Quando cheguei no local onde Tony havia marcado no GPS, sai do carro. Um prédio abandonado estava à minha frente, não tinha menos de cinco andares. Repassei novamente o plano, segui para a porta de trás como combinado, um dos meus homens abriu a porta com uma chave especial, entrei e dei de cara com uma escada.
-Provavelmente o elevador não está em funcionamento, você e você -Apontei pra dois homens -quero que fiquem aqui. Os outos subam em dois.
Subimos e em cada andar vasculhamos cada canto, nenhum sinal dele.
Quarto andar, abrimos uma nova porta e lá estavam eles, Lookwod estava de costas para a porta, tinha três homens ao seu lado esquerdo e ao direito uma mulher morena. Não era a Alex, tinha certeza.
-Finalmente chegou Cooper, achei que seu pai não fosse realmente mandar você.
-Vire-se. - Ele virou e uma onda me atingiu, ele era mais bonito do que na foto, seus cabelos escuros estavam levantados em um topete, com uma camisa branca deixava claro que tinha feito muitas outras tatuagens do que estava em sua ficha, seus músculos estavam mais definidos.
-Me observando Cooper? -Ele sorriu de lado.
-Levante as mãos Lookwod. Agora.
Ele fez um movimento com a mão para um dos seguranças dele levar a mulher que estava ao seu lado para fora.
-Me chamando de Lookwod você fica sexy de mais.
-AGORA, LEVANTA A PORRA DAS MÃOS.
-Acho que não vai rolar não, amorzinho.
-Prendam ele.
-Acha mesmo que vai ser fácil assim? Você não é burra, pense bem, acha que eu deixaria você entrar aqui com vinte homens sem saber como agir? -Ele sorriu, um sorriso frio, igual seu pai. Me arrepiei dos pés à cabeça -Prendam-na
Meus homens, ou era o que eu pensava, me desarmaram e prenderam meus baraços atrás.
-Seu filho da puta.
-Que educação ein. -Ele sorriu e chegou perto de mim, sua boca estava perto, senti o hálito doce que ele tinha.
Eu sabia exatamente como escapar desses babacas, só estava ganhando tempo, fracotes.
-Seu pai teve muita coragem de mandar você até aqui, já que matei todos seus soldados "treinados". -Ele fez aspas no final, bandido metido a besta. Meu pensamento foi interrompido quando escutei dois dos meus homens que eu havia posto lá em baixo arrombando a porta, girei o pulso e me abaixei, peguei minhas armas na minha bota e com quatro disparos rápidos acertei quatro capangas, apontei as duas armas para o Lookwod e ele apontou, na mesma hora, a dele pra mim, dei um sorrisinho. Desarmei fácil ele deixando-o boquiaberto. Soltei as três armas. E dei um passo para a frente, ele me encarou e avançou em mim dei um giro rápido e o acertei nas costas fazendo-o cai de barriga no chão, ele levantou rápido e com as pernas me derrubou no chão, puxei seu braço e dei uma volta até estar atrás dele novamente, bati o joelho nas suas pernas fazendo com que ele caísse de joelhos, abaixei e peguei uma faca na minha panturrilha, senti dois homens me agarrando por trás, um tiro na cabeça de um deles fez o outro me soltar, Tony estava na porta com minha pistola em sua mão, passei por cima dos corpos e cheguei até ele, e descemos correndo as escadas.
Chegamos até o térreo e saímos pela porta frontal, entrei em seu carro.
-Não deu muito certo não é? - Sorri, as pessoas sempre acham que eu não tenho um segundo plano.
Peguei um mini disco que estava acoplado atrás da minha orelha, apertei o botaozinho vermelho que estava em cima e um relógio começou a contar. 3..2..1... Uma explosão fez a estrada tremer e a fumaça nos atingiu em cheio.
-Nunca ache que não tenho segundos planos. Vocês têm uma péssima mania de achar isso. -Coloquei o meu cinto de segurança e encostei a cabeça no banco de couro do carro. Meu pai me paga.
-Você é terrível. -Sorri fraco com o comentário e virei para a janela vendo a estrada passar rápido do lado de fora. Mordi meu lábio inferior, minha mãe, o que ela acharia de mim agora? Ela nunca suportou o trabalho do meu pai, sempre dizia que não era isso que ela queria para nossa família, uma vez, quando eu era pequena, ouvi uma discussão deles -meu pai nunca discutia com minha mãe, eles eram unidos, mas quando envolvia trabalho a coisa mudava. -minha mãe estava chorando enquanto sussurrava sem parar que meu pai toda noite chegava em casa com a morte manchando suas mãos, ele não aceitava o fato de que ela não apoiasse, mas o que ela poderia fazer? Ela havia pedido pra ele a separação uma noite em que brigaram, mas ele a convenceu com a mesma desculpa, o amor. Bom, eu não tive tempo de perguntar à minha mãe como era amar alguém, como era sentir a paixão pela primeira vez e escutar "quando você crescer você vai entender" ou escutar dizendo que as coisas eram complicadas quando se tratava de paixão, meu pai nunca mais se apaixonou por ninguém, pelo menos ele não demonstrava isso. Eu sabia que não conseguiria amar ninguém, não sabia fazer isso, Tony era minha paixão platônica que eu sem querer usava pra me distrair, gostava de sua companhia mas isso não era amor, não me impedia de pensar em morte ou de matar as pessoas, não daria minha vida pela dele nem construiria uma família com ele. Acho que não construiria uma família com ninguém, mesmo que eu amasse a pessoa, vi o que aconteceu com a minha, meu pai, seu trabalho, nosso trabalho, era perigoso, coloca as pessoas que amamos em perigo, tudo sempre vinha de morte. Minha mãe tinha razão afinal, as mãos dele eram manchadas com sangue, as minhas eram, a morte estava nos meus dedos, os dedos que puxavam o gatilho de armas e matavam pessoas. Eu sempre encontrava uma desculpa para isso, eu matava gente que matava gente, porém, como consequência, pessoas inocentes morriam. Não adiantava, não tinha remorso, não tinha nada dentro de mim. Era vazio.
Vinte minutos depois estávamos na delegacia, entrei, pela cara de todos eu estava horrível, passei pela secretária do meu pai, sem dar ouvidos a ela que me pedia pra esperar. Abri a porta e meu pai estava aos amassos com uma loira oxigenada, senti minha raiva vindo a tona, dei um murro na porta e, onde tinha vidro, foi quebrada.
-ME MANDOU ATRÁS DE UM FILHO DA PUTA SABENDO QUE EU PODIA MORRER NISSO E ESTÁ AOS BEIJOS COM UMA PUTA NA SUA MALDITA SALA?! QUE PORRA É ESSA?!!
-Gabyelly, olha bem como fala comigo.
-OLHA VOCÊ SEU BABACA, ME COLOCA EM RISCO COMO SE EU FOSSE UM SOLDADINHO QUANDO VOCÊ PRECISA EM VEZ DE IR LÁ E FAZER A MERDA DO TRABALHO.
- Você escolheu essa vida Gabyelly, é SEU trabalho, eu comando e você obedece, então veja onde joga suas palavrinhas de criança mimada. -A vadia que estava em seu colo já estava lá longe, encostada na parede, encarei a mulher que ria das palavras que meu pai lançava em mim, " criança mimada." Olhei para o homem que eu chamava de pai que me encarava com o rosto vermelho de raiva, peguei uma arma que estava no meu colete, nem precisei olhar pra saber que tinha acertado, escutei a piranha oxigenada gemer de dor quando uma bala rasgou a pele do seu braço esquerdo, meu pai piscou assustado e eu trinquei o maxilar.
-Vá a merda. -Sai batendo os pés com força daquela sala, meu corpo estava dolorido, minha adrenalina estava a mil. Preciso sair daqui. Corri ao banheiro e arrastei duas estagiárias que se maquiavam em frente ao espelho, bando de putas. Dei um soco no espelho fazendo com que ele se espatifasse e um molho de sangue começasse a escorrer das minhas mãos. Lembranças do assassinato na minha casa passavam igual fotos na minha cabeça.
"Não.. Me mate... Mas deixe minhas meninas em paz...."
"De continuidade a essa história"
"Me encontre"
Sangue, gritos, pedidos de socorro em vão, um tiro....
-CHEGA! -Gritei com força. Minha garganta estava doendo muito. Bati minhas costas na parede e escorreguei até o chão. Não consigo mais. Não dá mais. Comecei a escutar os sons de novo, tiros, gritos, sussurros pedindo minha piedade... Tapei os ouvidos com força mas nada que eu fazia anuía o barulho na minha cabeça.
-Amiga? Você está aí? Abra a porta. -Anna bateu na porta fazendo tudo sessar tirei as mãos do ouvido. -Abre amiga. -Pela voz estava nervosa. Conseguia ver ela mordendo a bochecha do outro lado.
-Está tudo bem Gaby, abre. Somos só nós. -Lize.
Não podia deixar que me vissem assim, limpei as lágrimas na minha manga e tentei me recompor mas tinha sangue no chão todo e minha mão e minha têmpora latejavam. Abri a porta e elas entraram. Me abraçaram e me ajudaram a limpar o sangue da minha mão e meu pulso. Sem dizer nenhuma palavra saímos do banheiro. Tony estava parado na porta da delegacia encostado em meu carro.
-Acho que alguém precisa dormir um pouco.
-Vejo vocês amanhã.
-Eu levo você. - Sabia que ele iria tentar me levar mas não estava afim de companhia agora, tudo que eu precisava era ficar sozinha.
-Não, tudo bem, vou ficar bem, parem de me tratar como criança.
-Não tratamos você como criança By, você não está bem. -Ele segurou meu braço pra me fazer parar mas eu me afastei dele.
-Vou ficar bem. Já falei.
Dei a volta e abri a porta, antes de entrar disse que estava bem mesmo e dei boa noite, pelo menos pra eles espero que seja uma boa noite. Não pude evitar ser grossa, não quero que fiquem comigo hoje porque sei que vou ficar acordada a noite toda, não gosto que fiquem me perseguido como se eu fosse quebrar. Dirigi até a metade do caminho da minha casa e virei na direção do cemitério.
Cheguei, abri a porta do meu carro, mordi meu lábio. Caminhei até o portão principal, um porteiro me parou.
-O que quer? -Ele me comeu com os olhos enquanto eu colocava minhas mãos dentro do casaco pra evitar dar um soco na cara desse imbecil.
-Preciso entrar, agora.
-Estamos fechados princesa, não está vendo?-Peguei meu distintivo do meu bolso de trás e quase esfreguei na cara dele.
-Esta vendo isso querido? É melhor abrir antes que eu faça você parar do outro lado desse cemitério. -Sorri falsa com a cara de assustado dele. Sem discutir ele abriu o portão e abaixou a cabeça. Passei por ele e fui até o túmulo da minha mãe, ao lado ficava o da Faby, minha irmã. Parei em frente e fechei os olhos deixando as lágrimas escaparem. As lágrimas que eu nunca deixava cair, hoje eu estava tão cansada, não pude evitar, estava cansada de tudo. Teve um tempo que eu me perguntava se meu pai tinha pesadelos como eu. Mas nunca tocamos no assunto, nós se quer conversávamos. Solucei como uma criança, todas as lembranças estavam vindo novamente, as vozes, o medo. Eu preciso acabar com isso. De uma vez por todas preciso acha-lo e matá-lo, Fazê-lo pagar por tudo. Eu vou..
-Juro que vou mãe, vou fazê-lo pagar, por ter feito você sofrer, pelo coração que ele fez parar de bater, vou matá-lo por você. Por vocês.
Enxuguei as lágrimas e sai daquele lugar, entrei no meu carro e sai cantando pneus.
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Destinos traçados(andamento)
DiversosGabyelly Cooper não teve uma infância muito fácil muito menos doce. Criada somente por seu pai, um comandante especial do FBI, Gabyelly se vê diante do amor que é capaz de consumi-la. Desesperada para fugir disso ela passa por vários solavancos em s...