(1) Me repara

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Após a ligação da Rafaela não penso duas vezes em sair naquela tempestade e ir atrás dela.

-Onde você vai? -pergunta a minha vó quando estou na porta.

-Eu tenho que buscar a Rafaela numa festa. -digo.

-Por ela você faz tudo ne. -minha vó sorri.

-Sem essa, por favor dona Celinha. -digo.

-Mas veem um temporal por ai. -ela aconselha.

-Eu volto rápido. E outra, estou preparado. -digo devido a roupa de chuva as botas e o guarda-chuva.

Assim saio de casa e já me deparo com uma tremenda ventania.
Rafaela sempre contava comigo, seja la onde ela tivesse se metido.
Mas também, as vezes eu acho que a vovó tem razão, tudo que se refere a Rafaela eu faço.
Tipo largar meu chocolate quente num dia de férias de segunda-feira e ir atrás dela numa festa, pelo motivo dela não estar gostando, e pelo outro motivo da Amanda e nem da Gabrielle ter aparecido por la.
  Eu não fui convidado para aquela festa dos famosos "jogadores de futebol" e pra falar a verdade eu nem queria ir, não que eu não jogue futebol, mas pode se dizer que eu fico o tempo todo esquentando o banco.
Só a Rafaela pra me meter em uma dessas.
Até me lembro quando ela ligou:

-Alô, Jean? -ela diz alto devido ao barulho.

-Oi. -atendo.

-Preciso de um favor seu. -ela pede.

Nesse momento eu sinto que seja lá o que fosse eu iria fazer.

-Que favor? -pergunto.

-Sabe a resenha X-blecaute? -ela pergunta.

Esse era o famoso lugar no qual o lual e resenhas eram feitos.
O nome, é devido que em todas as festas do X-blecaute a luz se apagava de 5 em cinco minutos.
Essa era o tipo de festas que os jogadores gostavam, e minha raiva de saber que a Rafaela estava num lugar desse foi a mil.
Eles costumavam aproveitar das garotas cada vez que a luz era apagada, como pegar na bunda, beijar e etc.

-Não acredito que você está aí. -digo sério, saber que ela estava la me dava ódio.

-A Gabi e a Amanda disseram que viriam, mas não vieram. -ela diz.

-E você quer que eu te busque, adivinhado? -pergunto.

-Por favor. -ela pede.

-Ta bom, calma aí que já vou. -desligo o celular.

E foi exatamente o que eu fiz, desliguei o telefone e já coloquei minha roupa indo para fora de casa, que foi o momento inoportuno que minha avó me parou alguns minutos atrás.

Bem, eu moro com minha avó desde sempre. Enfim é aquela coisa de perder os pais, no meu caso eu perdi o pai, pois minha mãe nos abandonou.
Eu já acostumei com a dor e isso não vem ao caso, o que vem ao caso mesmo é que eu estava louco pra chegar onde a Rafaela estava e tirar ela de la.
  Mas no meio do caminho começou uma serie de trovões e relâmpagos acompanhado de uma chuva forte, abro o guarda chuva e começo a andar mais rápido pela calçada, sei que não estava muito longe.

Depois de andar quase vinte minutos na chuva eu estava encharcado, e ouvi meu celular tocar, então parei na frente de uma loja e atendi, quando eu coloquei o celular no ouvido vi as luzes da cidade começar a se apagar.

-Alô. -atendo.

-Jean, por favor vem rápido. -peço.

-Calma, a energia acabou, o que está acontecendo. -pergunto.

-Para falar a verdade eu não sei Jean, as luzes estavam apagando e voltando a ascender, mas parece que agora ela foi definitivamente, e eu olhei pela janela do banheiro e não havia luz em lugar algum. -ela diz com uma voz de choro.

-Calma, eu estou chegando. -digo.

-Vem logo, eu estou com medo. -ela pede.

-Calma, vai ficar tudo bem. -digo.

-Será que você pode ficar na linha até chegar aqui? -ela pergunta.

-Claro. -digo olhando para a lua que estava clara o suficiente para ver a rua.

Algumas pessoas voltavam rapidamente para suas casas, já outras pareciam fechar os comércios outras passavam correndo da chuva, ou dirigindo rápido que foi o caso do último carro que jogou uma baita água de uma poça em mim.

-Você está com uma voz estranha. -digo.

-Quando eu tiver com você eu conto, mas vem logo. Eu estou precisando de você. -ela quase suplica.

-Onde você está? -pergunto.

-Na resenha horas. -ela diz o óbvio.

-Em que lugar da casa? -pergunto.

-Eu achei melhor me trancar no banheiro. -ela diz.

-No banheiro? -pergunto.

-Isso no banheiro. Você nao vai entender porque é homem. Mas é sério eu estou no banheiro, e daria tudo para ter você aqui. -ela solta tudo.

-Estou indo o mais rápido possível. -digo.

-Você está muito longe? -ela pergunta chorosa.

-Não, faltam apenas duas ruas. -digo.

-Ainda bem. -ela sorri.

-Rafaela, me espera na porta. Eu não quero ter que entrar ai. -digo.

-Ok, tudo bem. -ela diz e no mesmo instante sinto meu celular ser puxado da minha mão.

Ao olhar para trás vejo um moleque correndo com ele nas mãos.

Que filho da mãe!

Mas me diz o que eu não faço pela minha amiga.
Se bem que foi um merda ser assaltado. Olha onde essa garota se enfia, isso não é um bairro que ela deveria estar, ela só tem 16 anos, e eu aposto que a mãe dela não sabe onde ela esta.
Agora eu estou sem celular, numa cidade sem luz atrás de uma garota que se enfia em uma resenha idiota, onde só tem jogadores idiotas que se acham de mais só pelo fato de ter um corpo bombado, serem bons em jogos.
Só me diz por que as garotas só se interessam por esses caras?
Eles são sempre os mais idiotas, e os que mais fazem elas sofrerem.
Por favor garotas, eles podem ter o ibope que for, mas sabia que até os caras magrinhos que não tem nada de pegadores, podem sim ser bons partidos. Essas garotas e seus gostos, depois falam que homem nenhum presta.

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