made in the a.m ;; oned + zjm

[Liam] Love You Goodbye

one direction
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love you goodbye

☾

Respirei fundo e olhei para cima. Tentei ignorar meu nervosismo. A cor beje acinzentada do prédio baixo na minha frente se misturava com o céu nublado daquele dia. Olhei para os meus pés, fechando os olhos com força. A calçada molhada sob meus pés me levaria até a escura porta de entrada para os apartamentos. O barulho dos pedestres atrás de mim me distraía, fazendo com que o tempo que eu estava parada naquela calçada molhada aumentasse. Ou eu me obrigava a me distrair com eles por não querer encarar o inevitável.

Apertei a alça da bolsa pendurada em um dos meus ombros e dei um pequeno passo na direção dos degraus de entrada. Encarei a porta escura na minha frente, pressionando meus lábios em uma linha fina. Uma criança passou chorando, implorando para ser pega no colo. Um homem tossiu. Respirei fundo. A sacola de compras de uma mulher caiu no chão. O semáforo abriu e o barulho do trânsito recomeçou. Olhei para cima novamente. Choveria novamente. Brinquei com a chave do meu carro, que ainda estava em uma das minhas mãos.

Encarei a porta novamente. Dei mais um passo na direção da porta escura. Fazia mais de duas semanas que não nos falávamos. Respirei fundo. Eu não sabia se conseguia. Não sabia se queria.

-- Você só veio pegar o que é seu. -- falei para mim mesma, balançando sobre meus próprios pés, apertando a alça da bolsa no meu ombro novamente.

-- Com licença, querida.

Uma senhora com várias sacolas cheias de verduras passou por mim e entrou no prédio. A porta escura estava quase se fechando quando eu corri pelos degraus da entrada e segurei-a aberta. A senhora, que a fechava lentamente, olhou confusa para mim. Forcei um sorriso. Era minha chance de conseguir fazer aquilo. Entrei no hall escuro e fechei a porta. Um vento frio passou por mim. Esfreguei meus braços sobre o tecido do sobretudo preto que eu usava. Engoli em seco. Tínhamos terminado.

Olhei para os meus pés. Foi naquele momento em que percebi realmente o que estava acontecendo. Era como se eu estivesse vivendo em uma bolha havia mais de duas semanas e ela tinha acabado de estourar. Naquele exato momento. Tínhamos terminado. Não sabia se ainda queria fazer aquilo. Era impossível saber o que podia acontecer quando eu tocasse a campainha. Não tínhamos trocado uma única ligação, uma única mensagem, uma única palavra depois que eu o deixei.

A porta de entrada para o prédio foi aberta novamente e meu coração parou. Apertei a alça da minha bolsa impossivelmente forte, bem como a chave do carro na minha outra mão. De tão forte que eu estava apertando todos os botões, tinha certeza de que meu carro já estava destrancado e o porta-malas, aberto. Engoli em seco novamente. Ele tinha parado na porta. Segurava na maçaneta, a chave do carro dele nas mãos dele. Olhei para os lados, mordendo o interior da minha boca. Forcei um sorriso sem mostrar os dentes e senti meu rosto ficando quente. Ele entrou no hall. A porta se fechou atrás dele.

-- Eu... É... -- eu comecei, mas não fazia ideia do que estava dizendo. -- Eu... Eu...

Ele levantou as sobrancelhas. Queria desaparecer naquele exato momento. Respirei fundo. Desviei meu olhar do dele.

-- Vim pegar minhas coisas. -- falei rapidamente, apontando para a escada a poucos metros de nós.

Ele assentiu e seguiu em direção à escada. Sem falar nada, segui-o. Nossos passos não sincronizados ecoavam pelas paredes e a cada degrau que eu subia, meu coração afundava cada vez mais. Tantas vezes tínhamos subido aquelas escadas juntos, na maioria das vezes, rindo, de mãos dadas, contando piadas e falando alto ou até bêbados, para chegarmos no apartamento dele e cairmos de sono nos sofás da sala. Engoli em seco mais uma vez. Nunca tinha imaginado que subiríamos aqueles degraus daquela maneira, mantendo distancia um do outro, em silêncio, para finalmente seguirmos caminhos diferentes, conhecer pessoas novas. Estaria deixando de vez a vida dele, do garoto que tinha passado a maior parte da minha adolescência me fazendo sorrir. Porém, como sempre é dito, tudo que é bom sempre tem um fim. Era nosso fim.