Capítulo Dezenove

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Eu estava acabada, tanto fisicamente quanto espiritualmente. Quando ousei me olhar no espelho para arrumar o meu cabelo, a noite mal dormida estava visivel em meus olhos que se mantinham cheio de olheiras pretas. Procurei uma base em meio a bagunça que se mantinha a minha penteadeira e assim que achei, passei um pouco tentando diminuir.

Acho que deu certo!

Havia chegado em casa lá pelas 2 horas da manhã, depois de Boby ter feito os exames e os curativos, ele recebeu alta e me deixou em casa. Mas eu não consegui dormir, eu não consegui parar de pensar 1 minuto se quer em tudo o que havia ocorrido.

O Luke, meu pai, não era uma pessoa tão boa quanto eu achava.

Lembrei dos seus olhos cheio de lágrima e do quanto seu rosto demonstrava raiva, mas eu tinha certeza que não era somente raiva do tio Boby, era raiva de si próprio e talvez de mim.

Boby me pediu desculpas por tudo e eu pedi desculpas para ele também, eu não posso agir assim sempre quando uma coisa acontece, eu quis por muito tempo a verdade e quando finalmente ela chegou, eu surtei e falei que os odiava.

Eu não os odeios.

Eu não tenho raiva.

Mas eles podiam ter evitado isso tudo, eu não.

Amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo e peguei a mochila pela alça direita, e quando a ajeitei nas costas eu abri a porta do meu quarto e desci, implorando mentalmente para que meu pai não estivesse mais ali.

Infelizmente ele estava. No mesmo lugar de sempre, tomando tranquilamente seu café da manhã preparado pela Maria. Dei uma única olhada de relance para suas costas e depois olhei para a porta principal da casa, e fui até ela o mais rapido que eu conseguia, sem parecer que eu estava querendo fugir. E quando minha mão tocou a maçaneta a puxei saindo rapidamente e entrei para o carro de Petter.

Eu poderia jurar que meu pai abriria aquela porta e viria me dar um carão, mas nem sinal dele, nada. Talvez ele não tivesse me visto, mas eu poderia jurar que sim.

― Tem que chegar mais cedo na escola ou apenas caiu da cama? ― perguntou Petter enquanto abria a porta do motorista e entrava.

― Eu nem dormi ― respondi e ele ligou o carro e seguiu para o colégio.

Ja era novamente uma Segunda-Feira, e eu infelizmente não tive férias, já que teve bendita aula Sábado e no Domingo eu tive o ensaio com a banda. O que não ocorreu muito bem, já que Asher estava definitivamente indiferente a mim.

Eu não sei que rumo a minha vida está tomando, eu só sei que eu adoraria que alguém pudesse resolver as coisas para mim.

Noah estava entretido com o livro de quimica a sua frente, apenas me sentei ao seu lado e deitei a cabeça em cima da minha mochila enquanto meu corpo pedia que eu fechasse os olhos e dormisse, e minha mente não me deixava descansar.

Lembrei das coisas que Boby me disse e de tudo que ocorreu na noite passada.

Eclâmpsia.

Isso havia matado a minha mãe, e todo mundo me escondeu isso por longos 15 anos, e eu sabia bem o porquê. Eu havia causado a morte dela, mesmo sem ter tido essa escolha.

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