Relógio de bolso

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Meu celular já era!

Ele molhou junto com a lanterna, meus fones de ouvido e 100 libras, quando eu caí naquele buraco.

Thommo me ajudou a levantar. E começamos a caminhar de volta à clareira.

- que horas são? - pergunto. - meu celular pifou!

- que droga! - Isabel disse. - posso ver?

- 6:00h da manhã, - diz Thommo olhando em seu relógio de bolso. - que bom que hoje é sábado e não tem aula...

Relógio de bolso?

- desde quando você tem relógio de bolso? - pergunto.

- ah! - ele retira o relógio do bolso - eu o encontrei aqui na floresta...

Me arrepio.

Olho para trás e observo o buraco se distanciando de mim, sumindo entre as árvores à medida que caminho.

Pássaros cantarolavam e voavam de galhos em galhos em uma valsa aérea. Alguns poucos raios de sol se atreviam a atravessar a copa das árvores e iluminar a nossa manhã nublada.

- se você tentar secá-lo, eu acho que ainda vai funcionar... - Isabel fala me entregando o celular.

- obrigado! - pego o celular e guardo na bolsa também encharcada.

Minha cabeça foca em como vou explicar tudo isso para a minha mãe. Mas não deixo de lembrar de todas as coisas que passei ontem à noite. Tudo aqui foi tão mágico, tão surreal... Mas ao mesmo tempo, tão vívido. Gostaria de repetir tudo outra vez.

Imediatamente me lembro das minhas unidades do LSD. Droga! Elas devem ter molhado! Tateio os bolsos da minha bolsa e encontro um pedaço de papel alumínio. Abro o papel e vejo que todas as unidades que ainda restavam, estavam intactas. Secas.

Mais visitas ao País das Maravilhas me aguardam.

Olho em direção ao buraco e solto um sorriso.

AliceOnde histórias criam vida. Descubra agora