguia sentir o peito dele contra o meu e os meus olhos encaravam os lábios dele tive que olhar para cima para encontrar os olhos dele presos nos meus. Alguns segundos depois a minha respiração voltou ao normal.

-Agora já estas calma. -Falou suavemente sem tirar os seus olhos dos meus enquanto largou o meu braço e eu cai nos meus sentidos novamente.

-Eu disse que estava calma. -Empurrei-o e sai de ao pé dele rapidamente.

-Não, não estavas. Mas posso saber o motivo por estares tão fora de ti logo de manhã?

-Não. -Respondi simplesmente ao beber água da garrafa que estava em cima do balcão da cozinha.

-Okay. E posso saber como foi a conversa de ontem? 

-Nenhuma informação útil. Mais alguma pergunta?

-Sim. Porque raio é que eu estou a usar uma blusa e uns calções que não são meus? -Olhou para a roupa que tinha vestida.

-Preferias ter dormido com as roupas cheias de vomito ó pessoa que não aguenta o álcool?

-Eu não bebi assim tanto. -Defendeu-se. 

-Tu lá sabes o que bebeste. -Depois de alguns segundos num silêncio constrangedor ele decidiu falar. 

-Vomitei-te em cima?-Perguntou com uma leve preocupação na cara.

-Achas que estarias vivo se o tivesses feito? Ah não, provavelmente estarias, não queria ter que te aturar no inferno também.

-Aposto que eras capaz de me matar só para me teres no inferno contigo. 

-Apostas mal. 

-Talvez eu até fosse para o céu.

-Piadas a estas horas não por favor. -Ri-me ao de leve. Ele pegou na garrafa que ainda estava segura nos meus dedos. O sorriso de ambos rapidamente desapareceu. Os dedos dele estavam em redor dos meus impedindo que os meus largassem a garrafa. Mais uma vez os nossos olhos encontraram-se como se lá estivessem todas as nossas respostas. Não sei quantos segundos depois mas eventualmente ele arranjou forma de tirar a garrafa da minha mão e bebeu dela rapidamente.

-Eu tenho que ir tomar um duche. -Disse rapidamente afastando-me da bancada da cozinha mas olhando para ele novamente quando a voz dele se fez ouvir.  

-É melhor eu ir ao meu apartamento. Tenho uns assuntos a tratar, um deles inclui devolver a embalagem de sal ao vizinho de baixo. -Agarrou na sua mochila que deixou no chão ao lado do sofá desde ontem. -Tu devias de descansar um pouco, pareces cansada. -Olhei para ele. O seu cabelo castanho estava despenteado e a tapar mais da sua testa do que normalmente estaria mas de alguma forma parecia de propósito e os seus olhos verdes pareciam cansados embora ele tenha acabado de acordar. Sorriu ao de leve e sem dizer mais nada saiu. 

   Depois de pensar um pouco eu sabia qual era o próximo passo a tomar, a minha única opção no momento, para tudo.

   Já era de noite quando o avião aterrou em Londres. Nada melhor para tirar dúvidas do que ver as respostas nós próprios. Depois de alugar um carro no aeroporto fui direta a um pequeno motel não muito longe do centro da cidade, uma longa estadia está fora dos meus planos. O dia seguinte foi dedicado à busca de informação sobre o 8Flame mas lembrando-me da conversa de Oliver e tentando poupar algum tempo decidi comprar um telemóvel e depois de algumas horas a tentar perceber como funcionava consegui procurar informação na Internet com ele. Consegui a morada de onde antes era o 8Flame e agora é um supermercado por isso nenhuma ajuda vinda daí. Londres não tem tantos seres sobrenaturais como Nova York mas ainda tem alguns. Como encontra-los? Isso depende dos quais procuro. Banshees são as que mais posso confiar neste momento por isso procurei as funerárias mais antigas da cidade. Aquela que foi fundada em 1897 pareceu-me a mais provável a pertencer a um grupo de banshees e quando lá entrei tive a confirmação. Assim que entrei já tinha 2 delas prontas a receber-me, uma delas claramente a líder do grupo. Era uma mulher de 60 e poucos anos, só de corpo suponho. Bom disfarce.

-Isso é que é eficácia. -Comentei. 

-Tem uma presença muito forte. Eu sou a Laurent Camille. 

-Sarah Crowley, mas isso já sabia. 

-O que a traz a Londres? Pensei que nunca saia da América. 

-Pois não mas há uma primeira vez para tudo. Aliás é impossível resistir a beleza da europa e deste lado do mundo. Na minha opinião é mais interessante. Mas sabe como é o meu trabalho, não tenho muito tempo de férias. 

-E que belo trabalho. -Ironizou a rapariga mais nova que estava ao seu lado, adolescente talvez. Levou uma cotovelada de Laurent para se calar. 

-E é, se estiveres interessada ajudo-te a entrar. Íamos adorar ter essa personalidade no inferno. -Pisquei-lhe o olho antes de ela ser mandada por Laurent para outra sala, longe de nós. 

-Em que te posso ajudar? -Perguntou ficando sem paciência mas ainda com a simpatia que deveria ter falando com a filha do diabo. 

-Preciso de informações sobre um bar que havia em Londres há alguns anos. 8Flame, conhecia? 

-Claro, era muito famoso na altura. 

-Sabe porque é que fechou?

-Não sei, um dia estava aberto e no outro já não.

-Alguma vez viu quem era o dono?

-Nunca o vi, apenas ouvi rumores sobre ele.

-Era humano? 

-Pergunta interessante, mas pelo que sei definitivamente não era humano. 

-Sabe o que era? Vampiro? Lobisomem? - Vampiros e Lobisomens eram os que mais gostavam de ter negócios nocturnos. 

-Nada disso. -Fez uma pausa antes de continuar sabendo o que iria dizer. -Era um demónio. -Isso apanhou-me de surpresa. O Max tinha-me mentido. 





























































A filha do Diabo. ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora