Bônus

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(sim,  isto é um capítulo bônus.)


Penedo, Alagoas, 18 de março de 2021.

Casa da vovó Ana. 17h32.

Narrador Onisciente

Marília jeitosamente colocou o pequeno buquê de flores em cima da mesa da cozinha. Abaixou-se, sentando no chão, e se esforçou para tirar as sapatilhas brancas que enfeitavam seus pés. Olhou para a meia fina branca, notando uma ou duas manchas por aí.

Bom, estar completamente branca era fora de moda.

– Pelo amor de Deus! – uma senhora de idade adentrou a cozinha, notando a pequena Marília esparramada pelo chão. Cada movimento da menina era uma mancha a mais no vestido de cetim e renda. – Marília, levante-se!

– Mas... – Marília fez bico, cruzando os braços.

– E coloque os sapatos. – a senhora exigiu, dando poucos passos até estar de pé ao lado da jogada menininha.

– Vovó Ana, eles fazem meu pé doer. – Marília reclamou com teimosia. – E são muito brancos!

Ana, a senhora de idade com sorriso doce e cabelos completamente grisalhos, suspirou. Marília mal tinha sete anos e já era difícil de lidar. Ela tinha é medo do que a neta ainda a faria passar... De fato, tinha puxado a mãe. Mesmo com os olhos claros do pai.

A senhora se abaixou, as costas reclamando do ato, e começou a colocar os sapatos novamente nos pés da neta.

– O objetivo é que eles continuem no seu pé. E continuem brancos. – Ana explicou com cautela. – Você entende, meu amor?

– Eu queria ir pra piscina, vó. Posso? – Marília abriu um sorriso pedinte no canto dos lábios, fazendo a avó rir fracamente.

– Não. – respondeu com pesar. – O que nós vamos fazer é bem mais divertido.

Os olhos da pequena brilharam com a notícia da mais velha.

– E o que é?

– Ver sua mãe. – Ana sorriu. – Ela deve estar pronta, mesmo que esteja... – olhou o relógio de pulso, suspirando ao notar o horário tardio. – duas horas atrasada.

– Isso é muita coisa. – Marília comentou, confusa.

– É sim, meu amor. – a avó concordou. – Mas noivas podem se atrasar o quanto quiserem.

Ana se levantou (com alguma dificuldade) e apanhou o buquê que Marília havia deixado na da mesa, acompanhando a menina até o andar superior da casa. Ambas conseguiam ouvir o burburinho que vinha dos convidados, acomodados no grande terraço exterior do lugar, apenas esperando pelo grande momento daquele dia.

Marília, sempre serelepe e impaciente, não bateu na porta. Saiu correndo para dentro do quarto, mas parou no meio do cômodo.

Ana franziu o cenho, estranhando a neta, e se pôs, também, quarto à dentro.

– Mãe... – a voz de Marília soou baixa e trêmula. – Por que você tá parecendo uma princesa?

Isabel estava de costas para a menina, admirando o próprio reflexo no espelho. Estatuada como um filme em pausa, como uma fotografia. A cintura estava marcada pelo espartilho de um vestido branco. O tecido era cetim, como o de Marília, e apenas as elegantes luvas eram de renda. Um decote quadriculado acentuava o volume de seus seios, e as alças que sustentavam o vestido eram cobertas pelo pequeno véu que estava preso por uma tiara prateada, a mesma que mantinha seus cabelos caindo como cascatada pelas costas. Para Ana, que a via de longe, a cauda de sereia consagrava a vestimenta e a mulher que estava dentro dela.

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