[Zayn] Guns For Hands

364 17 3
                                    

twenty one pilots
::
guns for hands

auto-mutilação
se você não se sente confortável
não leia
outra coisa: se você precisar de alguém para conversar, pode contar comigo
estou aqui por você e quero que você seja feliz do fundo do meu coração

Esther chorava no chão do banheiro quando os primeiros raios de sol iluminaram os azulejos amarelados ao seu redor e mostraram o que ela tinha feito. Os pais dela veriam novamente. Veriam que tinha acontecido de novo, veriam aonde sua mente tinha ido na noite anterior e ela choraria mais, pedindo desculpas desesperadamente e prometendo que não ia mais se repetir, como ela sempre fazia e como tinha feito duas semanas antes.

Suas pernas ardiam dolorosamente e ela não conseguia mexe-las direito sem que uma careta de dor aparecesse em seu rosto. Seu cabelo castanho escuro estava desgrenhado e grudava em seu pescoço suado e nas bochechas marcadas pelas lágrimas enquanto ela tentava inutilmente limpar a bagunça que se espalhava dentro da banheira e no chão ao redor. Ela devia se preparar para ir à escola e deveria fazer aquilo antes que seus pais se levantassem para se aprontar para o trabalho e tivessem que usar o banheiro.

A garota mordia os lábios, tentando segurar os soluços em sua garganta, que doía consideravelmente por causa daquele esforço. Suas mãos tremiam enquanto segurava o pequeno rolo de papel higiênico e tentava limpar inutilmente o sangue que manchava seus arredores. A maçaneta foi forçada e o coração da garota se acelerou. Foi quando a voz desesperada de seu pai chegou aos ouvidos dela, chamando por ela. Ele sabia.

-- Não! -- ela exclamou do outro lado da porta trancada. Tudo estava uma bagunça no banheiro. O papel higiênico grudava no sangue que ameaçava secar sob os primeiros raios de sol e se recusava a sair.

-- Esther! -- seu pai forçou a maçaneta com mais vigor daquela vez.

-- Não, não, não! -- ela gritou novamente. -- Estou bem!

-- Esther! -- sua mãe bateu na porta com força. Ela sabia. -- Abra a porta, Esther! Agora!

-- Estou bem! -- ela repetiu, mesmo que aquelas palavras contradissessem todo o momento. Ela claramente não estava bem. -- Estou terminando o banho!

Ela freneticamente esfregava o papel higiênico sobre o sangue, a força que ela aplicava era suficiente para tirar boa parte dos pingos e manchas. Foi quando ela viu que não conseguiria continuar trancada lá por muito mais tempo. Seus pais conseguiriam abrir a porta de alguma maneira. Da última vez, seu pai conseguiu destrancar a porta com uma chave improvisada. Ela não duvidava de que daquela vez poderiam até arrancar a porta de tão forte que batiam. Ela limpou as lágrimas do rosto e saiu da banheira, pisando no chão de azulejos gelado.

Olhando-se no espelho, ela secou as lágrimas e abriu a torneira de água gelada, molhando o cabelo e fazendo uma careta por quase congelar o cérebro com aquela água. Espalhou água pelos braços e pelo pescoço, apenas para deixar evidente que tinha realmente saído do banho. Então, ela se enrolou na toalha pendurada ao lado da banheira, certificando-se de que o que havia feito estivesse bem coberto e totalmente fora da vista dos pais dela. Pegou o pijama em uma das mãos e destrancou a porta, respirando fundo.

-- Esther! -- sua mãe exclamou de preocupação quando a garota surgiu sob o batente da porta.

-- Eu só estava no banho, mãe. -- a garota respondeu um tanto incomodada, apertando a toalha contra o corpo.

made in the a.m ;; oned + zjmOnde histórias criam vida. Descubra agora