Não sei mais ficar sem você.

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Gabyelly
Fazia um tempo que estava escondida na Suíça, fiquei sabendo que o FBI estava atrás de mim, queria me divertir um pouquinho e fugir da responsabilidade de ser eu por um tempo.
Pedro havia fugido da prisão na cede do FBI e meu pai estava maluco comigo, como se eu tivesse culpa. Toda vez que eu podia eu falava com Anna e Anelize para me certificar que estavam bem, Lookwod não dava as caras desde sua prisão, parte de mim daria tudo para vê-lo correndo contra o tempo agora, a outra parte, a que eu queria matar, estava preocupada com ele.
Os dias se passavam arrastados, na primeira semana eu aguentei a maior parte dos pesadelos, mas conforme o tempo passava eu me sentia mais pesada por dentro, era como uma reabilitação para mim e quer saber? Era horrível.
Eu não dormia praticamente nada, cada vez que fechava meus olhos eu voltava para o único lugar no mundo que eu não queria estar, quando eu achei que não podia piorar eu não conseguia mais piscar a luz do dia que escutava os gritos daquela noite, comecei a procurar um jeito de me manter ocupada, mas tudo que eu começava a fazer acabava me levando novamente até ele. Eu não sabia mais qual dos pesadelos era pior, estar apaixonada por um assassino não era a melhor parte da minha vida. Pode ter certeza que isso não daria um livro romântico sobre jovens proibidos pelo mundo em que vivem de ficarem juntos e no final todos aceitam eles ou aceitam depois da morte dos dois.
O dia que me dei conta do que estava fazendo eu quis me levar até um penhasco e me jogar dali. Minha mesa do quarto estava coberta por livros, mapas, papéis marcados e telefones anotados. Eu havia mapeado cada lugar em que Lookwod foi visto nos últimos 3 meses. Eu estava até agora tentando me entender, cada vez que o Pedro aprontava alguma eu sabia qual seria o próximo passo sem ao menos olhar para o lugar. Sabia que deveria ir até o FBI e contar o que eu descobri na hora mas eu estava de férias.
Quem eu quero enganar? Eu não havia tomado coragem de entregá-lo novamente, eu queria pegar ele, mas estava com medo, eu já me provei o contrário, eu não mataria ele é não sei como conseguiria entregá-lo, ele sabe que eu seria capaz disso agora e provavelmente não tentaria outra coisa a não ser jogar isso na minha cara.
Quando decidi vir para a Suíça eu achei que iria conseguir fugir disso um pouco, achei que meus pesadelos me deixariam em paz, achei que seria capaz de me achar melhor longe de casa. Mas estava errada, mesmo que eu arrumasse um jeito de matar todos daquela família meu coração ainda doeria todos os dias, eu sentia falta da minha mãe, sentia da minha irmã e sentia de como eu era antes disso tudo acontecer, várias vezes no dia eu me pegava chorando, eu nunca fui forte, não conseguia me por em pé depois de uma derrubada de coração partido dessas, eu não conseguia achar uma solução para nada disso e tudo parecia mais longe ainda visto do fundo do poço.
Agora eu estava aqui, sentada no chão de um quarto luxuoso no centro da Suíça com garrafas de vinho espalhadas pelo chão e papéis amassados por todo canto. Tentava me fazer acreditar que tinha acabado, talvez enganar minha cabeça ajudaria o sessar a dor que eu sentia, mas estava enganada. Depois da terceira garrafa eu não aguentava mais me levantar, havia jogado a taça contra a parede e assisti os cacos caindo por tudo. Engatinhei até o frigobar e peguei mais uma garrafa. Me encostei na parede e fechei os olhos.
Nossa como eu era ridícula, tomei um gole do vinho caro, porque não tive uma família normal? Deus devia ter raiva de mim por alguma coisa. Eu estava perdida e não conseguia achar o caminho, nunca achei na verdade.
Uma menina mimada com medo da própria loucura.
Comecei a rir de mim mesma, eu não aguentava mais essa palhaçada comigo, eu era uma piada. Sentia as lágrimas descendo pelo meu rosto e escorrendo pelo queixo. Mesmo com a risada fria eu sentia o coração queimar. Escutei passos no corredor, fechei os olhos e encostei a cabeça na parede. O show vai começar.
Minha porta se abriu com força fazendo a metade dos papéis voar contra mim.
-Agente Cooper. -Era a voz do meu pai.
-Não sou eu. -Me embolei com as palavras, ri sem necessidade ainda com os olhos fechados.
-Então essa é suas férias tão desejadas? -Senti ele se aproximar, abri os olhos. Meu quarto estava cheio de homens uniformizados recolhendo os papéis e mapas.
-O que faz aqui majestade?
-Temos trabalho a fazer e acho que você já descansou o bastante.
-Ninanina não. -Ri. -Você tem trabalho eu não.
-Já chega. Vamos lá. -Meu pai me levantou do chão e jogou a garrafa para um de seus homens segurar, me forcei a ficar parada mas ele não me deu opções, simplesmente me colocou em seus ombros e me carregou portar a fora.
-Escuta. -Solucei. -Se eu vomitar a culpa vai ser shua.
Fui ignorada, quando a porta do elevador se abriu ele me virou novamente e me encostou na parede para eu não cair de cara no chão, apoiei minhas mãos soadas nos joelhos. Estava tudo girando. Meu pai me olhou e disse alguma coisa que eu não entendi, minha visão foi escurecendo e eu cai em seus braços, senti os pesadelos me engolindo. Não, não, não...

Destinos traçados(andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora