Quando me levantei para poder ir embora, dei de cara com um garoto estranho, com uns cadernos na mão e um puta estilo alternativo que ficava me encarando.
XxxX: Oi Ana. - Quem diabos chama a Carol de Ana?
Carol: Oi Dê. - E quem diabos tem o apelido de Dê? O nome dele é Denilson por um acaso?
XxxX: Vamos estudar?
Eu estava com uma cara de perdido e ao mesmo tempo um olhar de reprovação pra situação, ele olhou pra mim tentando me ameaçar e eu senti vontade de rir. Passei por ele e, ‘sem querer’, esbarrei com o ombro nele. Tinha que fazer alguma coisa para deixar bem claro que aquele olhar dele não mete medo em ninguém. Sorri e acenei pra Carol enquanto ia embora.
Fui pro campo e comecei meu treinamento de sempre. Sou titular do time e nas férias vai ter o Campeonato Regional valendo vaga para o Estadual e depois pro Nacional, na nossa categoria. É a chance que muitos garotos têm de serem escalados para times profissionais porque a escola mantinha muitos contatos e levava bem a sério tanto os esportes quanto as artes.
Eu não estava conseguindo me concentrar tanto no treino, fiquei meio incomodado com esse tal de Denilson, ele tem uma cara de ser escroto.. Mas deixa a Carol, ela sabe muito bem como escolher suas amizades.
Técnico: Você ta bem Emanuel? Está distraído.
Emanuel: To bem sim.
Quando o treino terminou e eu estava a caminho do meu quarto, percebi que os dois não estavam mais la na mesa. Fazer trabalho na mesinha debaixo da árvore é foda também né. No meu quarto, larguei minhas coisas pelo chão e fui tomar um banho. Eu relaxo pra caramba tomando banho, é legal isso.. Não faço ideia de quanto tempo e quanta água gasto nos meus -momentos de reflexão pessoal- banhos, mas também não estou nem ligando pra isso.
Depois do banho eu fui pro computador, internet é um daqueles lugares que você faz tudo que quer, se diverte até a morte e mal vê a hora passar. Quando dei por conta, ja eram 7 horas da noite. Eu estava com fome e nada do Vinícius aparecer com aquelas comidas milagrosas. Resolvi ligar para as meninas.
Marina: Oi
Emanuel: Hey Mah, ta com fome?
Marina: Claro, por que?
Emanuel: A gente pode pedir uma pizza e ver um filme.
Marina: Legal, to indo ai.
Por mais sem noção que possa parecer, a escola não deixava a gente sair, mas deixava a gente trazer tudo de fora. Pedi duas pizzas grandes e refrigerante, peguei Ketchup no refeitório e arrumei o dormitório da forma mais rápida possível. Abri um espaço agradável na frente da TV, joguei umas almofadas e tirei tudo de cima da mesa para poder colocar a comida.
A propósito, nem falei como é nosso dormitório. Tem meio que uma sala com mesa, tapete, um sofá macio, a TV e um Xbox que o Vine arrumou pra gente porque era proibido na escola. Do lado era o quarto, uma cama do lado da outra e a escrivaninha no meio, tinha uma janela grande que sempre batia sol pela manhã. O meu lado do quarto era até arrumadinho... Ou não.
Chamei os meninos por sms no celular e só o Lucas apareceu. Ele me ajudou a receber as pizzas e deu uma última arrumada nas coisas, do jeito dele.
Emanuel: Sabe onde estão o Vine e o Rafa?
Lucas: Deve estar comendo mulher.
Emanuel: A mesma? Tipo, os dois juntos? - Fiquei rindo igual um babaca comediante da Praça é Nossa.
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Don't Ever Look Back
Roman pour AdolescentsDon't Ever Look Back narra a vida festeira e complicada de um grupo de adolescentes pela visão de um deles, Emanuel. A história mistura tudo que existe de melhor em ser um adolescente com tudo que existe de pior, passando de festas insanas a graves...