- Anna - ao ouvir aquela voz, eu estremeci, não podia ser ele.
- Que brincadeira é essa? - perguntei assustada, fazendo com que Harry se aproximasse.
- Não tem brincadeira, sou eu mesmo - falou com a voz fraca.
- Não, não é você, não, como isso é possível? - perguntei entrando praticamente em desespero, deixando Harry cada vez mais preocupado e arrancando o telefone da minha mão. Me joguei no chão e comecei a agradecer antecipadamente, mesmo achando que aquilo era uma brincadeira de um idiota qualquer.
- Quem é? - foi a primeira coisa que Harry perguntou e sua primeira reação foi rir - Sacanagem, né? Porra - levantou rápido da cama e olhou pela janela - Não pode ser, você, você estava praticamente morto, que brincadeira é essa?
Procurei por um casaco e uma outra calça, me vesti rapidamente e corri pelo quarto procurando um sapato, o calçando imediatamente enquanto Harry ainda fazia perguntas para o telefone. Quando terminei de me vestir, o puxei pelo braço e saí no corredor, ao sairmos, uma senhora que se vestia como freira gritou e fechou os olhos com força, olhei para Harry e ele estava nu, ri alto e o empurrei para dentro do quarto novamente, me desculpando com a pobre freirinha.
Quando Harry estava devidamente vestido, o puxei pelo braço e corremos para o hospital do outro lado da rua. Subimos sem nem parar na recepção para pegar nossa identificação e quando chegamos no quarto do homem que estava do mesmo jeito que o encontramos no dia anterior: desacordado. Sabia que não podia ser ele que tinha ligado, era uma brincadeira de mau gosto.
- Droga - Harry bufou, se afastando de mim e bagunçando os cabelos de uma maneira desesperada. Ele estava ficando sem opções, não sabia mais o que fazer com meu pai, ele fez de tudo, mas o homem não acordava, segurei-o pelo braço e o abracei apertado, estávamos no mesmo barco. Ele encarou meu pai outra vez e chegou mais perto, sem tirar os olhos de meu pai, achei uma atitude estranha até que Harry deu um tapa em seu braço - Sem graça isso, Daniel Fell, abre a porra dos olhos
- Harry... - falei o repreendendo
- Ele tá acordado, Anna - Harry disse e eu encarei meu pai, procurando por algo que dissesse que ele realmente estava acordado, até que pude notar que por baixo de suas pálpebras seus olhos se mexiam - Vamos, Daniel, acorda - deu mais um tapa em seu braço - Vou enfiar meu pau na sua boca
- Que nojo - falou e abriu os olhos, sorridente. Quis soca-lo com todas as minhas forças, Harry também parecia ter a mesma vontade que eu.
Harry o examinou cautelosamente, queria ter certeza de que não havia deixado nada passar. Quando terminados todos os testes, encarei meu pai pela primeira vez nos olhos, ele parecia cansado, não queria conversar comigo agora, seus olhos demonstravam isso, mas eu queria saber o que ele tinha na cabeça de não me chamar. Ficamos mais de dez minutos em um silêncio absoluto, apenas as máquinas bipavam e deixavam o clima mais estranho ainda.
- Desculpe - me encarou e apertou minha mão que estava próxima da cama - Eu não queria que você me visse afundar.
- Adiantou muito, não é? - falei e afastei minha mão da sua, indo de encontro ao Harry que estava nos pés da cama - Te vi afundando de uma maneira bem pior, papai.
- Hey, calma - Harry sussurrou em meu ouvido.
- Eu sei, só que eu estava envergonhado, eu estava afundando e não queria que você me visse assim, eu estava chateado com vocês dois, eu estava fora de mim - falou desesperado
- O problema, pai, é que sou sua filha, você deve me contar tudo o que está acontecendo, eu estaria do seu lado para te apoiar, mas não, você decidiu se esconder e afundar sozinho, grande escolha - ironizei
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Hypertermya
Roman d'amourEla é Anna Fell, a garota cansada de morar com a mãe e de ser tratada como uma inútil. Decide morar com seu pai em Londres para pensar em seu futuro e fugir das loucuras de sua mãe. Ela não sabe o que a espera na nova cidade, mas sente que terá um f...