Appetite for Destruction

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Lennox Gates deu ataques e gritou. Uma enxurrada de coisas ininteligíveis

saiu de sua boca, mas foi alto e urgente.

Tão alto que ele acordou.

Sentou no sofá, grogue, e, em seguida, se jogou para trás outra vez.

Naquela manhã, Lennox ainda vestia as roupas de quando saiu da boate.

Tinha voltado a ter pesadelos, cortesia de seu amigo do outro lado, sem

dúvida.

Tormentos.

Manifestações vingadoras do Outro Mundo — pedaços negros de

sombras frias em todo lugar. Engolindo seus amigos, sua família.

Transformando tudo em neblina, medo e dúvida.

Dominaram sua boate, seu apartamento, até a casa na ilha. Ele não

conseguia escapar, e não conseguia se esconder. Ele jamais se livraria delas,

não até que o arrastassem de volta ao mundo do qual veio.

Lennox Gates entendeu o recado. Não eram necessárias palavras para

articular a ameaça do tempo que passava.

Ele olhou para o relógio, praguejando baixinho. Estava atrasado, e não só

para os primeiros compromissos do dia, mas para as outras coisas que

tinham lhe pedido para fazer. O tipo de coisa que não podia exatamente

marcar no calendário.

Coisas das Trevas. Minha especialidade. Como foi que isso aconteceu?

Ele tinha pouco tempo, e seus associados eram impacientes. Ao menos,

fora apenas um pesadelo.

Por enquanto.

Então Lennox sentiu os pelos dos braços se eriçarem. Seu quarto ficou

frio, tão frio que ele conseguia sentir o ar áspero na garganta cada vez que

inspirava.

— O que você quer? — Sua voz ecoou pelo quarto vazio.

Silêncio. Ele continuou:

— Sei que você está aí. Pode sair agora.

As sombras do quarto pareceram se agitar, como se as próprias paredes

estivessem tentando respirar.

O ar tremeu ao seu redor.

Agora. Está vindo.

Lentamente, uma figura negra emergiu do chão, se materializando sobre

o tapete como se estivesse sendo puxada para o mundo Mortal contra a

vontade. Na verdade, Lennox sabia que era o inverso. O espírito estava

tentando penetrar naquele mundo a força — um feito difícil, quase

hercúleo.

Tormentos — de verdade. No meu apartamento, pela primeira vez.

Então Lennox teve outro pensamento, mais frio que o ar ao redor.

Ele está se aproximando.

O apartamento era o local mais Enfeitiçado que Lennox conhecia, exceto

por sua boate. A segurança no prédio competia com a do prédio da ONU no

centro. Vira-latas Sobrenaturais não eram bem-vindos aqui, nem visitantes

do Outro Mundo. Lennox acreditava que seria impossível se não estivesse

lidando com o maluco morto mais furioso dos últimos quinhentos anos.

Ele consegue me alcançar aonde quer que eu vá.

Jamais ficarei livre dele.

Lennox elevou a voz.

— O que é exatamente seu objetivo, hein? Eu entendo, velho. As coisas

serão do seu jeito ou eu me junto a você aí embaixo! — Ele se levantou,

indo de um lado para o outro do quarto. — Seu amigo Híbrido vai aparecer

na boate hoje, e sua Sirena vai junto. Já tomei medidas para incentivar os

dois. Tenha um pouco de fé.

Ele sabia que estava pedindo o impossível e imaginou que seu associado

estivesse rindo do outro lado. Rindo e arrumando espaço para Lennox

Gates no Outro Mundo, bem ao seu lado.

— Não sou burro nem suicida. Esta exibição não é necessária — falou.

Mas é bem seu estilo, ele acrescentou silenciosamente. Ou seu nome não

seria Abraham Ravenwood. E eu não estaria nesse aperto.

SirenaWhere stories live. Discover now