Lucie

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Primeira dica de sobrevivência: nunca fique em pé em um trem bala.

Segunda dica: obedeça a primeira e o resto é moleza.

— Eu achei que fosse morrer! — coloco as mãos em meu peito sentindo meu coração vibrar de adrenalina.

Desde quando os trens andam assim? Eu ein!

Hiro ria descaradamente como uma hiena, seus óculos embaçavam-se conforme a fumaça que saia da sua boca devido ao frio encontrava seu rosto. E não é aquele frio, friozinho. É frio, friozão.

— Pare de rir! — bato nele com minhas luvas peludinhas — você devia ter me avisado sabia?

— Eu? — ele se faz de desentendido. Um pequeno sorriso nasce em meus lábios. Ele é tão, tão... irritante?

Não, não. Engraçado!

Desisto de bater nele e apenas o sigo adiante. Várias pessoas se aglomeram para a próxima partida, e nós, somos as únicas formiguinhas saindo dali em meio a uma avalanche de pessoas.

— Olhe, talvez você se dê bem com meus amigos — ele dá de ombros — antes andava apenas com Misaki, mas agora tenho você — ele disfarça virando-se para o outro lado, mantendo seu rosto escondido — e também há eles... quando conhecê-los se sentirá acolhida.

— Nossa, tipo, uou! Isso ta parecendo uma profecia! — tremo sobre meu casaco olhando para os portões gigantes, em seguida digo baixinho — tomara que seja.


Olho para os lados tentando me situar, mas é impossível. Me sinto perdida, completamente sozinha. penso em talvez matar Hiro, ele devia estar aqui. Mas pensando bem, se o matasse... estaria realmente perdida.

As meninas riem baixo e se comportam diferente, a maioria usa gloss nos lábio e matem os cabelos soltos. O que não é o meu caso. Eu prefiro eles presos em um rabo frouxo, as vezes alguns fios escapam me deixando com a aparência de uma desleixada. Madame sempre disse que isso era meigo, não feio ou abominável. Mas, a cada passo que dou, a cada olhar que recebo, me sinto um ET vindo de outro planeta e não de outro país.

— Você está mais perdida que o Pac Man correndo pelos labirintos — pulo e me viro para ver quem está falando.

Dois sustos no mesmo dia. Então é assim que é uma escola?

— Oi...

Encaro o estranho. Ele é diferente, não como os outros. Seu cabelo não é castanho ou preto, e também não é nada baixo. Ele é alto. Seus olhos não são negros também. São cor de mel.

— Seja bem-vinda ao nosso colégio Lucie — ele abaixa a cabeça levemente deixando seus fios claros cobrirem os olhos.

Aquilo é que cor mesmo? Laranja? Ou seria vermelho? Não, não, não é tão escuro assim... oh! É cobre! Isso... mas ao mesmo tempo me parece meio castanho. Aquilo realmente orna com seus olhos, quer dizer, isso se você notar bem e...

— Hey?

Pisco confusa.

— Oi?

— Por onde você esteve nos últimos segundos? — abano a cabeça, como quem não sabe de nada — você não ouviu uma única palavra que eu disse né?

— Eu? Pff, claro que eu... ouvi? — ele levanta as sobrancelhas conforme minha voz abaixa — okay, eu não ouvi.

Em vez de ficar bravo, ele sorri.

Des(conhecidas)Onde histórias criam vida. Descubra agora