79- Os 1% Parte 7

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A família Allship tem duas regras que não podem ser quebradas. Primeiro, ninguém pode visitar Allen em seu escritório. Nunca. Alena nunca nem tinha visto o prédio por fora. Segundo, Allen e Theresa tinham um encontro toda quarta-feita a noite. Eles saiam de casa as cinco e não voltavam até muito tempo depois de Alena ter ido para a cama. Alena já tinha ficado acordada até as três da manhã esperando-os, mas nem sinal. Acabou derrotada pelo cansaço.

Alena decidiu quebrar a primeira regra.

Kelly, sua melhor amiga, estava com ela. Tinha a convencido a invadir o consultório de seu pai oferecendo-a quaisquer medicamentos que encontrassem lá. Kelly era uma garota bem legal, mas era viciada em analgésicos. Alena não ligava. Só queria que alguém estivesse com ela nessa missão em particular.

Alena Allship era o oposto completo de seu pai. Enquanto ele era silencioso, sem emoções e rígido, ela era extrovertida e esperta. Adorava passar o tempo com seus colegas da escola. Já namorava com meninos desde o ensino fundamental e era considerada uma das garotas mais populares da cidade. Sua boa aparência e seu jeito gracioso a fazia brilhar.

Mas seu pai sempre a intrigara. Talvez fosse porque ele não demonstrava amor nem encorajamento. Ou a facilidade de fingir que era um pai normal quando precisava. Até mesmo sua mãe, que era quieta e reservada, parecia ter noção da estranheza dele. Foi a curiosidade a respeito disso que a fez invadir o consultório durante a noite.

Abriu a fechadura facilmente com ajuda de dois grampos de cabelo. Ela e Kelly adentraram o lugar silencioso. Mesmo na escuridão, os diversos móveis brancos se destacavam.

"Seu pai realmente gosta de branco" Kelly comentou.

Alena não respondeu. Olhou pelo escritório escuro. Nada fora do normal. Apenas um consultório normal com alguns quadros de gosto duvidoso.

"Então, onde estão os comprimidos?" Kelly começou a andar pelo local.

"Não sei, mas não se preocupe. Ele vai ficar fora a noite toda." Alena tinha escolhido uma quarta-feira a noite para invadir, pois sabia que ele estaria no encontro.

As duas garotas checaram todos as salas, os quais eram consultórios normais. Nenhum analgésico foi encontrado. Acharam a sala de operação, que continha diversas ferramentas cirúrgicas assustadoras. Mas novamente, nada fora do comum. Alena estava começando a ficar desapontada que seu instinto estava errado.

"Ouviu isso?" Kelly congelou. "Isso é um... choro?"

O som distante de choro podia ser ouvido vindo do chão abaixo de seus pés. Parecia ser uma garotinha, exceto que havia algo estranho em sua voz.

"Foda-se, eu vou embora!" Kelly puxou as mangas da jaqueta para baixo.

"Cala a boca, vamos dar uma olhada." Alena se ajoelhou para olhar debaixo da mesa de cirurgia.

Definitivamente os sons estavam vindo do chão. Passou as mãos pelos azulejos. Um estava um pouco solto, puxou e viu que em baixo havia uma maçaneta. "A gente simplesmente vai descer lá?" Kelly estava um tanto hesitante. Mas o vício era mais forte. Alena puxou a a maçaneta e uma pequena porta se abriu. Elas observaram a longa escada que levava a escuridão.

Alena começou a descer, mas Kelly só a observou por alguns segundos. Alena olhou por cima do ombro "Vamos, aposto que ele guarda as pesadas qui em baixo." Ela se virou novamente e continuou andado. Sabia que Kelly a seguiria.

A escada parecia descer bem, bem pro fundo. Pelo menos o choro tinha parado. Mas outros barulhos estranhos ainda podiam ser ouvidos. A escada tinha sido esculpida nas paredes de terra de um jeito estranho. Parecia totalmente fora de lugar, levando em conta o branco absoluto lá de cima. Mesmo preocupada, Alena continuou. Kelly ia logo atrás, sorrateiramente.

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