Assassina

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Gabyelly
-Tony? -Encarei o menino dos olhos azuis que eu conhecia bem e jurava que estava morto, vi Pedro descendo as escadas com as mãos nos bolsos, não parecia surpreso com essa cena, minhas pernas estavam bambas e eu me segurei na mesa para ter certeza que não iria desmaiar ali mesmo. -Mas o que....?
-Ele não se lembra. -Pedro falou descendo o resto das escadas, meus olhos estavam fixos em Tony.
-Como assim?
-A memória dele, apagou. -Levei as mãos até a boca e meus olhos encheram-se de lágrimas.
-Como você pode..? -Dei um passo na direção do meu amigo que aparentemente estava bem vivo, ele estreitou os olhos e ele tirou uma arma da cintura e apontou para mim. Parei na hora.
-Não se mexa, ele é ativado com o movimento de pessoas estranhas.
-Ele me conhece.
-Não conhece mais.
-Pedro, eu vou... -Engoli as lágrimas. -Você é um idiota imbecil do inferno.
-Por que? Por fazer o que eu tenho que fazer? Por ser quem eu sou?
-Quem é você? -Perguntei virada para o menino que ontem me parece ser quem não era, como eu sou uma idiota, como pude deixar ele me usar daquele jeito?
-Sou... Sou quem você tem que se afastar.
-Pode ter certeza que vou fazer isso. -Me aproximei dele, mas uma bala atingiu o chão perto dos meus pés, olhei para Tony que estava com a arma nas mãos, uma cicatriz horrível estava em sua testa.
-Gabyelly, não se mexa.
-Faça ele parar.
-Ele não é comandado por mim.
-Então faça sua namoradinha pará-lo. -Rugi em resposta.
-Ela não está aqui para isso cacete.
-Então vai fazer o que? Me manter como estátua parada na sala, imbecil?
-Se ficar me chamando disso eu mesmo mato você.
-Então mete. -Pedro revirou os olhos e encarou Tony.
-Onde está Alex? -Tony não respondeu, Pedro apontou uma arma para ele.
-Não!
-Cala boca Cooper.
-Não vai matá-lo.
-Ele nem lembra quem é você. -Ele apontou a arma para a cabeça do Tony.
-Por favor não faz...
Quando Pedro se virou para me encarar escutei a arma que estava nas mãos do meu amigo sendo recarregada e virando a mira para o Pedro, num estalo de instinto eu empurrei o Pedro que caiu no chão bem na hora que a bala afundou no local onde ele estava, me levantei rápido e peguei a arma do Pedro que estava no chão, quando apontei para o Tony ele estava bem na minha frente e me deu um tapa no rosto que me fez perder o equilíbrio e cair no chão, a arma em minhas mãos voou para longe do meu alcance, Tony apontou a arma mais uma vez para mim bem no momento que Pedro o desarmou. Anthony pareceu ficar irritado com a distração porque fez Pedro cair de joelhos e deu um soco em seu estômago, Pedro derrubou ele e começou uma guerra de socos rolando pelo chão, não sabia o que fazer nem como parar aquilo. Quando Tony ficou em cima eu me aproximei e dei um chute perfeito em suas costelas fazendo ele sair de cima do Pedro que estava com um talho de sangue na testa, não queria matar nenhum nem outro mas tinha que parar com isso, agora.
Anthony veio para cima de mim, bloqueei cada movimento e tentei não acertar nenhum nele, lembrando a mim mesmo que ele não sabia o que estava fazendo, quando me descontentei um pouquinho para ver onde Pedro estava Tony me derrubou no chão e quando ia me dar um tapa novamente Pedro acertou uma bala em seu braço direito, fazendo o mesmo gemer de dor, o sangue espalhou pelo tapete todo, quando me livrei dele virei de barriga para baixo e me apoiei nos cotovelos, os dois brigavam de novo, o que Alex queria?  Levantei bem a tempo de ver Tony colocando Pedro de joelhos e passando o braço pelo seu pescoço e com a outra mão apontando uma arma para sua cabeça.
-Tony, por favor... -Meu coração gelou, mas ele pareceu não escutar nem ligar. -Estou pedindo, não faz isso. Não quero machucar você e se machuca-lo vou ter que matar você. -Ele apertou a arma com mais força na cabeça do Pedro e eu dei um passo para frente mais logo retornei. -Anthony, por favor, o que quer que eu faça? Faço qualquer coisa, mas não machuque ele.
No mesmo instante em que me ajoelhei escutei Selena gritando meu nome, me virei para ela e peguei a arma que ela jogou para mim, de joelhos acertei a cabeça do meu amigo que caiu para trás com um estouro de sangue. Fiquei um tempo assim, com o braço estendido apontando a arma para o nada, parecia que meu coração estava queimando, parecia que eu havia engolido fumaça porque não conseguia respirar.
-Gaby? -Pedro se ajoelhou na minha frente e tirou a arma das minhas mãos.
-Eu matei. Matei ele. -Meus olhos queimavam cheios de lágrimas. -Pedro eu matei o Tony.
-Ele não era o Tony, amor.
-Eu não... O que foi que eu fiz? -Solucei e deixei as lágrimas escaparem dos meus olhos.
-Me salvou. De novo. -Ele me puxou para seus braços, eu estava em choque. Eu acabei de matar uma das pessoas mais importantes da minha vida para salvar Pedro. Abracei ele, com força e deixei que ele me carregasse no colo até o andar de cima, me colocou na cama e ficou abraçado comigo até eu parar de chorar.
-Sou uma assassina.
-Gabyelly, ele nem se quer sabia quem era você, ele não tinha cura.
-Porque Alex fez isso? O que ela quer provar?
-Não foi ela. -Ele me encarou.
-Quem foi então?
-Meu pai.
-Eduardo. -Senti meu sangue gelar e apertei os lençóis. -Inferno, por que ele não me deixa em paz? O que é tão engraçado para ele isso? Qual a graça de me atormentar? -Lágrimas de raiva escorriam pelo meu rosto.
-Nem eu entendo. -Pedro abaixou os olhos.
-Estou tão cansada, cansada desses joguinhos.
-Eu sei. -Olhei para ele. -Gaby... Eu... Eu não queria ter falado com você daquele jeito.
-Nunca pediu desculpas a alguém?
-Nunca precisei.
-E por que acha que precisa fazer isso agora?
-Porque você é a única coisa por qual vale a pena me desculpar. -Meu coração voou lá no estômago.
-Nossa. -Sussurrei e me levantei ficando de joelhos na cama, puxei sua camiseta e o abracei, senti ele suspirar.
-Me desculpe.
-Tudo bem Pedro. -Coloquei minha cabeça em seu peito.
-Nosso encontro está marcado ainda né?
-Está.
-Que bom. -Pedro sussurrou e me deu um beijo na testa. -Quero que você vá comigo hoje no galpão.
-Por que?
-Porque quero ficar perto de você. -Me soltei de seus braços e ele me colocou sentada em seu colo. -Por favor? -Ri quando ele fez bico.
-Você anda educado demais.
-Quer que eu volte a ser um babaca? Posso fazer isso Cooper.
-Não, assim está ótimo.
-Então vai comigo? -Concordei com a cabeça. -Beleza, mas troque de roupa. -Senti seus olhos me comendo e ele mordeu o lábio. -Não quero ninguém olhando para você.
-Ótimo, vou arrumar roupa onde?
-Peça alguma coisa para a Sel, alguma coisa que cubra você inteira.
-Vou alugar uma fantasia de freira então. -Pedro ergueu uma sobrancelha e sorriu. -Nem pensar.
-Tudo bem, vai lá pegar uma roupa. -Desci do colo dele e quando me virei para sair ele me deu um tapa de leve na bunda.
-Seu tarado.
-Gostosa. -Sai do quarto rindo.
Selena me emprestou uma calça jeans preta colada e uma blusa regata soltinha branca, calcei um all star e desci as escadas. Estava com medo de descer e ver o corpo do meu amigo ali, engoli em seco quando entrei na sala principal. Para meu alívio não tinha nada, nem uma gota de sangue. Eu não me conformo com o que eu fiz, mas se não tivesse pensado rápido sei que ele mataria o Pedro.
-Pronta? -Pedro apareceu na porta da frente da mansão com as chaves do carro na mão.
-Vamos nessa. -Fui até ele e ele entrelaçou nossos dedos, andamos assim até entrarmos no carro. -Fica muito longe?
-Não, não muito. -Revirei os olhos.
-O que exatamente vamos fazer lá?
-Você vai servir de calmante para mim.
-Muito engraçado.
-Você sabe que pode me acalmar. -Senti sua mão na minha perna quase na minha virilha, me arrepiei. -Reagem bem ao meu toque. -Seu rosto se iluminou com um sorriso safado.
-Já que eu sirvo como calmante, o que você, estressadinho, vai fazer lá?
-Tem uma carga que eu tenho que conferir.
-Contrabando de mulheres. -Afirmei e ele apertou de leve minha perna. Depois de um tempo Pedro perguntou: -Onde quer que eu leve você hoje??
-Nunca vim para a Califórnia, mas se quer saber o papel de escolher um lugar é seu. -Ele riu.
-Beleza, espero que eu saiba fazer isso.
-Vamos ver.
Paramos em uma galpão longe de tudo, era em uma BR praticamente fazia, vi dois carros parados e um caminhão. Desci junto com o Pedro e ele pegou minha mão quando dei a volta no carro.
-Fique perto de mim. -Entramos e eu dei oi para os meninos.
-O carregamento não chegou ainda. -Caio falou.
-Onde está a prancheta? -Luccas entregou a ele uma prancheta com gráficos que eu imaginei ser algum tipo de escala.
-Cara vem ver isso. -Disse Caio olhando para um computador. -Uma arma feita de ouro puro.
-Não é igual todas as outras? -Perguntei e os três me olharam.
-Gatinha, essa arma tem balas de ouro e uma potência maravilhosa. -Luccas falou mas levou um tapa na cabeça do Pedro.
-Gatinha é seu cu. -Caio caiu na gargalhada enquanto o irmão massageava a cabeça.
-Foi mal. -Ri dos três e abracei Pedro por trás, ele apertou meus braços.
-Me da seu celular. -Pedi.
-Por que?
-Porque você pegou o meu e eu quero jogar. -Pedro suspirou mas me entregou o aparelho. Me soltei dele e fui sentar em um sofá encostado na parede. -Qual a senha?
-Chuta, gatinha. -Revirei os olhos e tentei alguma combinações, mas nenhuma deu.
-Pedro!
-Vai ter que acertar.
Pensei em alguns números que poderiam ser, mas ele não colocaria nada que fosse difícil. Pedro era esperto, sabia que se alguém tentasse desbloquear o celular pensaria que ele não colocaria nada muito fácil, o que estaria errado, porque a senha era simples. Digitei os quatro números que eu achei que seria e o celular desbloqueou. Ergui os olhos e ele sorriu para mim, os números era os quatro primeiros números do meu colete de policial.
Procurei alguns jogos e fiquei brincando com eles até eu me cansar, Pedro ainda estava no computador com os meninos, abri a galeria do celular, mas estava vazia. Fui até a lista de contatos e me surpreendi com a infinidade de números salvos nele. Depois que eu cansei de fuçar no telefone bloqueei o mesmo e fiquei observando os meninos rindo de alguma coisa.
-Gaby? -Olhei para o Pedro. -Vem. -Ele me chamou e me levou até o andar de cima, no final do corredor ficava sua sala, quando entrei Pedro trancou a porta e me puxou me grudando nele.
-Aprendeu a trancar a porta agora é?
-Não quero ninguém atrapalhando. -Sorri e ele me beijou.
Aquela explosão de sentimentos dentro de mim surgiu novamente enquanto ele vasculhava minha boca, meus dedos puxavam seus cabelos e ele me colocou em cima da mesa.
-Quero que fique perto de mim ou do Luccas, Caio e os outros vão estar ocupados e eu quero ficar de olho em você. -Ele traçou meu rosto com beijos.
-Tudo bem.
-Vai precisar disso. -Ele abriu uma gaveta e pegou de lá uma pistola preta e me entregou.
-Está confiando uma arma a mim?
-Você sempre salva minha vida, eu confio em você. -Sorri. -Se alguma coisa der errado aqui quero que saía.
-Quais as chances de dar errado?
-Quais as chances de alguém dar em cima de você?
-Não sei. Tem que ter calma Pedro.
-Você é minha. -Seus lábios encontraram os meus de novo. -Só minha.
-Acho que não posso usar isso com você.
-Pode. -Dei um selinho nele. -Porque sou seu, tanto quando você é minha.
-E a Alex?
-Que se dane ela, se não fosse meus contratos eu teria deixado ela a anos, e agora com você linda. Vou tentar mudar as coisas com ela. -Meu corpo dava pulos por dentro, eu estava queimando, via fogos de artifício saindo o fundo do meu coração.
-Não faça assim.
-Assim como? -Ele sorriu.
-Não faça eu me apaixonar.
-Devolvendo os favores, anjo. -Pedro sussurrou no meu ouvido.

Oi meus docesssss, por hoje acabou e eu espero que eu consiga postar mais vezes com frequência assim sz.

Destinos traçados(andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora