(10) Me repara

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Ao chegar na porta do meu quarto olho embaixo da porta e vejo que la dentro havia um pouco de luz.
Bato na porta com cuidado.

-Rafaela. -chamo.

Fico dois minutos ali esperando e eu sabia que ela não iria me responder.

-Olha eu sei que você não quer falar comigo, mas eu escrevi um texto a luz de velas pra você. Não precisa falar comigo, eu vou deixar embaixo da porta, por favor leia. -digo.

Eu sabia que ela estava me ouvindo, então coloco o papel embaixo da porta com a pontinha de fora, caso ela pegasse eu iria ver.
E não foi diferente, em pouco tempo ouço passos vindos do quarto e em seguida vejo a ponta do papel que estava do meu lado da porta ser puxado.
Nesse momento me viro de costas para a porta e encosto sobre ela.

Pelo menos ela pegou a carta.

Estava quase dormindo no escuro do corredor enquanto estava encostando na porta, mas de repente ouço choros vindo contra a porta.
Eu queria estar dentro do quarto para abraça-la forte, mas eu tinha que dar tempo a ela.

-Jean... -ela chama com a voz rouca.
Pude perceber que ela também estava encostada na porta do outro lado.

-Oi? -respondo.

-O que você disse no texto é verdade? -ela pergunta.

-Claro que é. -digo em cima.

-E o que a gente vai fazer? -ela pregunta, e parecia tímida.

-Abre a porta. -peço.

-Eu tenho medo. -ela explica chorando.

-Medo de que? -pergunto.

-Medo de me entregar de bandeja pra você, e no fundo o que você escreveu foi por ter pena de mim. E mais tarde eu me sentir abandonada por você. Eu juro que não suportaria mais uma decepção Jean... -ela estava sendo sincera.

-Deixa eu te provar ser diferente do que você pensa. -peço.

-Eu quero mais que tudo que você me prove isso. Eu sou louca por você e esse cabelo loiro, esses olhos cor de mel. Nós dois somos tão estranhos, eu não consigo te dizer nada cara a cara, e parece que nem você pra mim. -digo.

-Acho que nos damos tão bem por sermos esses dois estranhos. -digo.

-Também acho. -ela ri.

-Então abre a porta. -peço.

Ouço ela levantar com cuidado, então me levanto também, ela destranca a porta e respira fundo abrindo-a.
Ela seca as lágrimas do jeito que pode e me olha, ou também olho pra ela. Mas eu não tinha mais nada para falar.

-E agora? -ela pergunta depois de um tempo.

-Acho que é melhor o tempo ver... -digo.

-O tempo é só uma clausula, não tem como deixar ele fazer tudo sozinho se não estivemos dispostos a ajudá-lo. -ela diz.

Bom, eu não entendi muita coisa, mas acho que deu para entender o necessário.

-Então eu acho melhor a gente começar a ajudar o tempo agora. -digo dando um passo a frente segurando nas mãos dela.

-Como? -ela pergunta um tempo depois.

Não respondo a pergunta dela, apenas puxo ela pela cintura para que se aproxime de mim e em seguida colo nossos lábios pedindo entrada para língua. E nesse ritmo romântico ela passa as mãos sobre meu pescoço, eu a seguro mais forte aprofundando mais o beijo, e assim ficamos em mera sintonia com as línguas dançando uma com a outra.

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