[Larry] My Blood

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twenty øne piløts
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my blood


Não era fácil.

Ninguém dissera que seria fácil, mas ele nutria esperanças por uma caminho fácil de se trilhar. Na verdade, ninguém nunca lhe dissera o que ele desejava ouvir, a não ser Harry. Mas ele se fora havia um tempo e Louis reprimia sua saudade dele. O garoto não podia deixar que ele soubesse.

O psiquiatra. Ele não podia saber. Afinal, Louis não queria ser visto como um erro. Não quando ele já era visto como louco.

Louco.

Uma palavra tão ofensiva para um garoto como ele. Para um garoto que desejava mais do qualquer outra coisa ser normal. Tirar aquilo de sua cabeça, tirar todos os medicamentos de sua vida e todos os olhares estranhos que eram dirigidos a ele na rua quando ele deixava o consultório de seu psiquiatra com seus pais.

Não era fácil conviver com aquele transtorno. Novamente, ninguém dissera que seria fácil.

Transtorno.

Uma forma bonita de dizer que ele era doente. Algo do qual ele não tinha vergonha de admitir quando se trancava no banheiro e encarava seu reflexo patético no espelho. Doente. Ele repetia a palavra até que ela não fizesse mais sentido ao deixar seus lábios machucados por insistentes mordidas, reflexos de seu nervosismo e ansiedade durante o dia.

Ele tinha medo daquela doença durante o dia, enquanto estivesse longe de casa. Tinha medo de que os medicamentos parassem de funcionar. E se parassem de funcionar? Como distinguiria as realidades? Ele estremecia ao pensar em vivê-las novamente; ao pensar em como estava aprisionado entre o real e o surreal. Ao lembrar como o surreal tinha lógica e passou a não ter quando aquela realidade foi dita surreal pelo seu psiquiatra. Os medicamentos funcionavam, afinal.

Doente. Ele repetia novamente. Aqueles medicamentos só faziam sentido por causa daquela palavra insistentemente repetida. Afinal, ele não teria de tomá-los se sua mente não criasse realidades ditas surreais pelo seu psiquiatra.

— Você quer descer para jantar? — seu padrasto bateu de leve na porta entreaberta do quarto.

Louis, sentado à escrivaninha, virou-se rapidamente, sobressaltado e com lágrimas nos olhos vermelhos. Ele não entendia Química. Segundos antes, ele mantinha os punhos fechados e a cabeça apoiada neles, enquanto agarrava tufos de cabelo e engolia as lágrimas salgadas que escorriam pelas bochechas. Seu caderno repleto de anotações era apenas um borrão mais intenso a cada lágrima que pingava no papel.

O garoto negou, um olhar assustado aparecendo em seu rosto ao se arrepender por ter sido visto em uma situação tão vergonhosa. Meninos não choravam. Era o que diziam no colégio. Por quê ele chorava? Por quê não conseguia ser forte e rasgar seu caderno como outros garotos diziam que tinham feito? Louis queria ser normal.

A expressão séria no rosto de seu padrasto suavizou-se imediatamente ao ver o garoto naquela situação.

— O que aconteceu, Louis?

Louis negou novamente, desejando que ele fosse embora. Desejando não estar ali naquele momento. Desejando não existir. Encarando seu caderno novamente, a porta foi fechada e logo, uma mão carinhosa pousou em sua cabeça, acariciando seu cabelo castanho. Louis estremeceu com o toque. Ele não merecia a compaixão de ninguém. Ao mesmo tempo, era reconfortante saber que era uma afeto genuíno. Apesar de não merece-lo.

Ele negou novamente, segurando a vontade de chorar novamente como um nó na garganta. Ele aumentava e machucava, mas Louis não devia chorar. E aquela pergunta pairando no ar tornava toda a situação de permanecer forte mais difícil. Um soluço estrangulado escapou de seus lábios. Por que ele chorava sempre que não conseguia entender algo?

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