Um sorisso surgiu nos lábios de Asher quando me viu subindo a escada do palco. Ele veio de encontro a mim enquanto deixava claro o quanto estava contente e animado. Eu estava confusa, mas ao mesmo tempo eu não conseguia disfarçar o quanto ele havia me deixado feliz.
Ele me passou um dos microfones que estavam em suas mãos e aguardamos enquanto a professora agradecia a presença de todos e desejava uma boa apresentação.
Seriamos os primeiros a nos apresentar, e quanto mais próximo chegava desse momento, mais o frio na barriga crescia.
Percebo um olhar fixo em mim, e o encaro. Pela primeira vez, em meses, eu tive a certeza de que por um momento Asher Clark estava pensando em mim também.
― Com vocês, Marianne e Asher ― disse a professora e a cortina se abriu. Meu olhar que a pouco se mantinha nele, percorreu todos os alunos do colégio, e eu travei enquanto o musical começava a tocar nas pequenas - porém barulhentas -, caixinhas de som.
Asher cantou a primeira parte, enquanto eu me mantinha ali, no mesmo lugar, com medo de que por algum motivo minha voz não saisse. E foi exatamente isso que aconteceu.
O musical continuou a tocar e Asher olhou para mim e eu apenas continuei petrificada.
― If you're not ready to go home
Can I get a: Hell, no
'Cause we gonna go all night
'Til we see the sunlight, alright ― cantou Asher no meu lugar e o agradeci mentalmente por isso enquanto minha única vontade era correr dali, mas não era somente minha voz que estava travada.O olhar de Asher percorreu todos, assim como o meu, e depois ele me encarou e começou a andar para perto de mim, sem parar de cantar.
― This is our house
This is our rules ― E sua mão tocou a minha enquanto nossos olhos se encaravam. ― Eu estou aqui ― disse sem emitir som.Fechei meus olhos e minha mente reproduziu todos os ensaios que tivemos, e por uma fração de segundos eu pude jurar que só estávamos nós dois ali.
― And we can't stop
And we won't stop
Can't you see it's we who own the night?
Can't you see it we who 'bout that life?
And we can't stop
And we won't stop
We run things
Things don't run we
Don't take nothing from nobody ― Cantamos juntos, com nossas mão entrelaçadas.Gritos fortes vinham da plateia, e a voz de Lauren era a única que eu reconhecia.
Abri meus olhos e encarei o garoto ao meu lado. Enquanto ele cantava a sua melhor parte.― To my homegirls just trying to leave it all
Shaking it like they can’t get enough
Remember only god can judge us
Forget the haters cause somebody loves ya
Memories made to the nights trough
Surrounded by the ones who love you.
We all so turned up here
Getting turned up, yea, yea― So la da da di we like to party
Dancing you and me
Doing whatever we want
This is our house
This is our rules
And we can’t stop ― Apertei sua mão e ele sorriu.― And we won’t stop
E o silêncio prevaleceu por poucos segundos e do nada, todos começaram a aplaudir, pude ver Noah gritando lá embaixo junto com Lauren e aquilo me fez sorrir. E em um impulso, eu e Asher nos abraçamos e eu nem sei por quanto tempo.
***
― Vocês se abraçaram na frente de todo mundo? ― perguntou contente e eu apenas disse que sim.Eu não aguentaria ficar sem ver Emma, esperar mais um ou dois dias para contar tudo a ela, eu precisava vê-la e ao mesmo tempo precisava fugir do que poderia estar me esperando em casa. Por mais que eu quisesse toda a verdade, nesse momento eu vejo que não estou e nunca estive preparada pra ela.
― O que aconteceu? ― perguntou. ― Imaginei que ficasse mais feliz por finalmente ter beijado o Asher.
― É que... ― dei uma longa pausa, enquanto tentava conter as lágrimas que queriam sair de mim.
Eclâmpsia.
Passei a mão no rosto e respirei fundo enquanto dizia a mim mesma: ja passou, está tudo bem.
Mas a verdade é que não estava bem. Eu estava contente pelo Asher, é claro que eu estava, mas eu não estava contente pelo que eu soube da minha mãe, mesmo que tenha sido o que eu buscava por 15 anos.Esperava que fosse verdade, que meu pai e todos tivessem sido sinceros comigo esse tempo todo, mas a verdade é que nenhum deles foi. Nenhum deles chegou em mim e me disse o que realmente havia acontecido.
Por que infelizmente eles também sabem que a causa da morte dela foi exclusivamente eu. Que se tivesse me tirado, ainda estaria viva e com todos eles.Os braços de Emma me puxaram pra si e só ai me dei conta do quanto eu estava chorando.
― Está tudo bem, Anne ― murmurou.
― E-eu matei ela ― disse entre soluços. ― Ela morreu no meu parto.
Foi minha culpa, Emma.Senti meu corpo ser apertado com mais força, e em seguida um choro, mais fraco que o meu, mas que ao mesmo tempo mostrava o quanto aquilo a afetava também.
― Ela está viva dentro de si e estará para sempre ― confortou Emma. ― E eu estou aqui.
O choro fraco de Emma se tornou em um choro desesperado em questão de segundos.
E naquele momento eu não entendi, mas Emma estava me dizendo que iria partir.
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[Inspire]
Romance' Segundo Livro de [Pulsos] ' Quando você tem a sua vida em torno de mentiras e explicações estupidas, você se sente mal. É assim que Marianne Carter Winchester se sente e é por esse motivo que ela se automutila constantemente. Sem saber a verdad...