Como tudo começou...

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Pode parecer mentira que uma pessoa com pouca idade possa possuir experiências sexuais e maturidade a ponto de saber exatamente que precisa buscar algo saindo da caixinha criada pela sociedade e comigo foi assim.

Sempre me achei mais madura do que muitas meninas de minha idade, talvez pelo fato de ter traçados objetivos cedo e alcançado os mesmos, entrei na faculdade com 17 anos, ainda virgem e estava começando a sentir desejos sexuais fortes.

Quando adentrei no BDSM eu estava longe de ser a menina delicada e inexperiente... Conheci uma pessoa que despertou o desejo de experimentar o que era o sexo e o prazer que ele proporcionava e assim eu comecei a minha vida sexual no meu aniversário de 18 anos. Foi algo bom, mas logo após rompemos totalmente o contato indo cada um para nortes diferentes.

Eu como havia gostado do prazer, busquei outras formas e com o tempo fui cansando dos comportamentos das pessoas que comigo ficavam, odiava ter de ensinar a um homem onde eu gostava de ser tocada, odiava precisar dizer que aquilo estava horrível, odiava estar no comando e foi assim me identifiquei com a submissão. Comecei a estudar sobre o BDSM e conversar virtualmente com pessoas que praticavam em julho de 2012, cada vez mais a vontade de sentir prazer aumentava e quanto mais eu me aproximava do BDSM com meus estudos mais desejo eu sentia de ser submetida.

Fiquei aproximadamente 4 meses estudando sobre o assunto, conversando com pessoas, tentei me submeter virtualmente, mas eu precisava de toque, de realidade, não queria fingimentos, queria o prazer, não queria o amor.

Não era a ideia de proteção oferecida por Dominadores que me faziam querer fazer parte desse universo, mas sim a ideia de ter o prazer que eu tanto buscava e essa busca atrapalhava um pouco minha vida.

Ao começar a praticar BDSM compreendi que esse universo não era um meio de fuga dos problemas, não era um jogo para preencher a carência que sentimos, não era algo por ser jugado como errado pela sociedade apoiava comportamentos violentos e abusivos.

Em alguns momentos me senti dominada pela carência, e nesses momentos apenas enfiava a cabeça no travesseiro, pensava, as vezes até chorava e era essa a forma de desabafo que eu possuia... Não buscava alguém no BDSM pra curar isso, até porque não é esse o objetivo de quem busca o BDSM de forma séria.

O Bondage, o spanking, o wax play, a chuva prateada, o temperature play, foram algumas praticas que cada vez mais foram me conquistando, me fazendo desafiar meus limites...

Descobri-me também uma masoquista leve, sim leve, pois no BDSM podemos observar nas pessoas masoquistas que não existe uma tabela que defina se alguém é masoquista ou não por sentir uma intensidade maior de dor. O prazer na dor e na humilhação faz de alguém masoquista não importando a intensidade da dor ou da humilhação sentida. Levando em conta as praticas que causam um nível maior de dor e que eu não poderia suportar me caracterizo como masoquista leve.

Apesar de compreender a dinâmica do masoquismo, vi muitas pessoas que simplesmente rotulavam alguém como não masoquista e inclusive fui rotulada quando dizia que não gostava de dor em excesso. Já fui chamada de fetichista (como se todo BDSM não fosse fetichista) por estar em busca do meu prazer. Ja fui chamada de falsa submissa por não querer obedecer os punheteiros que vinham em meu inbox.

Quanto mais eu estudava e praticava garantia uma melhor capacidade em analisar as pessoas, identificar mentiras, ser mais critica, entender que o BDSM não era apenas SM, assim como ele também não é apenas D/s, fora todo o conhecimento envolvendo esse universo.

Foram poucas as vezes que pensei em sair do BDSM parando de praticar, mas percebi que não conseguiria ficar sem o prazer.

Não tive um mentor e acho que foi simplesmente porque eu não quis ter, pode ter sido o egoísmo, ou simplesmente a falta de confiança nas pessoas, mas foi melhor assim.

Passavam-se varias coisas na minha cabeça, religião, família, amizades, objetivos... Não sabia o porquê de tais pensamentos, mas tinha a certeza de que o BDSM havia aberto meus olhos para algumas coisas...

Por que pensar em religião?

Frequentei a igreja católica até os 17 anos, por que fui ensinada a frequentar a igreja, não dar motivo para os outros falarem de mim, não brincar com meninos, não ir a festas... Os livros eram a minha fuga e passava um bom tempo lendo ja que eu não podia isso e nem aquilo, tinha que ser aquela menina comportada pra honrar a família. Tinha que suportar o cheiro de bebida alcoólica do meu tio que quando chegava bêbado demonstrava ser alguém violento, lembro-me das vezes que corri para não apanhar e tenho muita raiva de tudo isso.

Minha vó aceitava todos esses comportamentos e ainda aceita, os pensamentos machistas dela ja me cansavam e quando fiz 18 passei a viver por mim mesma, me libertando de todo aquele discurso de que devemos perdoar o próximo, de que devemos nos valorizar senão ninguém gostaria de casar com uma mulher que transou com vários, de que é pecado isso ou aquilo, mas ninguém olhava o próprio "rabo".

Foi assim que fui cansando da religião e do que muitas pessoas pregavam, falavam do vizinho, mas ficavam "cegos" quando o assunto era a família deles. Não li a bíblia, mas sei que sim, tem muito conteúdo duvidoso nela e por isso quando o assunto é religião eu prefiro me anular e não debater apontando as partes que me favorecem e desfavorecem o próximo.

Por que pensar em família?

Porque minha família jamais compreenderia o prazer que sinto, alias nem é necessário, ja que não devo satisfação a eles do que eu faço. Sim eles são importantes para mim, eu os respeito (menos o meu tio claro ), mas confesso, acho engraçado quando tentam interferir em minha relação, dar palpite, perguntar quando vou começar a usar aliança. O que acontece é que quando eles tentam se intrometer tudo o que é falado a mim entra em um ouvido e sai pelo outro. Minha D/s é somente eu e meu dono e isso é o que importa para mim.

Por que pensar em amizades?

No meu cérebro dividi as amigas por categorias.

Algumas amigas sabem do BDSM e posso contar o que quero que não seria julgada, portanto estão na categoria: amigas loucas. Outras são pessoas que não sabem do BDSM mas posso contar sobre meus planos, pois essa pessoa sempre me desejará sorte e sucesso, são aquelas pessoas verdadeiras que não te invejam e realmente gostam de você, mas você tem o pé atrás e não sabe a reação se ela descobre que você pratica BDSM, então é melhor deixar isso separado.

Por que pensar em objetivos?

Quando entrei na faculdade meu maior objetivo era terminar meu curso, mas ao entrei no BDSM ganhei um novo objetivo que era ter uma relação 24/7. Percebi que esse objetivo exigia de mim não que eu desistisse de outros planos, mas sim que eu adaptasse meus planos a um relacionamento assim e foi isso que fiz.

Uma das duvidas ao querer um relacionamento 24/7 era de como funciona, e ai caberia a mim diferenciar um relacionamento saudável, de um abusivo (muitas vezes colocado com certo por muitos).

Espero que tenham gostado do que leram até agora...

Acompanhem os próximos relatos...



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