Capitulo 3

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"Já desejou que pudesse voltar no tempo só para se lembrar como era quando as coisas faziam sentido?"

- Prison Break


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Zoe caiu, literalmente, de cara no chão.

— Uugh... - murmurou, rolando para o lado e ficando de barriga para cima. A espada que pegou do cavaleiro fada continuava, surpreendentemente, em sua mão direita. O cabelo loiro estava todo bagunçado e havia terra nele.

Ela se sentou, com uma careta por conta da queda e depois se levantou, olhando ao redor. Tinha certeza de que estaria na corte Seelie e que o portal não havia funcionado.

Estava errada.

Por mais que só tivesse ido à Nova York uma vez na vida, e que na época tivesse apenas cinco anos, era impossível não reconhecer o lugar.

Talvez, com quase cem por cento de certeza, tivesse reconhecido por estar no Central Park. Fora o lugar que ela mais gostara de visitar quando fora à cidade, provavelmente estava pensando nisso também quando passou pelo portal.

Várias pessoas estavam no parque. Casais de namorados andando de mãos dadas, famílias sentadas debaixo de árvores em piqueniques, crianças correndo para lá e para cá enquanto as mães gritavam para não irem muito longe....Aquele lugar transbordava viva. Zoe podia ficar ali para sempre observando a agitação e a visão de pessoas que tinham vidas normais.

Mas, então, se lembrou do porquê de estar ali e seus olhos se arregalaram. As fadas, definitivamente, iriam atrás dela. Não iriam querer que ela contasse seu plano todo para os outros caçadores de sombras.

E só a ideia de voltar para aquele lugar ja fazia o corpo inteiro da garota tremer.

Zoe começou a correr, sem ligar para as pessoas a encarando, fosse pela expressão de terror em seu rosto, a espada em suas mãos ou suas roupas, que estavam sujas. As fadas apareciam toda semana com uma nova roupa que ela deveria usar a semana toda. Ela nunca soubera onde as fadas arrumavam aquelas roupas, provavelmente fora de mundanos. Mas, como fizeram isso, ela não queria saber.

Achava que se lembrava onde ficava o instituto de Nova York. E, felizmente, estava certa. Correu por cerca de dez minutos - o que lhe causou muito cansaço, embora ela não houvesse parado, por medo das fadas estarem atrás dela -, e, finalmente, parou em frente à igreja que nada mais era que o instituto. Subiu as escadas que levavam à grande porta do instituto correndo, quase caindo devido ao pânico, e colocou as mãos na porta, que imediatamente se abriu ao seu toque.

Ela entrou correndo, sem nem ao menos pensar no quanto aquilo seria estranho para os moradores do instituto quando ela chegasse e dissesse "ah, olá, meu nome é Zoe Herondale, sim, sou a garota que devia estar morta. Mas eu não estou, ao invés disso passei dez anos presa na corte Seelie. Ah, e aliás, vocês tem bolinhos? Faz tempo que não como bolinhos", até porque tinha problemas maiores do que a opinião deles.

Zoe correu quase caindo pelo instituto, a testa franzida. Aquilo lá era gigante, e ela não fazia ideia de onde estavam as pessoas. Até que ouviu vozes por trás de uma porta e parou. Pelo menos agora sabia onde estavam.

— Julian, eu já te disse que comer tanta batata frita faz mal, você deveria ao menos maneirar e pegar um pouco de cenou... - a mulher de cabelos loiros claros, um loiro que era bem diferente do de Zoe, parou de falar ao ver a garota, que acabara de abrir a porta do salão com um ruído. Todas as quatro pessoas à mesa ficarem em pleno silêncio encarando a garota.

Como ninguém falava nada, Zoe presumiu que estavam esperando ela falar alguma coisa. Ela deu um passo à frente. Uma parte do pânico já havia ido embora, ao se ver perto de outros caçadores de sombras. E, mesmo que ainda houvesse uma parte lá - que dizia para ela não confiar em ninguém e se mudar para a Romênia -, sabia que era melhor fingir-se de calma. Deveria parecer corajosa.

— Peço desculpas por invadir o instituto de vocês, mas...bem, - ela conseguiu dar um sorrisinho afetado. - eu acabei de ressuscitar, suponho que possam me perdoar por isso, certo?

Ficou claro que não era hora para piadas assim que as palavras saíram de sua boca. Ninguém havia achado graça, além de um garoto de olhos verdes como o mar e cabelos pretos que sorriu de lado e depois a olhou com curiosidade, como se ela fosse um quebra cabeça para ele solucionar.

Por fim, a mulher com os cabelos loiros claros que aparentava ser a mais velha, se levantou e encarou Zoe.

— O que quer dizer com isso?

— Bem...sou uma milagre da medicina, por assim dizer. - e riu, porém sem a menor vontade de rir. Um riso fingido, como se tudo fosse apenas uma brincadeira para ela.

A mulher levantou as sobrancelhas e não tinha qualquer indício de que ela havia achado graça.

— Qual é seu nome? E como conseguiu entrar, mundana?

Zoe franziu a testa.

— Vou tentar não me ofender por ter sido chamada de mundana. - falou. - Meu nome é Zoe. Zoe Herondale.

Um garoto de cabelo castanho no canto da mesa soltou uma gargalhada. A garota ao seu lado, que também tinha cabelos castanhos do mesmo tom do garoto - Zoe presumiu que fossem irmãos - o lançou um olhar do tipo "não é hora para isso".

— É alguma piada? - perguntou o garoto, se segurando para não rir mais e ignorando a irmã.

— Silêncio, Edmund. - falou a mulher mais velha e em seguida olhou para Zoe novamente. - Como você pode ser Zoe Herondale quando a mesma foi morta há dez anos?

— É uma longa longa, realmente longa, história. - disse e indicou a cadeira vazia à sua frente - Posso...?

A mulher fez que sim e Zoe se sentou, pensando em como começar a contar.

Ela olhou ao redor. O instituto continuava do mesmo jeito de quando o visitara com 6 anos. Sentiu uma pontada no fundo do peito, como se enfiassem uma faca ali, ao se lembrar daquela viagem com seus pais. Parecia que fora em outra vida.

Zoe desviou o olhar das paredes decoradas e viu que todos no salão continuavam a olhando. Então ela engoliu em seco e começou a contar a história, desde o início.


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