Dentro do bosque frio e escuro, Skye tropeçava nas pedras e nos galhos secos, enquanto segurava firmemente a mão de James, que já estava irritado. Ele não achava que o lago seria tão distante.
"Eu só preciso empurrar ela na parte descongelada do lado e deixar a natureza fazer o resto." Foi o que ele pensou, após assistir um documentário sobre a vida animal onde filhotes recém nascidos morriam afogados no rio, quando a mãe não os observava.
Parecia fácil.
O luar distante banhava a copa das arvores ressequidas. A neve branca cobria o chão, como um tapete alvo e frio, sobre o qual as crianças deixavam suas pegadas enquanto se aprofundavam no interior do bosque - pegas essas, que Robert e James seguiam, muitos metros à distância.
- Você tem certeza que eles seguiram essa direção? - Robert arfava, apontando a lanterna em direções divergentes. Suas mãos descobertas estava trêmulas.
- Sim, mas as pegadas vão desaparecer em pouco tempo, está começando a cair mais neve. - Harry mantinha os olhos atentos no chão, e os ouvidos em alerta.
Robert não pôde evitar um breve suspiro, admirado. Seu olhar caiu sobre o pequeno rosto preocupado do filho, e ele pode notar algo que, em todo esses anos, nunca havia percebido, algo que o deixou fascinado.
Um pequeno sorriso escapou de seus lábios, chamando a atenção do garoto, que franze o cenho ao encará-lo.
- O que foi? - O vento frio soprava, bagunçando seus cachos.
- Eu nunca tinha notado isso... - Robert agora mantinha o olhar no chão, chutando folhas secas que apareciam em seu caminho.
Um minuto de silêncio.
- Você parece com a sua mãe. - Os olhos do mais velho marejavam. - É inteligente demais para a sua idade... fico feliz em saber que você puxou mais à ela do que à mim.
Ele funga, passando a mão gelada sobre o rosto, e em seguida desviando o olhar para a direção contrária a que Harry estava.
Antes que o garoto possa responder, um barulho chama a atenção dos dois.
Não muito distante de onde estavam, um galho seco parecia ter sido partido, fazendo o barulho ecoar.
Robert aponta a lanterna naquela direção, fazendo com que duas pequenas silhuetas sejam avistadas.- James?! - O homem chama, apertando os olhos para enxergar melhor.
Ao perceber que haviam sido avistados, James segura Skye, colocando-a nos braços e correndo, seguindo a pequena trilha que havia encontrado alguns minutos antes.
A luz da lanterna que carregava estava fraca, mal iluminando alguns metros à frente, porém ele continuava correndo com a menina nos braços, desviando das árvores ao redor e dos troncos caídos.Com lágrimas nos olhos, Skye grita ao perceber que seu colhinho de pelúcia havia escorregado por entre suas mãos e sido deixado para trás.
- Bunny! - Ela chorava, com os dedos minúsculos apontados na direção do bichinho. - Hazz, o Bunny caiu!
Discretamente, James sorriu ao pensar na inocência da criança que ainda achava que ele era mesmo Harry. Porém, ignorando as súplicas para parar, ele apenas continuou correndo, sendo perseguido por seu pai e seu irmão.
Robert se esforçava, porém seus músculos não eram tão resistentes quanto os de uma criança de 12 anos, e o corpo coberto apenas pela camiseta não o aquecia, fazendo com que sua respiração fique cada vez mais pesada, o que torna difícil correr. Por alguns segundos sua visão torna-se completamente desfocada, fazendo-o tropeçar em uma pedra e cair, alguns passos atrás de Harry, que, mesmo temendo perder James de vista, volta para ajudar o pai.
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Não Abra A Porta Para Estranhos [H.S]
Mystery / Thriller"Abrir a porta" esse é um ato comum que exercemos todos os dias. Pode ser a porta do seu quarto, do elevador ou até mesmo do armário, abrimos ao menos uma porta diariamente. Mas e se esse simples ato, pudesse mudar tudo na sua vida? Se ao abrir a po...