VI

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Quando olho para o relógio ainda são 14:43.

Resolvo ir em uma oficina já que fazia um tempo que não trocava o óleo. Quando chego lá um cara de uns 50 anos me atende, conferindo minhas curvas através do vestido azul que era até meio rodadinha, mas não tão conservador.
- Oi gracinha, como posso ajudá-la? - Ele pergunta com um hálito horrível de álcool.
- Queria trocar o óleo do meu carro. - Respondo sem dar confiança.
- Qual é o seu?
- A BMW branca. - Aponto com as chaves.

Ele levanta as sobrancelhas.

- Um ótimo carro hein. - Quando ele fala isso, um sorriso malicioso surge em seu rosto e ele vem chegando mais perto. Me afasto no mesmo instante.

É melhor eu ir embora.

- Quer saber? Acho melhor deixar para outra hora. - Vou andando até meu carro e ele vem me seguindo.
- Pra que gracinha? Vai ser bem rapidinho. - Ele me joga sobre a porta do Porsche preto e o alarme do carro começa a ecoar pela oficina, mas ele não parece se importar.

Consigo evitar que seus lábios toquem minha pele, mas ele segura meus braços com força.
- Me solta agora!! - Grito junto com o alarme.

Faço de tudo pra me livrar de seus braços, mas ele é mais forte.

- Meu Deus. Você é doente!! Alguém, por favor. - Imploro por ajuda, aos berros, e ele começa a beijar meu pescoço.

Não importa o que eu faça, não consigo me soltar.

- Que porra é essa?- De repente, uma voz grossa ecoa pela garagem, me fazendo tremer mais ainda.

O velho me larga imediatamente e de repente é jogado ao chão e começa a levar socos repetidas vezes.

Quando consigo me recuperar percebo que é Kyle.

O homem não parava de sangrar e gemer de dor; Olhei para Kyle, seu olhar continha tanto ódio, que parecia que ele era capaz de matar aquele homem.

- Kyle, solta ele. - Falo puxando seu braço. Ele me ignora e continua enchendo o homem de socos e chutes.

Alguns caras começam a gritar o mandando parar.

Ele se levanta e olha pra mim.

Eu sei que estou com lágrimas espalhadas por todo o rosto. Ele chega bem pertinho e as enxuga rápido, fazendo com que minhas pernas virem gelatinas.

Não sou de chorar na frente das pessoas, mas naquela situação, me dei esse luxo.

- Sai daqui agora. - Ele diz olhando para os homens que vem em nossa direção, enquanto me empurra até o carro.

Encosto em um posto não muito longe, à espera de Kyle.

Kyle dirigia o Porsche e o encosta ao meu lado; Ele vem até minha porta e a abre, desço do carro sem o olhar nos olhos.

- Você está bem? - Ele pergunta sem nem me deixar falar, e então puxa meu rosto para que eu o encare.

Nossos olhares se encontram e eu desvio os meus segundos depois.

- Eu perguntei se você está bem. - Ele insiste.
- Estou, mas por que você se importa? - Pergunto confusa.
- Ele te machucou? - Ele ignora a minha pergunta. Um olhar preocupado preenche suas íris azuis.
- Não. - Respondo franzindo o cenho, mais confusa ainda.
- Você tem que ter mais cuidado.
- Por que você se importa?- Insisto na pergunta, aquilo não estava fazendo sentido. Ele não estava fazendo sentido.
- Eu não me importo.
- Bom, você acabou acabou de mostrar que se importa sim.
- Você deveria me agradecer. - Ele diz começando a ficar irritado.

Eu sei que realmente deveria agradece-lo, mas ele continuava sendo o idiota da noite passada.

- Bom, eu não pedi pela sua ajuda.
- Isso é sério?
- Sim.
- Tudo bem então. - Ele diz com um sorriso irado. Em seguida, entra no carro e sai me deixando sozinha no posto de gasolina.

Quando volto pro quarto, Jordyn está dormindo. Mando uma mensagem pra Ashley e vou tomar meu banho.

Enquanto me lavo, lembro da cena na oficina, o que só faz com que eu resmungue de nojo e me ensaboe até cansar.

(Im)PerfeitosOnde histórias criam vida. Descubra agora