Hypertermya

I wanna be yours

Solvi o café fervente observando as estrelas começarem a aparecer no céu de Londres. Já eram quase seis horas da noite e eu estava sentada no meio-fio da passagem de pedestres do estacionamento do hospital, em frente ao carro de Harry.

Um sorriso ainda brincava em meus lábios, e ele se manifestou mais ainda quando senti dois braços passarem levemente por minhas costas e abraçarem-me meio que de lado. O braço direito subiu por meu peito e Styles o cruzou sobre meu pescoço, puxando-me mais para perto dele, que sussurrava:

- Você está pronta?

- Pronta para o quê? – eu indaguei, sorrindo, enquanto sentia sua boca próxima de meu lóbulo suspirar palavras tentadoras.

- Pra me deixar te levar pra um lugar incrível?

- Ah, é? – eu indaguei, provocando.

- Não que seja de fato um lugar incrível, mas eu tenho certeza que a companhia compensará e muito – ele gargalhou, desgrenhando-se de meu corpo e acionando o alarme da Ferrari enquanto caminhava até ela, me chamando com o braço.

Levantei em um impulso e acompanhei ele ao encontro do automóvel. Abri a porta e saltei para dentro, acomodando minha bolsa nos meus pés e solvendo um último gole de café. Abri o vidro e joguei o copo descartável dentro da lixeira próxima, a tempo de Harry virar-se para me encarar com o cenho levantado.

- Boa pontaria – ele disse, distraído, manobrando o carro enquanto um sorriso malicioso escapava dos meus lábios ao mesmo tempo em que o vidro começava a se fechar automaticamente.

- É, eu tenho boas mãos – falei, soltando um risinho discreto, enquanto ele apenas deixava se manifestar em seu rosto um sorrisinho de canto.

Como de costume, o velocímetro ultrapassava facilmente os 170 km/h, e Harry dirigia por rotas livres de trânsito e livres de fiscalização. Ainda assim, não conseguia entender como ele atingia tal velocidade tão rapidamente e nunca era pego, a destreza com que ele dirigia era admirável. Nos últimos tempos, observá-lo naquela situação havia se tornado um grande hobby para mim. A forma como as mãos grandes dele seguravam o volante com tanta firmeza, o olhar fixo no trânsito a sua frente e o sorriso discreto e constante que escapava dos seus lábios sempre que ele acelerava um pouco a mais e o motor da Ferrari roncava com um pouco mais de força.

Não demorou para que nos afastássemos das ruas da cidade, e, pegando a rodovia calma e quase vazia, percebi que estávamos indo para o sul. E no meio da minha concentração em pensamentos, eu demorei para assimilar as palavras levemente cantadas que ressoaram no interior daquele carro. Demorei para perceber Styles cantando para mim.

- All I wanna know Is how far you wanna go...

Observei-o com atenção, deixando que um sorriso escapasse dos meus lábios. Não pude responder, simplesmente não consegui. Ouvir aquela voz ora suave, ora rouca cantando não me permitiu nada. Simplesmente eu queria estar sempre ao seu lado para ter como ouvir aquilo a todo momento, não me importava onde eu fosse.

Antes que eu me desse realmente conta da direção que Styles estava tomando, nos vi parando em frente a uma loja de conveniências no meio da estrada. Harry sorriu simplesmente e pulou do carro, entrando na loja e voltando minutos depois com uma sacola plástica carregada de coisas, principalmente de garrafas.

Ainda no meu silêncio e susto constrangedor, eu só sentia meu coração ansioso bater cada vez mais rápido enquanto eu observa ele dirigir em direção ao distrito industrial da região. Logo, Harry estacionou o carro ao pé de um prédio velho, aparentemente inativo, e saltou do carro com a sacola, rumando portões de ferro a dentro sem pronunciar uma palavra. Apenas parecendo solver oxigênio tão rápido quanto eu. Imitei-o, saindo do carro e o segui, me pondo a subir a grande quantidade de escadas.