Capítulo 30

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Sara

Respira..Inspira..Respira.

Eu só precisava respirar, precisava me acalmar ou eu acabaria surtando.

Eu não preciso dele..
Eu não preciso dele..
Eu não preciso dele..

Era disso que eu precisava me convencer, eu não precisava dele. Minha mãe não precisou do meu pai, eu também não vou precisar dele, eu consigo, eu posso cuidar do meu bebê sem ele ... Um bebê, meu Deus, ate agora a ficha não caiu, eu iria ter um filho, um filho! Mas não adiantaria eu surtar, chorar, eu vou é ser forte, ser firme, encorporar a Aurora e ser dura na queda . Encostei na arvore enquanto esperava o João que em poucos minutos chegou.

- Oi.

- Oi.

Ele não disse nada mais e fomos assim o resto do caminho ate o seu apartamento..  João morava no terceiro andar de um prédio com sete andares, para quem achou que ele morava na cobertura, se enganou ..  Caminhamos para dentro do seu apartamento e eu me sentei no sofá.

- Quer beber alguma coisa? Água, suco?

- Vamos direto ao assunto né João Cássio? Melhor?

- Tudo bem! Você está gravida então ?

- Estou!

- Quantos meses mais ou menos?

- Um, talvez.

Ele ficou calado, enquanto encarava meu rosto. Eu precisava me manter firme, precisava ser forte para qualquer que seja sua decisão..E foi quando ele passou as mãos em cima da mesa, jogando tudo que estava ali no chão.

- Porra Sara. Respirei fundo. - O QUE VOCÊ TEM NA CABEÇA? COMO PODE DEIXAR ISSO ACONTECER?

- Eu não fiz nada sozinha.

- MAS VOCÊ DISSE QUE TOMAVA REMÉDIO.

- E eu não menti João Cássio! Para de ficar gritando.

- O QUE VOCE QUER QUI EU FAÇA HEIN? TENHO VINTE E SEIS ANOS E JA VOU SER PAI.

- TEM GENTE LA NA FAVELA QUE COM SUA IDADE JA É ATE AVÔ!. Rolei os olhos e respirei fundo. - Eu sei que não estava nos nossos planos um filho, ta legal? Mas aconteceu e não podemos fazer mais nada enquanto a isso e antes que você fale merda, eu não vou tirar esse filho.

- Quem garante que esse filho é meu? Você nem sabe de quanto tempo está.

RI negando com a cabeça.. Mas é claro que ele falaria algo assim, é a típica frase desses riquinhos. Limpei a lagrima que escorreu e me levantei.

- Você deve achar que eu sou uma vagabunda que sai dando pra Deus e o mundo sem proteção ne? Você acha que eu sou o que João Cássio? O negocio é o seguinte, não estou te obrigando a criar meu filho, não quer? não precisa! Eu posso muito bem criar ele sozinha e quando ele perguntar sobre o pai eu falo que ele morreu? fácil e prático! Eu achei que você era diferente, achei que você fosse homem, mas não, você é a porra de um moleque, mas tudo bem.. - Sorri.- A volta é triste!

AuroraOnde histórias criam vida. Descubra agora