Capítulo 12 - "Morta"

1.3K 168 27
                                    

"Tentando empurrar este problema pela colina acima
Quando é simplesmente muito pesado para segurar
Pense agora é a hora de deixá-lo deslizar
Então vamos, deixe para lá
Apenas deixe ser
Por que você não é você
E eu vou ser eu"

(James Bay - Let It Go)

O sono não conseguiu a alcançar aquela noite, seus pensamentos estavam muito confusos para poder relaxar. Por fim, decidiu levantar da cama e ir para sala, talvez assistir TV fizesse seu sono aparecer.

Pegou o celular apertou o botão do meio e viu ser 04hrs e 38min da manhã de domingo. Provavelmente aquele era o domingo, em muitos anos, que acordava àquela hora. Saiu do quarto, perambulou cuidadosamente pela casa noturna, tomando muito cuidado para não acordar ninguém, e chegou na sala. Pegou o controle da TV, abaixou o volume para que só ela pudesse escutar, algo impossível, e deitou-se no sofá.

No primeiro canal em que ligou a TV ela deixou. Estava passando um filme de drama que Angelina nunca tinha gostado, mas naquela madrugada quis assistir. Sabia que no final a menina morria de leucemia e o garoto rebelde se transformava em um homem bom. Dessa maneira o sono a pegou e a levou para um lugar sem sonhos, sem Gabriel, sem Patrícia e sem seu Cavaleiro Prateado.

Parecia ter dormido horas quando alguns barulhos na sala a acordaram. Sem ao menos ver o que poderia ser, esfregou os olhos e olhou para um relógio antigo pendurado na parede dos fundos da sala. Ele marcava 5hrs e 12min. Dormirá pouco mais de meia hora.

- O que você está fazendo aí? – perguntava uma voz familiar, todavia sua sonolência a impedia de distinguir de quem era. – Angelina?

- Tio? – disse quando sentou-se no sofá e seu Tio Rodrigo aproximou-se dela.

- Angelina você andou usando drogas? – perguntou ele sorridente, por algum motivo orgulhoso.

- Tonto – falou ao se levantar e se espreguiçar. – Claro que não.

- Hum... – resmungou ele a olhando com um sorriso malicioso no rosto. – Então esse estado só pode ter sido causado por algum garoto.

Imediatamente Gabriel ressurgiu em sua mente, Patrícia furiosa e a culpa a golpeou pelas costas. O beijo. Ardente, intenso, insaciável, queria mais...

"Angelina! Comporte-se" – recordou a consciência.

- Pelo seu jeito, acredito que estou certo – continuou Rodrigo após perder o sorriso no rosto e a observar com gentileza.

- Sim – admitiu.

Seu tio ficou a olha-la por alguns segundos e logo se aproximou e a envolveu em um abraço.

- Isso vai passar – disse próximo a seu ouvido. – Isso sempre passa.

Estava aconchegado, perfeitamente encaixada em seu peito. Naquele momento, sentiu-se protegida e o abraçou com força, para que nada de mal acontecesse novamente.

Alguns segundos se passaram e os dois permaneceram abraçados.

Seu tio Rodrigo sempre foi o seu segundo pai.

- Bem espero que fique bem. Mas, tenho que ir agora – falou Rodrigo desgrudando-se dela delicadamente.

- Aonde você vai a essa hora? – perguntou ao passar as mãos pelo cabelo e lembrar-se que não tinha penteado.

- Vou ao cemitério. Hoje é o dia. – Ele disse.

- Nossa – voltou-se o olhar para o chão. Uma súbita tristeza invadiu seus sentimentos de culpa. – Já fazem três anos. Parece que foi ontem.

PROMETIDOS (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora