q u a t r o

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carter

Eu não estava acreditando. Cá estava eu novamente. No limite da cidade, a ponto de entrar naquele bar.
Ou tentando não entrar, porque Kate está quase me jogando para fora do carro e me arrastando para dentro.

- Kate, vamos voltar, não tenho nada para fazer aqui - Tentei convence-la, era inconveniente a nossa vinda nesse lugar.

- Só um pouquinho, a gente entra, pede alguma coisa, bebe e vai embora. Por favor, por mim! - Tentou me convencer. Tão insistente essa versão da Polly Pocket.

- Aos dezoito, segundo as leis deste estado somos menores, bebida só depois dos vinte e um. - Rebati, sabendo que não ia funcionar.

- Eis a vantagem de vir beber aqui, eles estão pouco se lixando. - E claro, que ela revidou.

- Vamos acabar com isso logo Kate! - Falei vencida pelo cansaço, descendo do carro, ouvindo ela exclamar um "YES".

Assim que adentramos foi como se holofotes estivessem direcionados a nós, porque todos estavam nos olhando. Quando eu era criança eu queria ser uma diva do cinema, pois bem, não tenho vocação.

Eu tentei dar meia volta, mas Kate me puxou pelo braço, falando "nem pense nisso mocinha".

Seguimos em direção ao balcão, e o garçom da noite passada veio nos "atender". Ele me encarou e soltou um risinho, possivelmente ele estava aqui ontem.

- Você não é a moça bêbada do outro dia? - Perguntou como se eu fosse uma piada.

- Não sou o papai noel... Rou Rou Rou... - Disse sem paciência, e ele riu do meu mal humor.

Kate me acotovelou e sibilou "esse que é ele?" Balancei a cabeça negativamente.

Olhei pro garçom sem graça a minha frente e pedi duas tequilas.

- É pra já, mas não fique bêbada! - Fez questão de dizer.

Sim, já nutrimos uma inimizade.

Ele nos entregou a bebida, ponderou sobre algo e seguiu rumo ao escritório. Ainda por cima é fofoqueiro?

Passado um tempo, desce o garçom boca grande, e em seguida, lá estava ele vindo em direção a mesa que estávamos, com aquele sorrisinho sacana. Que infelizmente estava me deixando muito quente, e incomodada.

Cotuquei Kate e ela olhou na mesma direção que eu, e ficou boquiaberta.

- Fecha a boca se não vai babar - Falei, pois ela só faltava o comer com os olhos.

- Tá com ciúmes? - Perguntou debochada. Acho que todo mundo tirou o dia pra rir da minha cara.

Antes que eu pudesse por Kate no lugar dela, ele já estava parado em frente a nossa mesa, com meu cardigan em mãos. Era impressão minha ou ele estava mais bonito agora? Com aquela camisa vinho colada ao corpo e aquele jeans despojados.

Esse lugar está cada vez mais quente. E eu é que não vou me queimar. Ele ainda com aquela expressão sacana, e então, colocou a duas mãos sobre a mesa.

- O que posso lhe ajudar? - Perguntei sorrindo sem humor. Ele me assustou ao se invergar sobre mim e sussurrar bem perto de mim.

- Não fique bêbada, você não é muito levinha, e é uma garotinha muito arrogante pra eu ficar fazendo "favores" - Ele deu outro sorrisinho de lado e deixou meu cardigan sobre a mesa, antes de sair deu uma piscadela pra Kate, passando pelo balcão indo pela escada que dava pra seu escritório.

Arrogante.

Ridículo.

Gostoso.

Isso não vai ficar assim.

Kate esclamou um "Você passou a noite inteira aqui no bar e estava desacordada. Que desperdicio" da maior altura, talvez minha mãe lá em casa, também tenha ouvido.

- Desperdicio nada, foi sorte! Ninguém vai ficar me tratando mal e me ver ficar calada. Reparou na audácia dele? - Soltei, me levantando. E Kate estava se animando demais.

- Carter, o que você vai fazer? Volta aqui! - Ela ralhou se levantando, tentando me conter.

- Espera aqui, aquele homem não pode me tratar assim! - Falei, já saindo da mesa.
Kate estava de pé, pedindo para eu voltar para o lugar.

- Fique ai, daqui a pouco eu volto! - Continuei meu caminho.

Segui rumo ao balcão, e quando aquele garçom sonso estava servindo a mesa de um cara, eu passei abaixada por trás do balcão e segui até as escadas que dão para o escritório.
Aquele homem ia ver que ninguém, ninguém mesmo me trata dessa forma.

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A CARTER TÁ ESQUENTADINHA NÉ?
quem será que botou fogo?

o dono do bar.Onde histórias criam vida. Descubra agora