A voz era grave, como de um homem adulto, porém macia e melodiosa. Em momento algum eu senti medo do provável dono da voz, mas gostaria de saber onde ele estava.
Olhei em volta. Isabel e Maressa dançavam juntas um música calma, não reparavam em mim. Thomas não estava na clareira. Eu deveria me preocupar com o desaparecimento de Thommo, mas o que eu mais queria agora era descobrir de quem era a voz.
Peguei minha bolsa e uma lanterna e me levantei.
Passei por cima de alguns galhos caídos e adentrei a floresta sem nenhum receio.
- Alice, nós estamos atrasados! - a voz ecoou em um ponto distante na escuridão.
Acendi a lanterna, e apontei o feixe de luz para o chão. Uma figura branca correu para entre os arbustos. Me arrepiei. A voz agora dava risadas.
- Alice! Você quase me pegou! - ela riu novamente.
- quem é você? - gritei para o arbusto de onde vinha a voz.
- Alice, nós não temos tempo! - a voz soou em um ponto mais distante. - corra!
Uma vontade selvagem de avançar pela mata me atingiu como um tiro.
Apertei o passo até começar a correr bem rápido. A luz da lanterna sacudia entre as copas das árvores, iluminando o caminho de forma irregular. Os galhos das árvores e arbustos acertavam meus braços e pernas. Corujas piavam avidamente.
Um borrão branco surgiu mais à frente. Era aquele borrão branco.
Parei subitamente.
O borrão branco agora era um coelho. Ele estava segurando um relógio de bolso.
- Alice, nós estamos atrasados!