Depois de anos tentando me decidir sobre qual faculdade eu queria cursar, direito me parecia a melhor opção. Não sei se por mim, ou pelos meus pais. Achei que era o melhor a fazer depois de tanta decepção que eu já tinha dado pra eles.
Eu já fiz muita besteira, e 17 anos não parecem ser o suficiente pra digerir tudo. Sexo com todo tipo de gente, drogas de todos as cores e texturas e álcool até meu fígado implorar por socorro. Sei disso, não existe ironia maior do que eu fazendo direito, mas eu não me encaixava em lugar algum, e pelo menos assim eu sabia que tinha um emprego garantido na empresa dos meus pais.
- Hailey!!! Acorda agora!! - Os gritos do meu pai ecoam pela casa grande até demais.
- Já to acordada!! - Grito de volta quando percebo que não vão me deixar em paz.Uma parte de mim não podia esperar pra finalmente sair de perto da minha família e viver só, mas a parte de mim, a parte mimada, lógico, tava enlouquecendo só de pensar em ter que me virar sozinha.
A porta do quarto abre e mais gritos da minha mãe me tiram dos meus pensamentos. Ela fecha a porta e sai assim que eu coloco o travesseiro na cabeça. Meu quarto era grande. Paredes brancas, armários de espelhos, um lustre composto por vários braços transparentes que se unem em uma estrutura central, formando tipo um candelabro ajudavam a tornar o quarto mais um cômodo exagerado, assim como todos os outros dentro da minha casa. A escrivaninha azul turquesa e a cama entupida de travesseiros e cobertores pretos aconchegantes (até demais) terminavam a decoração de um quarto dos sonhos, pelo menos, dos da minha mãe.Desci as escadas de madeira, e quando os meus pés tocaram o piso congelante de mármore, me arrependi de não ter colocado minhas pantufas. Quando entro na cozinha, agradeço mentalmente por terem ligado o aquecedor. Me sento na mesa perto do fogão e vejo a minha mãe terminar de preparar as nossas panquecas matinais.
- Quer com chocolate?- Emma, minha irmã, pergunta.
- Não. - Respondo sem tirar os olhos da frigideira. Emma era legal, de verdade, mas era legal até demais. O que fazia com que meus pais a usassem como exemplo pra tudo, mesmo ela sendo mais nova. Não que eu me importasse, mas...ela é irritante, assim como eles.- Suas malas já estão todas prontas, certo? - Minha mãe pergunta.
- Sim. Não se preocupa, vocês não vão precisar me aguentar por muito tempo agora. - Respondo revirando os olhos.Termino meu café o mais rápido que posso. Tomo a última ducha no meu banheiro sem pressa. Visto uma calça rasgada, minhas botas brancas favoritas e uma blusa de mangas compridas. Pego meu casaco mais quente e coloco sobre a cintura enquato ainda não estou com tanto frio.
Meus cabelos loiros chegam até o meio das minhas costas, prefiro os soltos para que sequem naturalmente. Quando pego meu celular, está entupido de mensagens de todos os meus amigos. Isso faz meu coração apertar. Apesar de ter sido difícil pra eles entenderem a minha "mudança de hábitos", eles respeitaram. Espero que todos já estejam com tanta saudade quanto eu.
Quando chego ao jardim, meu pai já colocou todas as bagagens na mala do meu carro. Não que eu quisesse ir dirigindo, mas Livonia ficava apenas 30 minutos do campus da MSU, ir de outro jeito, seria loucura. Tento ignorar as lágrimas da minha mãe e principalmente as lições de moral do meu pai. Me despeço o mais rápido que consigo deles e da Emma. Aumento o som ao ponto de nem conseguir ouvir meus pensamentos e dirijo sem pressa pra minha "nova vida".
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(Im)Perfeitos
عاطفيةToda adolescente tem uma vida conturbada. Porém Hailey era conturbada demais: desde sua "agitada" vida amorosa até as noites alucinando em festas, ela fazia a vida de seus pais um inferno. Mas quando se vê terminando o ensino médio, decide mudar e m...