(4) Me repara

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Mas as mudanças não são apenas as que lhe fazem amadurecer apenas no ponto de vista. Será que você já reparou que pelos acabam ganhando parte no seu corpo.

Nesse momento me levando e vou para o espelho, ao levantar o braço vejo pelos que não existiam ali quando eu estava na quinta série.
Nesse momento me desespero.

Será que a Rafaela tinha razão?

Então volto para o computador.

A puberdade costuma chegar mais rápido em algumas pessoas, será que você já reparou que há garotos maiores, e meninas mais encorpadas que outras?

Isso era verdade, tinha umas garotas na minha sala com peitos maiores, outros meninos bem maiores que eu.
Mas a Rafaela não se encaixava no perfil das meninas encorpadas. Ela era magra, e eu nem lembro se ela tem peito, eu sei que ela usa um sutiã do tamanho de uma bolinha de gude.

Mas é assim que as coisas são, algumas pessoas nem percebem direito, mas com o tempo as coisas vão se encaixando.

Depois de ler aquele texto eu fiquei tão desapontado que não fui ver o que acontecia com as garotas na tal de puberdade.
Agora eu vi que não tem volta, perdi minha amiga, e só me resta entrar nessa também ou ficar sozinho nessa.
***

Ri enquanto lembrava disso tudo.

-Ei, o que foi? -Rafaela pergunta.

-Você se lembra quando você disse que não ia mais brincar comigo? -pergunto.

-Lembro. Você fez um escândalo porque tinha perdido sua escudeira. -ela riu.

-Como o tempo passa rápido. Agora nós vamos ter nosso último ano no colégio. -digo.

-Verdade. Mas aquele dia foi muito engraçado se for para pensar. -ela começa a rir novamente.

-Ah, eu fiquei triste com aquilo. -digo rindo.

-Naquele dia eu tinha acordado menstruada Jean, pra mim eu já era uma mulher pronta para casar até. -ela ri.

-Você é exagerada. Nós sempre fomos amigos daí você diz que não queira mais brincar porque era mocinha. -digo.

-Mas acabou que foi bom, imagina se eu fosse hoje o que era antes de virar "mocinha", seria a verdadeira mulher macho. -ela diz.

-É verdade. -digo.

Não era só verdade, era muito verdade. Só na festa de 15 anos da Rafaela que eu vi ela como uma garota. Também lembro como se fosse ontem.

***

A gente estava sempre junto, mesmo depois que ela desistiu de ser minha escudeira.
Mas dessa vez os programas mudaram, a gente fazia outras coisas. Eu lembro até o dia que ela beijou pela primeira vez. Foi um amigo meu e eu ajudei.

Lembro que ela estava muito envergonhada e foi muito estranho ver meu amigo beijando a Rafaela, eu sempre estive com ela e apesar de falarmos no assunto ela sabia que eu sempre arrumava um jeito de ficar com alguma menina, nem que fosse feia.
Mas a Rafaela fazia o maior sucesso no colégio quando ela tinha 13 anos, bem eu não reparava nela. Tinha outras garotas e eu não iria reparar aquela que estava sempre comigo.
E sempre algum amigo pedia para que eu ajudasse, e eu ajudava queria até que ela beijasse logo.
Mas ela sempre vinha com o papinho de que deveria ser alguém que ela gostasse, alguém que fizesse ela feliz.
As vezes eu até me assustava quando ela dizia que queria dar o primeiro beijo com alguém igual a mim.
Caramba isso foi a gota d'água para eu me afastar dela, e ajudar um amigo meu que queria tanto ficar com ela.

-Eu estou bonita? -ela pergunta depois de se preparar.

-Mesmo que você se arrumasse mil vezes, continuaria com a mesma cara feia. -digo sincero.

A Rafaela não me atraia em nada.

-Por que? -ela pergunta sem entender.

-Porque você é a Rafaela. -digo puxando ela.

A Rafaela era a menina que mesmo usando maquiagem, baton, roupa nova, ela sempre seria a mesma, pelo menos pra mim.

-Tenho que pegar um chiclete. -ela diz indo em direção a sua mesa e pegando um tridente de menta.

-Pra que isso? -pergunto.

Ela escovou os dentes 50 vezes e ainda pegou chiclete.

-Tem que ser perfeito, primeiro que o seu amigo pode perceber que eu beijo mal, e ao menos eu tenho que estar com um bom hálito, tem que ser perfeito. -ela diz.

E é nessa hora que eu me lembro que contei para o garoto que ela nunca havia beijado.
Eu tinha dito pra ele quebrar esse galho pra mim pois eu tinha na mente que a Rafaela queria me beijar.
Ele disse que eu era um idiota de não querer beijar a Rafaela, dizia que ela era a maior gatinha.
Pena que eu não acho.

-Por que está me olhando com essa cara? -ela pergunta.

-Não é nada. -digo.

-Você não disse pra ele que eu nunca beijei, disse? -ela pergunta preocupada.

O que tinha de mais ele saber disso.

-Não, ta maluca. -digo.

-Então ta, vamos. -ela diz pegando uma bolsa e nós dois vamos para a quadra.

Era lá que o Alisson estava nos esperando, e ansioso pra caramba.
Era o seguinte:

A quadra ficava na rua, mas em dia de sábado não era muito frequentada, apenas por moleques pequenos, mas naquela hora não havia ninguém por lá, e outra que o Alisson havia expulsado qualquer pessoa de la.
A arquibancada era de cimento, e era atrás dela que eles iriam ficar, e o plano era eu vigiar para que ninguém atrapalhasse.

Lembro que ela comeu todas as unhas no meio do caminho, e quando chegamos na quadra ele estava esperando pela gente.

-Fica aqui, eu vou falar com ele para te esperar atrás da arquibancada, eu venho te chamar e você vai. Beleza? -pergunto.

-Você quer mesmo que eu faça isso? ? -ela pergunta com medo.

-Claro. -digo.

-Eu preferia beijar você. -ela diz mordendo as unhas.

Pronto, agora que eu estava lascado mesmo.

-Para de brincadeira. -digo sério.

-Eu estou falando sério, e só vou ficar com ele se você quiser Jean, eu gosto mesmo é de você e eu não entendo por que você não gosta de mim. -ela se declara.

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