Hypertermya

"See ya, Doc"

Domingo, 1:48PM, Mansão Fell.

Acordei com meu pai me chamando, abri os olhos e ele estava sentado na minha cama, me olhando preocupado. Ué, o que aconteceu? Sentei rapidamente e olhei para ele na mesma intensidade, fiquei assustada.

- Aconteceu alguma coisa? - perguntei preocupada

- Você fala dormindo - sorriu - Assim como sua mãe, acho que está maluca igual ela

- Ai pai, não fala isso! - fiz careta - Quer alguma coisa?

- Você bebeu muito ontem a noite? - perguntou e eu neguei - São dez pras duas da tarde, você ainda está dormindo e com uma cara de ressaca

- Eu estava realmente cansada ontem - sorri - Só isso

- Eu vou dar uma passada no hospital para resolver algumas coisas, mais tarde eu volto para passar o resto do dia com você, o que acha? - sorriu

- Perfeito - sorri também - Mas posso ir no hospital junto? Quero visitar algumas crianças - falei, lembrando de Julia

- Claro, mas vá rápido se arrumar, não quero demorar muito - levantou e foi saindo do carro, eu te espero lá em baixo

- Tá - fui procurar uma roupa descente, me vesti, escovei os dentes, lavei o rosto, passei uma make básica, meu cabelo não estava com vontade de colaborar, então eu fiz um coque alto, peguei meu celular, um sapato e desci as escadas apressada, meu pai estava na porta de casa, sorri e fui até ele, entramos no carro e seguimos até o hospital.

Ao chegarmos, papai me deixou no andar pediátrico e subiu para o seu, fui direto para o quarto de Julia, bati na porta e ninguém respondeu, abri lentamente, ela poderia estar dormindo, mas ela não estava lá, o quarto estava vazio, pensei em mil coisas antes de sair e ir até as recepcionistas para perguntar onde a garotinha estava, antes de chegar no balcão, ouvi a avó chamar por mim.

- Onde está Julia? - perguntei depois de a abraçar.

- No centro cirúrgico, ela teve uma complicação no cérebro, parece que o câncer se espalhou do dia para a noite, ela estava muito mal - começou a chorar

- Calma - a abracei novamente - Por que não me chamaram?

- Doutor Styles disse que não havia necessidade, que você havia festado muito na noite anterior e que precisava se recompor - me encarou

- Doutor Styles não sabe nada da minha vida, da próxima vez que ele disser que não há necessidade de me chamar, você chama mesmo assim, podemos combinar isso?

- Claro - sorriu - ela vai ficar bem, não vai?

- Claro que vai, ela é uma criança batalhadora, vai superar essa - sorri e acariciei os cabelos da senhora

- Eu gostaria de ir falar com a minha filha, mas não sei se devo sair daqui - fez careta

- Pode ir, eu fico aqui, mas não demore muito, logo terei que sair - disse

- Obrigada, não vou demorar - foi em direção ao elevador e eu perguntei para as enfermeiras onde estava sendo realizada a cirurgia de Julia. Após descobrir, corri até lá, me vesti corretamente e entrei, fiquei observando a cirurgia da pequena de longe. Vê-la ali me deixou aflita, há tantas pessoas desprezando suas vidas, enquanto tem outras que lutam pela pouca vida que ainda os resta, não seria injusto tirar a vida daqueles que a desprezam e dá-la para quem fará bom proveito desse mais precioso bem que temos.

- E, o ultimo - ouvi Styles falando, vi que ele colocou algo que segurava com uma pinça numa bandeja, o tumor - Te peguei, seu desgraçado - todos começaram a aplaudir, Styles fez todos os procedimentos a sutura do corte, e enfaixou a cabeça da menina, todos aplaudiram mais uma vez e pude ver que respiravam aliviados, assim como eu - Falei que você era forte, mocinha, aguenta mais um pouco, eu sei que você consegue - falou, acariciando rosto da mesma, que estava desacordada - Levem-na para a ala de recuperação e avisem os familiares que ela está bem após as 15 horas de cirurgia! - ordenou aos enfermeiros que estavam ali de plantão, fiquei encostada numa parede, apenas o encarando, ele parecia diferente, realizado com o que havia acabado de fazer e aliviado por ter salvado a vida de Julia. Agradeceu aos médicos de apoio, retirou sua luva cirúrgica e a descartou no local certo, os outros médicos saíram, assim como a equipe de limpeza que havia deixado a sala impecável em menos de vinte minutos. Foi aí que ele me viu, foi se aproximando lentamente e, pude jurar que estava sorrindo por debaixo da máscara que ainda não havia tirado ainda.