Rubi

Capítulo 4.

" Viajem "

Enfim cheguei na porta da minha casa , fiquei parada alguns segundos , sem coragem de entrar , olhar para minha mãe . Mas tenho que ser forte ,abri a porta e entrei .

-- Alice , por que demorou tanto ? O que aconteceu filha ? Que cara é essa ? -- Ela disse seria e parecia aflita.

-- Mãe ... -- Baixei o olhar .

-- O que foi Alice? Fala ! -- disse alterando um pouco a voz .

-- Mãe , deram um tiro no Arthur , e nós temos que sair daqui o mais rápido possível . -- Falei firme , olhando em seus olhos .

-- Ah Meu Deus ! O Arthur de novo . -- Disse olhando para cima . -- Como ele tá Alice ? Como foi isso ? -- Falou rápida .

-- Eu tava na garagem , ouvi tiros , quando saí para fora vi ele no chão , lavado de sangue. Aquele médico lá tá cuidando dele . O Erick disse que mais tarde passa aqui para dar notícias . -- Expliquei

Ela respirou fundo .

-- Eu vou ir ver ele -- Uma lágrima escorreu pelo seu rosto .

Seu olhar estava fixo em um ponto qualquer . Fiquei observando-a por um instante, cheguei bem perto dela , e nos abraçamos fortemente .

-- Não vai lá mãe ! O Erick vai vir aqui . E nós duas temos que conversar , tenho que contar umas coisas .. -- Falei séria .

-- Eu tenho que ir lá Alice ! -- Ela disse me soltando .

-- Não mãe , ele vai ficar bem . E o que vai adiantar a senhora ir lá ? Vamos esperar .

-- É ... Não vai adiantar nada . Arthur não pensa mesmo nem um pouco na gente né -- Falou com um tom de decepção .

-- Sim .. -- Falei triste

-- Mas foi por que dessa vez ?

-- Então mãe .. É sobre isso que eu quero falar com a senhora . -- Falei um pouco tensa .

-- Então fala logo Alice !

-- O Erick me chamou para conversar, ele falou que talvez o que aconteceu com o Arthur , não tenha sido uma mera vingança de alguma besteira que ele tenha feito e sim algo que aconteceu no passado. Alguma coisa haver com o papai talvez. O Erick disse que o cara que atirou no Arthur , tinha uma tatuagem na mão . -- Por um instante fiz uma pausa . -- A mesma tatuagem que eu vi no pulso do homem que tirou a vida do meu pai , naquele maldito dia . -- Disse com um certo tom de raiva .

Minha mãe ficou me olhando , parecendo ter lembrado de algo.

-- O que foi mãe ? A senhora sabe de algo ? -- Falei a encarando desconfiada.

Ela me encarou , respirou fundo . Até que começou :

-- Alice , você se lembra que seu pai revendia carros , mas que teve uma época em que ele começou a ir para garimpos em busca de pedras preciosas, ouro ?

-- Sim , eu era pequena , mas me lembro. Lembro ate de algumas brigas de vocês por conta disso , a senhora achava que era perda de tempo que ele tinha enlouquecido . Mas e aí ? Continua , o que isso tem a ver ?

-- Pois é . O seu pai tinha sorte, sempre achava coisas muito interessantes , pedras muito valiosas , chegou a achar até um mapa , que levava a um tesouro no garimpo mesmo. Uns caras que também trabalhavam no garimpo fizeram um acordo com ele , eu não sei bem como foi esse acordo . Mas se o seu pai achasse esse tal tesouro , teria que dividir com eles . -- Ela parou por um momento . Ficou pensativa como se por instantes tivesse voltado no passado .

-- Mãe ? E ai ?

-- E aí , que seu pai achou , mas ficou com tudo para ele .

-- Mas o que era esse tal tesouro? O que o meu pai fez com isso ? -- Perguntei rápida .

-- Era uma caixa recheada de rubis . -- Nesse momento meu coração bateu mais forte . -- Ele escondeu em algum lugar , mas eu não faço ideia de que lugar seja esse . Um tempo depois esses homens descobriram , começaram a fazer ameaças ... Até que ... Você sabe o que aconteceu. -- Ela abaixou a cabeça e algumas lágrimas teimosas escorreram pelo seu rosto.

Fiquei perplexa .
Mais uma vez veio aquela cena horrível do meu pai sendo morto. Nós tínhamos ido a padaria , era de manhã . Compramos alguns pães e uma tortinha de morango , a minha preferida . Atravessamos a rua , eu andava entre minha mãe e meu pai , cada um segurava minha mão de um lado . E o Arthur vinha atrás de nós . Chegamos até o carro fomos entrando ,eu ,Arthur e minha mãe . Veio um homem com o rosto coberto , deu um tiro na cabeça do meu pai . Meu pai estava de costas , pegou ele na trairagem . Esse homem tinha uma tatuagem no pulso, um desenho enigmático , intrigante . Minha mãe e o Arthur em meio a tanto despero não viram , mas eu vi . Maldito seja aquele homem .
Voltei ao meu novo mar de aflição e amarguras . Comecei a processar todas aquelas informações. Rubis , tatuagens , vingança .

-- Mãe , ser... -- Antes de completar a frase , nossa campainha tocou .

Nos entreolharamos , um pouco receosas. Com os últimos acontecimentos , não é para menos .

-- Deve ser o Erick ! -- Praticamente Sussurei .

Fui até a porta .

-- Quem é ? -- Perguntei .

-- Erick. -- Abri a porta .

[... 🌹...]

Uma Semana Depois

-- Alice, pegou tudo filha ? Não ta esquecendo de nada né ? Já está pronta ? -- Perguntou minha mãe.

-- Não mãe ! Não tô esquecendo de nada, está tudo aqui ! E sim , já estou pronta . -- Falei , com aquela voz de " aff '' enquanto descia as escadas .

-- Ótimo . -- Ela falou e eu dei um sorrisinho sinico . -- Os passaportes , e nossos documentos estão aqui . -- Ela falou conferindo a bolsa .

-- A senhora ligou para o Arthur para lembra-lo que ele vai nos levar ao Aeroporto ?

-- Sim ! Daqui a pouco ele deve estar aqui .

Me sentei no sofá , e mandei mensagem para Lívia , dizendo que já estava pronta , ela pediu para avisar , porque viria se despedir de mim . Eu e a minha mãe vamos para o Estados Unidos , decidimos isso depois da conversa com Erick . A minha tia Carolina mora lá irmã da minha mãe , com o tio Luke , e minhas duas primas Mary e Julie .
Nem eu sei decifrar o que estou sentindo , morar em outro país , porque de certa maneira estamos sendo procurados por bandidos , deixar o Arthur aqui . Ele não quer ir . Vou ficar preocupada . Ele é doidinho , descabeçado , mas é meu irmão , e ... Quem ama sempre entende .
No começo vamos ficar na casa da minha tia , até minha mãe começar a trabalhar , e eu também. Provavelmente vou ter que estudar numa escola bilingue , não sei nem falar português direito , muitos menos inglês , ou outras línguas . Vou sentir falta da Lívia também , claro. Ela é um doce .