Estaca zero

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Gabyelly
-Não faça assim.
-Assim como? -Ele sorriu.
-Não faça eu me apaixonar.
-Devolvendo os favores, anjo. -Pedro sussurrou no meu ouvido.
Beijei ele, eu não queria parar, cada toque dele era hipnótico para mim, eu não queria que acabasse isso, mas eu teria que tomar uma decisão para mim, minha vida não podia se resumir a nós dois. Eu estava presa aqui, mas sabia que lá fora eu tinha coisas a resolver, por ora, eu preferia me deixar hipnotizada por ele.
Uma batida na porta fez nós dois nos soltarmos. Pedro parecia irritado.
-O que foi agora porra?
-O carregamento chegou, cara. -Desci da mesa e Pedro me olhou.
-Já vou. -Seus lábios grudaram nos meus. -A gente termina isso hoje à noite.
Saímos da sala de mãos dadas, conseguia ouvir conversas lá embaixo, coloquei a arma no cano do meu all star, como fazia quando era aprendiz do meu pai.
Quando descemos uma fila de mulheres estava posta ao lado da parede, três homens conversavam com Luccas e Caio, seus olhares me encontraram e eu parei onde estava, um homem alto com uma cicatriz no rosto sorriu para mim e eu o reconheci, ele era um dos traficantes que meu pai buscou por um tempo até o FBI pegar o caso do Pedro, ele deve ter percebido nossa troca de olhares porque perguntou, bravo:
-Perdeu alguma coisa aqui?
-N-não. -O homem gaguejou, peguei na mão do Pedro novamente para tentar controlar a vontade de pegar minha arma.
-Onde está o dinheiro Lookwod? -O segundo homem perguntou com uma arma na mão, Pedro foi até uma mesa e abriu uma gaveta pegando um pacote de dinheiro e o arremessou para o homem que imediatamente começou a contá-lo enquanto os outros faziam o trabalho de contar as mulheres que sorriam e acenavam para os meninos, Pedro, principalmente. Estreitei os olhos para uma oxigenada que deu uma rebolada para ele, quando me viu ela fechou a cara.
-Fique com Luccas, vou terminar isso para irmos para cara. -Lucca abraçou meus ombros e eu encostei na parede ao lado dele.
-Pedro parece gostar mesmo de você.
-Isso não vai acabar bem, para nós dois. -Ele riu baixinho.
-Por que acha isso? -Essa foi minha vez de rir, mas dessa vez uma risada irônica.
-Porque eu sou policial(?).
-Desde que vocês tomem cuidado, não vejo problemas.
-Sério? Eu vejo. Como vou namorar um cara que mata pessoas se meu trabalho é prendê-lo?
-As vezes você precisa ver mais além, gatinha. -Revirei os olhos e me concentrei no trabalho dos meninos lá na frente.
O traficante que foi procurado pelo FBI estava me olhando ainda, queria matá-lo, ligar para o meu pai é mandar vir buscar o corpo desse imbecil aqui. Ele foi acusado por abuso a menores de idade, além de tráfico e homicídios. Vários. Só a ideia dele abusando de inocentes me fazia querer descontar minha raiva nele.
-Conhece ele? -Luccas perguntou.
-Conheço, mas não sei o nome, ouvia meu pai falar sobre ele e vi uma foto em uma pasta no FBI quando era menor. Tem uma ficha meio longa.
-Se matá-lo agora, estamos todos ferrados.
-Bom, seu chefe não devia ter me dado uma arma, assim não passava a ideia pela minha cabeça. -Ele riu e me puxou mais perto.
-Com ou sem arma, você mataria uma pessoa.
-Certeza.
Quando Pedro voltou, pediu para Luccas ir terminar e me abraçou pela cintura, puxei ele pela nuca e ele me beijou.
-Que bonitinho! Meu menininho está crescendo. -Um homem entrou no galpão e gritou lá da entrada, fazendo eu levar um susto.
-Scott, está atrasado. -Pedro falou.
-Tive um imprevisto. Com a polícia. -Seus olhos pararam em mim e eu dei de ombros sorrindo doce. -Bom, como estão as coisas aqui? -Ele continuo a conversa com o Pedro e o celular que estava em meu bolso vibrou.
Peguei o telefone e vi uma mensagem da Alex, revirei os olhos e entreguei e ele, que respondeu rápido a mensagem e bloqueou o celular devolvendo para mim.
-Você vai sair com a Selena hoje né? -Pedro voltou a atenção para mim.
-Vou, quando voltarmos para casa.
-Posso te pedir uma coisa? -Afirmei com a cabeça e ele sussurrou no meu ouvido: -Compre uma langeri de renda, isso me excita.
-Pode deixar, seu tarado. -Ri e ele me deu um beijo no topo da cabeça.
-Ei, Lookwod, quem é a bonitinha? -Um dos três traficantes apontou para mim, senti Pedro ficar tenso.
-Não interessa. -Pedro rosnou.
-Ela é bonita.
-Se olhar para ela, acabo com você.
-Está apaixonado pela garota Pedro? -Ele riu e Pedro pegou a arma na cintura e apontou para ele.
-Eu disse que não interessa porra! -Em menos de um segundo todos no galpão pegaram as armas e apontaram uns para os outros.
-Pedro. -Sussurrei. -Para, está tudo bem. -Coloquei a mão em seu braço. -Por favor. -Ele abaixou a mão e todos abaixaram também.
-Ela é muito importante para o FBI, sabia? -O homem com a cicatriz no resto disse alto. -Vale uma nota preta.
-Gabyelly Cooper? -O outro perguntou e riu. -Caralho. -Ele apontou a arma para o Pedro que ergueu a dele também. -Passa ela para cá Pedro.
-Vem pegar, John. -Pedro riu.
Quando dei por mim, os dois estavam no chão, Pedro estava por baixo mas virou o corpo e ficou em cima dando vários socos, me afastei sem reação.
-Pedro! -Gritei. -Para, já chega! -Pedro parou um soco no ar e virou para mim. -Por favor, já chega. -Ele se levantou.
Escutei um barulho de tiro e a camisa do Pedro ficar vermelha de sangue, arfei e ele caiu de joelhos.
-Não! -Senti um braço me agarrar por trás enquanto o resto dos tiros foi ficando mais baixo na minha cabeça. Virei o corpo com força e atingi um dos homens no estômago, dei um chute em seu joelho fazendo ele cair, abaixei minhas mãos e peguei minha arma, dei um tiro em seu peito. Quando me virei para o Pedro o homem com cicatriz no rosto papou meu nariz com um pano, o cheiro de formol queimou minhas narinas e eu cai em seus braços. A última coisa que vi foi Pedro deitado no chão com a mão na barriga, cheio de sangue.

Destinos traçados(andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora