Aquele maldito bilhete! Aquela maldita letra tão linda! Aquele jeito tão excitante e lindamente submisso!
Já sabia o que eu ia fazer! Ah, sim! Ia convidar o Daniel pra passar a noite comigo!
Ia fazer isso.
Peguei meu celular na mão, ignorando o fato de que eu parecia um psicopata amador.
Joguei meu celular longe ao lembrar que não tinha o número do guri.
Peguei novamente o celular na mão e procurei pelo número dele ligando pra outras pessoas. Aparentemente ele nem tinha um celular, porque ninguém possuía seu número.
-Tudo bem, então! -bufei irritado. Seria da maneira tradicional!
Saí de casa, indo diretamente pra casa mais feia e pequena do bairro.
O estado daquela casa era de dar dó. Gramado e árvores mortas, pintura descascando, janelas quebras... parecia a casa daquela animação: A Casa Monstro.
Felizmente não havia ninguém na rua, assim eu poderia fazer aquilo sem platéia.
Bati na porta, esperando que aquele velho, bêbado e barrigudo aparecesse na porta... mas Daniel surgiu com enorme sorriso.
-Senhor Lopes? O que devo a honra? -ele riu baixinho.
Aquela voz dele parecia ser hipnótica!
-Bem, queria saber se está muito ocupado esse sábado à noite. -sorri.
-Ocupado? -ele pareceu confuso e, logo depois, um brilho de compreensão cruzou seu olhar. -O senhor pode entrar, se quiser.
Ele entrou na casa, me pedindo pra entrar também. Assim eu fiz.
A casa era um paradoxo e tanto! Pensei que ela seria feia por dentro, mas apesar de simples estava muito limpa e cheirava a produto de limpeza.
Ali na sala, vi que o Dani estava limpando enquanto seu pai estava desmaiado no sofá.
Literalmente desmaiado. Umas dez latas vazias de cerveja o redeavam, que foram colocadas em um saco plástico por Daniel.
-Desculpe a bagunça. -ele murmurou, dando um nó no saco e colocando-o de lado. -Quer ir pro meu quarto, senhor Lopes?
-Claro! -sorri.
Ele me guiou até o que parecia ser uma pequena dispensa onde havia uma cama... ali era o quarto dele?!
-Se fizermos rápido, ele não vai acordar. -Daniel falou baixinho, enquanto me mostrava sua pequena cama.
Tinha pinturas incrivelmente perfeitas à lápis por todos os lugares. Eram tão perfeitas que pareciam fotografias... pareciam ser mais auto-retratros, mas uma me chamou atenção: eu.
Ele havia me desenhado.
Ia perguntar o por que dele me desenhar quando meu cérebro processou a última frase dele.
-Como?! -quase berrei. -Você acha que vim aqui pra fazer sexo com você? -minha irritação fervilhou.
Bem, eu queria fazer sexo com ele, só que não naquele lugar! Queria-o na minha cama, onde eu iria cuidar dele e o daria prazer a ele.
-Senhor Lopes, você sabe como vivo e como me tratam. -ele murmurou, se aproximando de mim.
Me fez sentar na sua cama e se colocou de joelhos entre minhas pernas.
-Você sabe que todos os meus parentes homens me comem com permissão do meu pai. Que alguns vizinhos pagam pra me comer e, o senhor mesmo, se aproveitou desse rodízio. -sua face dizia que viver daquela maneira não o incomodava...
Mas eu via em seus olhos que o que ele queria era que alguém cuidasse dele. Que alguém o amasse.
Me senti culpado depois do que ele disse. Eu realmente tinha me aproveitado dele. E acho que deixei transparecer meus sentimentos em minha face, porque ele sorriu e disse:
-Não se sinta culpado por ter me comido. Eu gostei!
Ah, Daniel... ele nem fazia ideia de quão lindo ele era.
Nunca pensei que um garoto de apenas dezessete anos iria me deixar tão... tão... eu nem sabia dizer como estava!
Seus cabelos eram de uma cor mais parecida com mel, mas havia várias tonalidades juntas. Uma mistura linda de castanho escuro e loiro escuro.
Seus olhos eram de um esverdeado misterioso... quase como uma cor fantasmagórica, que só acentuava sua beleza.
Corpo pequeno e, aparentemente, magro. Não conseguia saber por causa daquelas enormes roupas.
Só sabia que sua pele era extremamente branca. Muito branca.
-Quero que passe a noite comigo. -disparei de repente.
-Como?
-Quero que passe a noite comigo! -afirmei.
Ele riu baixinho e, logo parou quando percebeu que eu falava sério.
-Passar a noite com o senhor?
Ascenti.
-Não posso. Meu pai não vai deixar.
-Dani, seu pai tá desmaiado no sofá. Não vai perceber que você não ficou em casa. Apenas tranque a porta e pule a janela de manhã cedo.
Ele tinha um costume lindo de disfarçar muito bem suas emoções nas feições faciais... mas seus olhos deixavam transparecer sua alma.
Ele ficou desconfiado se funcionaria, mas concordou em vir comigo. Ele queria passar aquela noite ao meu lado! Eu sabia disso!
Sorri quando ele levantou-se e me puxou junto dele.
Uau! Ele era forte!
-Tá! Então eu passo a noite com o senhor, senhor Lop...
-Homero. -disse. -Meu nome é Homero.
-Eu sei.
Ele sorriu, revelando aqueles dentes brancos e insinuando aqueles lábios lindos.
Não consegui me controlar e me inclinei e o beijei levemente.
Foi apenas um tocar de lábios, mas que fez todo meu sangue ferver.
Ele pareceu surpreso ao extremo com esse ato e tentou se afastar de mim.
Não! Não, não, não! Ele não ia a lugar algum!
O peguei no colo e o pressionei contra a parede enquanto esmagava aquelas lindos lábios vermelhos no melhor beijo que eu já havia dado na vida.
Seu gosto era viciante! Seus lábios macios se encaixavam perfeitamente aos meus.
Ele beijava muito bem! Muito melhor que qualquer um que eu já havia beijado!
Chupava minha língua como se venerasse meu corpo.
Gemi profundamente quando seus dentes se cravaram no meu lábio inferior.
-Sempre quis fazer isso no senhor. -ele falou baixinho, mexendo no meu cabelo.
Sorri e voltei a beijá-lo.
Aquela noite seria incrível!
E a faria ser inesquecível a ele... e faria ser inesquecível a mim também!
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CORAÇÃO DE VIDRO
RomanceEssa história foi postada originalmente na Casa dos Contos pelo perfil: LeonL. E eu decidi postar aqui para facilitar o acesso a essa incrível história. Todos os direitos reservados ao autor citado acima. Link do perfil: http://www.casadoscontos.com...