Fevereiro de 1942
Nat, sei que eu devia ter escrito antes. Não quero gastar esse pedaço pequeno de papel me desculpando. Só quero dizer que sinto sua falta e quero sair dessa guerra. Nunca pensei que veria tanta coisa surreal em um campo de batalha. Eu não durmo há dias por causa do frio e do medo. Meu regimento inteiro quase foi morto por uma bomba que caiu ao lado do nosso acampamento. Estou bem. Não se preocupe.
Te amo.
H.Uma lágrima escorreu pelo rosto de Natalie. Harry não estava bem. Não estava psicologicamente bem. Talvez fisicamente, estivesse. Porém, ele não dormia há dias e aquilo preocupava Natalie. Ele precisava da sanidade dele em campo de batalha. Ela enxugou os olhos, apertando a pequena carta em uma das mãos.
-- Natalie...
A garota virou-se um tanto sobressaltada em direção à porta do quarto dela. Sua mãe estava com um olhar preocupado no rosto, parada na porta do quarto de sua filha. Ela sabia o quanto Natalie estava sofrendo por Harry e ela entendia. Seu marido tinha lutado pela Inglaterra durante a Primeira Guerra Mundial. Ela entendia mais do que ninguém o que era esperar por notícias de alguém especial enquanto tiros eram trocados ao redor da Europa. Um pequeno sorriso triste apareceu no rosto dela quando Natalie começou a chorar, sentando-se na cama.
-- Mãe...
-- Nat, não precisa. -- sua mãe sentou-se ao lado de Natalie na cama, passando a mão carinhosamente pelas costas de sua filha.
-- E-Ele não merece estar lá.
-- Ele escolheu estar lá, Natalie. Tem uma grande diferença entre ser obrigado a estar lá e querer estar lá. -- ela fez uma pausa para deixar que Natalie chorasse e aliviasse a dor em seu peito. -- Sei que é surreal. Seu pai nunca conseguiu dormir uma noite inteira sem acordar gritando pelo John, mas ele se orgulhava de cada minuto que passou defendendo seu país. Não fique triste pelo Harry estar longe. Fique feliz por ele saber o que está fazendo. Ele precisa do seu apoio.
Natalie soluçava descontroladamente. Ela assentiu com dificuldade, internamente agradecendo por ter sua mãe para apoia-la naquele momento.
-- E s-se ele morrer, mãe? -- ela soluçou novamente. Seus pulmões doíam pela intensidade dos soluços.
-- Você terá que aceitar. Não ignore a possibilidade de ele ser morto a qualquer segundo, mas não deixe que isso te destrua. Ele precisa que você acredite nele.
Natalie assentiu, secando algumas lágrimas. Porém, ela não conseguia achar um jeito de se acalmar e os soluços insistiam em deixar seus lábios e fazerem seu peito doer.
-- Obrigada, mãe. -- Natalie deu o melhor sorriso que pode e deixou que sua mãe secasse as lágrimas de suas bochechas daquela vez.
-- Escreva de volta para ele, eu levo a carta até o oficial. Ele era amigo de seu pai, vai entregar a carta para o Harry o mais rápido possível.
Natalie assentiu, ainda soluçando suavemente. Ela sentia falta de Harry. Sentia falta de como ele a fazia sorrir ou dos abraços e beijos delicados que ele lhe dava. Ela apenas queria que a guerra acabasse, que ele voltasse vivo e, se ele acordasse no meio da noite gritando desesperado por algum colega de regimento, Natalie estaria lá para trazê-lo de volta à realidade e prometer que tudo estava bem.

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made in the a.m ;; oned + zjm
Teen Fictionapenas vários one shots escritos por mim. one direction. © 2014 expectohoran #5 in Short story #78 in Teen Fiction