Cheguei ao terceiro andar um pouco ofegante. Atravessei o corredor escuro em direção ao meu apartamento, procurando pela minha chave de casa. Parei na frente da minha porta e coloquei minha mala no chão para que pudesse continuar procurando-a. Balancei minha mala na tentativa de pelo menos saber que a chave do meu apartamento não estava perdida. Meu coração perdeu uma batida quando ouvi novamente os soluços vindos do apartamento à frente do meu. Fiquei em silêncio. Ele estava chorando novamente.
Engoli em seco, hesitando em bater na porta dele para ter certeza de que ele estava bem. Louis era o nome dele. Nos conhecíamos pelo fato de eu dar carona para ele, levando-o até a universidade em que ele estudava antes de ir para o meu trabalho como assistente social em hospitais. Ele era um garoto adorável, tinha um sorriso extremamente bonito; porém, que não era verdadeiro.
Todas as manhãs ele me esperava do lado de fora do meu apartamento e me recebia com sorrisos contagiantes. Todas as noites em que eu chegava tarde do trabalho, ouvia-o chorando e soluços estrangulados escapavam dos lábios dele, espalhando-se pelo corredor de apartamentos silencioso.
Com a minha chave finalmente em mãos, me virei encarando a porta do apartamento dele. Não era justo. Eu não tinha o direito de invadir a privacidade dele daquela maneira. Óbvio que eu me preocupava com ele, mas não acreditava que eu podia interrompê-lo daquela forma. Primeiramente, ele não sabia que os soluços dele podiam ser ouvidos. Segundamente, absolutamente ninguém gostaria de ser visto chorando. Mais um soluço. Estremeci. Eles pareciam mais sofridos naquela noite.
Mordendo os lábios, me virei novamente para a minha porta e destranquei-a, entrando lentamente no meu apartamento. Acendi a luz e deixei minha mala ao lado da porta antes de dar uma última olhada na porta do apartamento do Louis e fechar a minha. Suspirei. Eu realmente queria ajudá-lo, porém não poderia fazê-lo até que ele me pedisse ajuda. O máximo que eu podia fazer era perguntar toda manhã se ele estava bem, recebendo como resposta uma mentira. Ele sorria e afirmava enquanto meu interior gritava para que eu o ajudasse, conversasse com ele.
-- Você já chegou, Kate? -- a voz um pouco ofegante da Mary chegou aos meus ouvidos.
Encontrei-a deitada no sofá com o namorado dela sobre ela. Ela tinha a blusa levantada e a calça do pijama dela estava jogada em cima da mesa de centro, em cima de baldes de pipoca e copos de milkshake do Burger King. O namorado dela devia tê-los trazido já que ele trabalhava em um dos Burger King's espalhados pela cidade.
-- Sim, Mary. -- respondi com um suspiro.
Não era a primeira vez que aquilo acontecia. Nós já tínhamos conversado sobre e ela deixava que se repetisse mais e mais vezes. Eu não tinha nada contra, só tinha pedido educadamente para que eles ficassem no quarto dela. Eu não queria chegar do trabalho e eventualmente encontrá-los naquela situação e naquele dia, eu não estava com paciência para ela.
O namorado dela me cumprimentou com um aceno de cabeça. A Mary se sentou no sofá, pegando a calça do pijama. Fiz um gesto para que ela não se mexesse. Tirei meu celular da minha mala e deixei o apartamento, mentindo que havia alguém me esperando para jantar. Encostei a porta do meu apartamento e encarei novamente a porta do apartamento do Louis. Estava silencioso. Uma onda de preocupação passou pelo meu corpo. Torcia realmente para que ele estivesse bem e vivo.
Com um suspiro desapontado, desci as escadas até o térreo discando o número do delivery de pizzas. Sentei-me nos degraus que davam para a rua enquanto esperava o entregador. Observava a calçada de concreto na minha frente desanimadamente, com o queixo apoiado em uma das mãos. Ocasionalmente, carros passavam, o barulho dos pneus contra o asfalto chamavam minha atenção e me faziam desviar o olhar da calçada. Porém, logo estava de volta, encarando-a.
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Teen Fictionapenas vários one shots escritos por mim. one direction. © 2014 expectohoran #5 in Short story #78 in Teen Fiction