Capítulo 2 - Livrando-os da cadeia

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Para um sábado de manhã o trânsito está mais infernal que o de costume e com isso será mais uma das vezes que prometo a vovó que chegarei cedo e me atraso descaradamente .
Mas isso não faz diferença, nunca chego no horário mesmo.

Ligo o rádio.

Estar parada em pleno centro
às...

Olho a hora no celular.

Às 07:10 da manhã é cruel ,então escutar uma musiquinha pode mudar o meu dia.

Abro o porta-luvas e tiro um pendrive onde baixei todas as músicas dos The Cinematic Orchestra. 

Eu adoro os caras.
As melodias das músicas são fantásticas.

O som do piano invade o carro.

Me sinto exausta.
Mesmo tendo dormido bem, tomado um café da manhã caprichado meu corpo pareçe que foi massacrado, como se eu tivesse levado uma surra ou sei lá.

Olho meus olhos pelo espelho do retrovisor.
Minha pele nunca esteve tão palída, sem vida e os olhos azuis brilhantes estão cada vez mais acinzentados.

Estou tendo uma crise de meia idade? 
Isso existe? 
Porque pra ser sincera ,não tenho agido como uma garota de 19 anos e sim como uma mulher de 19 anos que anceia por independência financeira,  não preciso do dinheiro nem nada mas quero crescer sozinha, com meu trabalho e não às custas do dinheiro dos meus pais.

A mamãe é corretora de imóveis,  ganha bem já que é açionista da corretora e o meu pai é dono de uma revista Americana, no momento mora em Seattle com a nova família,  nesse novo casamento ele teve dois filhos, uma garota Penny de 12 anos nós duas nos falamos pelo Skype algumas vezes por semana e um garotinho de 8 anos, Rian que é muito teimoso e engraçado, ele sempre apareçe e faz graça pra câmera.

O sinal abre .

Acelero e viro a esquina.
Tem um policial fazendo a ronda.
A vida é realmente irônica .
Se eu não estivesse com a droga do documento no porta luvas hoje aposto que seria parada. 

Estaciono a frente da loja e desligo o carro.

Pronta pra mais um dia Elena Vianna? 
Claro , sempre.

Pego a bolsa e desco verificando as horas.
07:30, tenho 30 minutos pra varrer a loja e organizar as mesas.

-Bom dia Elena. - Henrique me cumprimenta abrindo a porta da loja. Ele é o confeiteiro, aqui na loja da vovó vendemos bolos e tortas, é uma doceria .

-Bom dia. - Murmuro guardando o celular. 

A casa da vovó é no segundo andar, e aqui onde a doceria funciona é uma área grande de mais ou menos 28 metros quadrados, são 12 mesas e uma vitrine que exibe as gostosuras que a vovó e Henrique preparam, as mesas nunca estão vázias.
Pela manhã è frequentado por mulheres e homens beirando os 40 que estão tirando uns minutinhos de folga de seus trabalhos exaustivos para apreciarem um bom café com bolo , pela tarde são os adolescentes que apareçem cheios de conversas paralelas e idiotas sobre namoros fracassados e nada melhor que se afogar em chocolates para resolver, no início da noite... Por volta das 18:00 e 18:30 ainda são adolescentes que apareçem mas estes não aparecem sozinhos ou em grupos e sim em casais , apaixonadinhos e felizes porém depois da 19:00 a doceria é frequentada por garotas como eu, garotas multi-funcionáis que procuram paz de alguma forma e a melhor paz no centro de São Paulo pode estar dentro de um bolo trufado.

Passo pelo balcão e visto o avental .

É lá se vem mais um dia cheio.

   * * *

O namorado da minha irmãOnde histórias criam vida. Descubra agora