O sol atravessa as cortinas da janela e sua luz invade os meus olhos.
empurro o grosso lençol que repousava sob meu corpo e me sento esfregando os olhos. E olhando em volta, vejo que ainda estava na casa de Henri. sentada em seu sofá, vestindo sua camisa e sem calcinha. ele não estava no sofá comigo.
a televisão ainda estava ligada em uma musica que eu sinto ter repetido várias vezes, pois mesmo sem ter ouvido já sabia a letra. pego o controle remoto e a desligo.
- Alice?! - a voz de Henri vinha da cozinha - estou preparando algo pra gente comer!
- Okay! - me levanto e visto a calcinha. ando até a cozinha e vejo a cena mais linda do universo: Henri só de cueca com um avental preparando torradas.
puxo uma cadeira e me sento à mesa. meus olhos ainda fixos no seu corpo; meu nariz sentindo seu cheiro; meus ouvidos ouvindo sua graciosa voz repetindo meu nome; minha boca esperando sentir seu sabor novamente.
- Alice! - ele estala os dedos - estava viajando... ainda não passou o efeito?
ele põe um pote com biscoitos em cima da mesa e um prato com algumas torradas.
- ah! - exclamo - sim, passou... - sorrio - só estou com um pouco de fome.
ele me dá um selinho, tira o avental e então senta do outro lado da pequena mesa circular e me dá uma xícara.
ponho café na xícara, enquanto observo-o amarrar o cabelo em um coque. pego uma torrada e mordo.
- dormiu bem?
- sim, maravilhosamente bem! - ele sorri, eu bebo um pouco do café.
- e o país das maravilhas?
sorrio.
- o melhor lugar do mundo.
-sabe, Alice, se agente estivesse no livro... - ele bebe o último gole do café -Eu seria o Chapeleiro e você a Alice, tomando chá em uma mesa no meio do nada, sempre mudando de lugar.
sorrio. Mas tudo em minha volta começa a mudar.
uma cartola pousa sobre a sua cabela. rapidamente eu pude ver uma lebre e um arganaz sentados à mesa, o arganaz dormindo, a lebre-de-março me olhando com seus olhos de lunática. e o chapeleiro era Henri.
- Alice, - ele começa - você saberia me dizer qual é a semelhança entre um corvo e uma escrivaninha?
e sorri. seus olhos verdes me encarando intensamente.
solto a xícara e ela quebra no chão.