"Tão suculenta, ninguém aguenta.
Era tão macia! Como minha Fender eu a curtia.
E, quando era boa, eu sabia que era minha patroa.
Quando no pão torrado, era sinal de que ia me divertir,
com minha almôndega do lado".
Almôndegas Doces era a obra-prima de Link como compositor — uma
balada trágica sobre um sanduíche de almôndega que ele não poderia mais
comer. O que não era muito diferente de ele cantando sobre um coração
partido, Ridley supôs. Ou um hambúrguer.
Amor era amor.
Mas não era tudo. A noite estava arruinada para Ridley, e, enquanto ela
voltava para o andar principal da boate, teve a sensação de que tudo que
via eram Incubus indo de encontro a ela e Conjuradores das Trevas a
encarando com olhos dourados.
Ridley e Link — e Ryan, meu Deus, Ryan — precisavam sair de lá.
Mas a Sirensong ainda estava tocando e a multidão ainda estava
ouvindo. As músicas iam bem — melhor do que deveriam, na opinião de
Rid. O que só fez com que demorasse mesmo. Quando o refrão chegou ("me
coloque em pedaços de pão, sei que me quer na sua mão"), o público até
cantou junto.
Isso é inédito.
Assim que Ridley viu Ryan na multidão — pulando na frente do palco,
gritando "Coloque! Pedaços de pão!" —, foi na direção dela.
Mas, ao chegar lá, Ryan estava seguindo Link com os olhos como se
jamais o tivesse visto antes. Como se ele fosse capa de revista adolescente,
e não apenas mais um menino que se recusava a jogar fora suas velhas
revistas automobilísticas.
Até você... não.
Era quase difícil assistir.
Link estava no meio do palco, curvado sobre o microfone, manuseando-o
como se estivesse dançando uma música lenta. Era o teste dele. Estavam
deixando que fizesse qualquer coisa. Estava claro pela forma como todos o
olhavam.
Link vocalista? Estavam armando para ele fracassar?
De qualquer forma, não pareceu importar muito para ele. Link parecia
ter a melhor noite de sua vida.
— Você sabe que eu a amo, minha patroa cheia de molho — entoou para
sua almôndega imaginária. O microfone estalou entusiasmadamente, e a
multidão vibrou.
Aquele microfone provavelmente seria uma namorada melhor que eu,
Ridley pensou, sentindo-se culpada.
Ela suspirou.
Na frente do palco, o moicano azul de Necro voava em todas as direções
sobre o enorme teclado, como se tivesse vontade própria. Sampson estava
YOU ARE READING
Sirena
FantasyRidley Duchannes nada tem de heroína de romances açucarados. Ela é uma Sirena e não hesita em usar seus poderes para enfeitiçar o que cruzar seu caminho, sejam Conjuradores das Trevas, Incubus ou Mortais. Desde que sua família lhe virou as costas, s...