42 - Everything Has Changed.

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  Apenas sorrio e balanço a cabeça, em sinal de negação. É claro que sei o que ele quis dizer, afinal é impossível uma indireta mais direta que essa, mas não é por isso que eu preciso "baixar a guarda", como diz meu pai.

- Talvez. - Dou-lhe um sorriso tímido. - Mas é melhor eu entrar, agora. 

   Harry me entrega algumas cartas e eu as pego, logo caminhano em direção à casa. Antes de entrar, viro-me e aceno para Harry, desejando-lhe um bom dia.

  Abro a porta e logo estou dentro de cada.  Noto que todos ainda estão dormindo, então passo na cozinha e - notando que não recebi correspondência alguma, jogo os envelopes sobre a mesa, em seguida pegando um copo com água e subindo as escadas, em direção ao meu quarto. 

(...)

- Anda, pirralho, devolve! - Grito para Thomas, que segura meu caderno com uma das mãos, o suspendendo sobre o aquário. 

- Não. - Ele nega, soltando uma risada.

- ANDA! - Ordeno.

- Já disse que não! - Repete. - Agora vamos ver o que a doce Skye anda escrevendo. 

  Ele abre o pequeno livro em uma página aleatória e começa a recitar um dos poemas bobos que eu havia escrevido em um momento de tédio, qualquer. 

  Thomas fala cada vez mais alto, permitindo que qualquer pessoa pudesse ouvir, mesmo do lado de fora. Na tentativa de para-lo, tento pegar o caderno, mas o garoto corre, abrindo a porta, indo para o quintal.

- Para, Thomas! - Bufo.

- Tudo bem -,ele dar de ombros - não é tão emocionante como eu esperava. - Fala simplesmente, me devolvendo o caderno. Em seguida, volta para casa.

- Bobo. - Sussurro, examinando cada página para me certificar de que nada foi rasurado.

   Ouço uma pequena discussão vindo do galpão, caminho alguns passos até lá, mas logo paro; não queria parecer curiosa.

 As pessoas falam mais alto, quase gritando. Não suportando as dúvidas sobre quem poderia ser, vou até lá e abro um pouco a porta, que range alto, me entregando. 

- Skye? - Harry pergunta, me encarando pela pequena brecha. 

- Oi. - Respondo, envergonhada. 

- O que está fazendo? - Levantando-se da cama, onde estava sentado, caminha até mim.

- Eu? Nada! Apenas ouvi gritos e resolvi verificar se estava tudo bem. - Explico

- Sim, está tudo bem. - Responde, dando as costas e voltando para o centro do quarto. 

- Que bom. - Sorrio.

  Ele apenas sussurra algo e abre a porta do guarda-roupas, tirando de lá uma calça Jeans preta e uma camisa de seda branca, algo que remete um terno, mas com certeza não é, o que é estranho. 

- Vai sair? - Pergunto, encostando na parede. 

- Sim. 

- Para onde? - Sorrio de canto.

- Um jantar. - Ele me encara. - Com uma garota. - Levanta uma das sobrancelhas, sorrindo. 

- Ah legal. - Uma garota? Ele nunca tinha falado em alguém, antes, isso é tão estranho. 

- Eu sei! - Exclama, aparentemente feliz.

- Então... acho que já vou indo. Boa sorte com seu encontro. 

- Obrigado, Skylar.  - Estava prestes a ir embora, até que noto como ele havia me chamado.

- O quê? 

- Eu disse obrigado. - Me olha gentilmente. 

- Não, você me chamou de "Skylar". Por que fez isso? A única pessoa que me chama assim é Matt. - Cruzo os braços sobre o peito, juntando as sobrancelhas.

- Nada. Só achei que esse fosse o seu nome. - Dar de ombros.

- Pois não é. Meu nome é Skye, apenas. - Cerro os olhos.

   Ele parecia diferente, não era mais como o conheci. Havia algo diferente em seu olhar, como se tudo fosse apenas uma mera brincadeira onde ele poderia fazer tudo que quizer.

  Saio do galpão e caminho pelo jardim, de volta para casa. Certa vez ouvi falar que,  por mais que tenhamos ido longe, sempre voltamos para onde tudo começou. Acho que isso se encaixa bem agora, Harry estava distante, nos aproximamos e agora ele parece outra pessoa. 

   Entro no quarto e tranco a porta, em seguida ligo o computador e não vejo nenhuma mensagem ou chamada de vídeo de Matt, o que me preocupa um pouco, mas penso que deve estar muito ocupado com a escola e cuidando da mãe,  então fico mais tranquila.

***

  Hoje já é sempre sexta-feira,  o que significa que papai volta para casa amanhã! 

  O tempo tem passado tão rápido ultimamente e eu só tenho que agradecer por isso, logo me formo no colégio e também irei completar dezoito anos daqui à alguns meses. Prestes a entrar na maioridade! 

    Já passa das 8:00h da manhã e ainda estou aqui, deitada na cama, em uma bolinha sob os lençóis, mesmo que já devesse estar na escola. 

 - Skye, o que houve? - Minha mãe pergunta, entrando  em passos lentos no quarto. 

- Não estou me sentindo bem. -Choramingo.

- Onde dói? - Ela pergunta carinhosamente. 

- Aqui. - Aponto para meu estômago. 

- Tudo bem, hoje pode ficar em casa, mas vai descansar, mocinha! - Ela avisa, apertando minha bochecha. - Eu vou fazer um chá, daqui a pouco trago. 

  Ela sai, deixando a porta entre-aberta para caso eu precise de algo. Me aconchego em baixo das cobertas, me encolhendo para que a dor passasse. 

   Após alguns minutos minha mãe traz o chá para que eu pudesse bebe-lo e avisa que irá na escola de Thomas para uma reunião.  

   Já estando melhor,  levanto-me da cama e vou até a janela do quarto, vendo Harry passear pelo quintal.

- Bom-dia. - Falo.

- Bom-dia! - Ele sorrir.

- Como foi o encontro, ontem? 

- Encontro? - Ele franze o cenho. - Ah, claro. Foi bem! - Responde. 

- Que bom. - Sorrio, não muito animada.

  Sinto minha vista ficar turva e sinto que vou cair, então me seguro no batente da janela.

- Você está bem? - Harry pergunta. 

- Sim. 

  Logo que tento levantar a cabeça para olhá-lo, tudo escurece e sinto meu corpo ir ao chão. 




Não Abra A Porta Para Estranhos [H.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora