Capítulo Dez

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Assim que saímos do colégio, vi Peter de pé ao lado do carro, não dava para saber se ele estava me vendo ou não, já que estava de óculos escuros e até então não havia feito movimento algum. Me virei para Noah e me despedi dele com um abraço apertado.
― Já vai? ― Perguntou retribuindo o abraço.
― É ― assenti. ― Eu preciso ir ― soltei meus braços de seu corpo e ele assentiu com um sorisso e acenou um tchau com a mão enquanto eu andava em direção a Peter.
Assim que me aproximei o suficiente, Peter abriu a porta do carro para que eu entrasse, e me senti uma patrícinha, já havia pedido à ele para que não fizesse isso, mas insistia em debater que isto fazia parte da sua função de motorista particular, então eu apenas revirava os olhos enquanto me afundava no banco.
― Podemos ir para casa, senhorita? ― perguntou Peter assumindo o volante.
― Me leve para ver Emma.
― No hospital? ― questionou. ― Seu pai a quer em casa cedo. Foi o que ele pediu para informa-la.
O encarei pelo retrovisor por algum tempo, assim como ele me também me encarava aguardando uma resposta. Poderia ir para casa e ver um senhor Winchester feliz e ficar sem ver Emma por um bom tempo já que vou começar ensaiar.
Ou poderia ver Emma e ignorar o mau humor de meu pai como sempre fazia.
― Me leve a Emma ― repeti e ele assentiu sem exitar e nem mesmo me questionar novamente por isso.
Peter estacionou o carro em frente à entrada do hospital, ele murmurou alguma coisa sobre ir resolver umas coisas e pediu que eu ligasse quando estivesse pronta para ir embora. Escorreguei para fora do carro, e caminhei em direção as grandes portas de vidro, que se abriram assim que me aproximei. Acelerei os passos ao me aproximar da recepcionista, que sorriu gentilmente ao perguntar meu nome. Logo depois de achar meu nome nos dados e me entregar um crachá com o número do quarto de Emma e a palavra "visitante" impressa em uma das superfícies, ela permitiu que eu entrasse.
Andei pelos corredores com passos largos, atravessei a ala infantil meio admirada com os desenhos nas paredes, mas como todas as outras vezes que vim visitar Emma, não parei para analisar nenhum, não queria desperdiçar tempo. E também não queria irritar meu pai com mais atrasos, ele me queria em casa cedo, eu chegaria cedo, mas apenas depois de ver Emma.
― Emma ― chamei assim que a vi na cama. Por alguns segundos ela não se mexeu e nem eu, apenas a observei enquanto me mantinha escorada no portal da porta.
― Anne ― disse enquanto se sentava na cama. Fui até ela e sentei ao seu lado. ― Achei que não viesse hoje.
― Você está bem? ― perguntei ao perceber que sua respiração estava um pouco fora de ritmo e seu rosto um pouco pálido, provavelmente deve ter sido devido a recaída que ela teve ontem, mas ainda espero que ela realmente esteja bem.
― Estou ― murmurou sorrindo. ― E você como está?
― Estou bem. Aliás, quero ajuda sua com algo ― digo e vejo um sorriso se formar em seus labios, enquanto sua expressão mudava para algo parecido com curiosidade. Procurei pelo papel com a letra na mochila e assim que o encontrei deixei a mochila pelo chão e o entreguei a Emma.
Observei seu olhar deslizar pelo papel e seus lábios se abrirem sem emitir som.
― Essa música ― disse finalmente. ― Ela é linda, eu já a ouvi em algum lugar. ― Seus olhos voltaram a olhar o papel e seus labios a se abrirem, mas dessa vez emitiu som, ela estava cantando em um bom ritmo.
― Lembrei ― disse me devolvendo a folha. ― Tocou no dia final do campeonato. Por que esta com ela?
― Irei canta-la no festival... com o Asher.
― O garoto do seu colégio? ― perguntou e assenti. ― Ah meu Deus. Que legal.
― Não é legal, é estranho.
― É legal, e nada estranho. Vão cantar, se apaixonar, e serem felizes para sempre.
Comecei a rir e Emma também.
― Já estou apaixonada ― admiti pela primeira vez.
― Um passo a menos ― murmurou rindo. ― Depois de cantar já partirão para o felizes para sempre.
― Você é maluca ― murmurei rindo.
― Já me disse isso antes.
Sorri e baguncei seu cabelo o que a fez rir e me empurrar pelos ombros, quase me fazendo cair com a cadeira.
Emma, apesar de estar enfurnada em um hospital 24 horas por dia, sempre arranjava um jeito de ver o lado maravilhoso das coisas. Uma coisa que todos deveriam aprender, inclusive eu e meu pai.
― E precisa de minha ajuda para quê?
Seus olhos voltaram a se concentraru no papel em minhas mãos, assim como os meus.
― Eu nunca ouvi essa música, não sei o ritmo, o tom, não sei nada.
A garota ao meu lado se levantou e começou a procurar algo entre um armario que ali estava. Depois de ter achado o fechou e voltou para perto da cama.
― Toma. Eu tenho ela aqui ― disse me entregando um aparelho celular.
Peguei e procurei a música, assim que achei coloquei para tocar e ficamos a ouvindo enquanto eu tentava cantar.
A música era excitante, me dava vontade de cantar mesmo sem saber a letra toda e também me fazia querer dançar, o que não era nada adequado no momento.
Emma me ajudou com a música, ela me fez ouvir a mesma parte tantas vezes, que cheguei a me sentir enjoada. E quando ela finalmente cansou de ouvir a música, eu já havia decorado a letra até mesmo de trás pra frente. Olhei as horas no visor do celular de Emma e me espantei, havia quase uma hora que eu estava ali. Suspirei, imaginando os níveis negativos em que poderia estar o humor de meu pai nesse momento.
Me despedi de Emma com abraço e um sorriso, então corri para fora com a música dando voltas na minha cabeça. Devolvi o crachá à recepcionista e sai porta a fora, procurei por Peter, mas não o encontrei. Eu já estava procurando o número de Peter nos contatos do meu celular quando a vi se aproximar, normalmente com a face rígida de quem comeu e não gostou.
― O que faz aqui? ― perguntei enquanto ela se aproximava.
― Seu pai pediu para que viesse te buscar. O carro dele estragou e Peter teve de ir buscá-lo na empresa.
Abri a boca, mas não disse nada tudo é qualquer coisa seria motivo de discussão, apenas a segui até o carro e quando entrei, ignorei sua falsa tentativa de puxar assunto, e tão logo ela desistiu de o fazer. A pressão entre nós era visível, eu mal conseguia respirar ao lado dela, sabia que ela usaria qualquer oportunidade para me atacar novamente, indagando e exclamando que eu era o que causou a morte de minha mãe e se negando a dizer como, me deixando a uma palavra de perder a cabeça.

Me desculpem pela demora e capítulo pequeno, compenso no próximo. Juro <3

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