Posfácio

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Corridas frenéticas ao aeroporto, bailes de formatura, acidentes de trânsito... O final ou a causa de um bom romance como conhecemos. Aquele amor programado para ter altos e baixos, para fluir naturalmente entre os parceiros, para causar inveja no vilão da história. Quase todo conto romântico tem a mesma base. Eles se conhecem (ou são amigos de infância), se odeiam (ou um já é apaixonado loucamente, mas não é correspondido), se descobrem (isso em todos os casos), e então se juntam. Mesmo sendo completamente iguais ou completamente diferentes. O sentimento que há neles é maior que toda relevância social, política ou religiosa. No fundo, todos sabemos que eles terão seu felizes para sempre ou morrerão tentando.

Acho que é por isso que tanta gente tem medo de namorar ou de amar. Como Isabel, nós temos medo de nomear coisas boas demais, porque tudo o que é bom tem um fim certo. Na maioria das vezes o medo do amor ou a descrença no amor é pura e simplesmente porque não sabemos como o amor se aplica na vida real. Mesmo com exemplos de pessoas que namoram, se casam e vivem juntas ao nosso redor, ainda sim, amar é conhecer o imprevisível. Você não vai saber como é até que ame de verdade. Vai, sim, sentir prazer em estar com alguém. Vai beijar algumas bocas por aí. Um friozinho na barriga, de vez em quando, sempre aparece. Vai ter momentos de êxtase ao lado de pessoas que serão passageiras em sua vida. Mas como saber que é amor de verdade?

Porque também tem aquele medo de não perceber e acabar deixando passar.

Acontece que amar e ser amado não é algo igual para todo mundo. Como seres humanos diferentes e únicos, cada um ama à sua maneira. Nós nos encontramos em plenitude quando achamos alguém que aceita nossa maneira de amar e nos ama de uma maneira aceitável. Alguns amores duram anos, mas outros duram horas. Com um piscar de olhos, tudo acabou. Mas não significa que você amou menos, não. Você apenas amou o suficiente. Não é como se aquela história de "ele pode ser o tal", "ela é única", "nós somos perfeitos um para o outro" existisse. Para algumas pessoas, o amor é um só. Para outras, o amor vem em dobro. Tem gente que ama até demais, tanto que não consegue decidir o que quer da vida. Mas, afinal, essa é a graça deste peculiar sentimento: nós não podemos prever. Só sentimos.

Que recebamos o amor e o sintamos como se ele nunca mais fosse exisitir. Nós temos que nos entregar por inteiro, pensar demais ou não pensar, nomear ou não nomear. Se é pra ser eterno, será; se é pra acabar, acabará. Diferente do que muitas pessoas pensam, o amor não tem muito a ver com o final feliz. O amor não tem nada a ver com final... O amor é só o começo, o gostinho inicial. Não é um bicho de sete cabeças, muito menos a coisa mais fácil do mundo. Se eu fosse tentar colocar em palavras o que o amor é, talvez você não concordasse com metade do que eu tenho a dizer. Mas tudo bem. Porque o amor também é assim: único aos olhos de cada um.

***

{nota final: Eu senti cada mínimo parágrafo de Tudo de Mim na minha pele desde o início. 

Agora, no posfácio, é como se eu estivesse sendo forçada a abandonar tudo. E pensar que eu imaginei tantos finais pra essa história... 

Eu estava conversando com a minha beta (e fofíssima/chatíssima melhor amiga) e acabei admitindo uma verdade inconveniente. "Tá na hora de eu admitir que TdM foi pra superar o Fulano (lê-se o carinha que eu gostava)", eu disse, "mas eu não superei não. Eu só aceitei – o que, de uma forma estranha, é melhor ainda". O Fulano é... bom, o Fulano é a razão de eu ter feito esse posfácio sobre o que o amor é. Daí vocês já tiram que, talvez, ele seja meu namorado. Mas não. Ele é só ele. Eu sou só eu. E nós... bom, nós não somos nada. 

De todo modo, é muito bom poder compartilhar mais uma parte da confusão que é a minha mente pra vocês. TdM tem um bocado de relação com a minha vida pessoal, e é confuso que o final seja tão feliz e, ao mesmo tempo, tão esclarecedor. Um acidente de trânsito por causa de um pedido de casamento? Quero dizer: uou, como isso foi acontecer? É louco demais. É simples, mas é louco demais. É o que eu imaginei e surpreendentemente é o que se tornou. Acho que mais nada pode ser acrescentado aqui, pois tudo ocorreu da mesma forma que Isabel+Bernardo: espontaneamente. 

Eu espero que vocês tenham tirado alguma coisinha dessa história. Não uma lição pra vida toda, nem mesmo uma moral, mas algo que faça com que TdM sempre fique nas memórias de vocês. 

Obrigada por me acompanharem até aqui.


Mais que sinceramente,
Isadora.}  

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